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“Os heróis migrantes te apoiamos”: López Obrador recebe apoio histórico nos EUA

Um homem com um cartaz de apoio a AMLO comentava ao seu colega: “olhe que aprendi mais sobre a história durante esta presidência que em toda a minha vida”
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Nunca um presidente mexicano foi recebido assim em uma visita a Nova York (ou talvez a qualquer parte dos Estados Unidos) com centenas de ativistas, simpatizantes, jovens e velhos, músicos, dançantes, famílias inteiras, gritando em frente à sede mundial da Organização das Nações Unidas “é uma honra estar com Obrador” e “não estás só”. 

Chegaram desde cedo na manhã de terça-feira (9) para acompanhar seu presidente enquanto ele presidia o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), caminhando ao longo das 5 ou 6 quadras da Primeira Avenida em frente às instalações do organismo mundial e se congregando na Praça Dag Hammarskjold ao lado para ver em uma tela gigante sua intervenção nesse foro e depois uma mensagem gravada e transmitida para os paisanos. 

“Que não nos enganem mais”, comenta uma mulher a outra simpatizante ao explicar a importância para ela da chegada de López Obrador à presidência do México. Em outra conversa, um homem alto com um cartaz de apoio a AMLO comentava ao seu colega: “olhe que aprendi mais sobre a história durante esta presidência que em toda a minha vida”.  

Alguns levavam faixas e cartazes informando de onde vinham: a maioria era de “Puebla York”, mas outros anunciavam que eram da Virgínia, da Califórnia e do Texas e até um de Seattle no estado de Washington no outro extremo deste país. Depois divulgavam seus lugares de origem – além de Puebla, mencionaram Michoacán, Morelos, Oaxaca, Guerrero entre outros.

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O excelente Mariachi Habanero — conformado por homens e mulheres — ofereceu “México Lindo y Querido”, “Canción Mixteca”, “Cielito Lindo” e outras clássicas tanto dentro da praça e, com admirável habilidade, enquanto caminhavam com os participantes na Primeira Avenida.

Na praça também realizaram danças, incluindo uma de concheros que encheu o ambiente novaiorquino com o aroma do copal, outra mais de chinelos, e mais. Um grande cantor cativou com uma canção de amor a Michoacán que incluía uma extensa lição de geografia de seus povos e cidades, e outra dedicada à 4T.

Um homem com um cartaz de apoio a AMLO comentava ao seu colega: “olhe que aprendi mais sobre a história durante esta presidência que em toda a minha vida”

Governo do México
Nunca um presidente mexicano foi recebido com tanta festa em uma visita a Nova York como López Obrador.

A música e a dança fizeram um intervalo quando na tela gigante no meio da praça apareceu a sala do Conselho de Segurança e teve início a transmissão ao vivo da sessão presidida por López Obrador – México ocupa por este mês a presidência rotativa da entidade mais poderosa da organização mundial. Ao aparecer sua imagem brotaram “vivas” e gritos de emoção e elogio. 

Escutam atentamente o discurso, interrompendo com aplausos em alguns momentos, sobretudo quando López Obrador se referiu à desigualdade extrema entre os ricos do planeta e os povos. Quando interviram outros, os aproximadamente 350 presentes começaram a perder a paciência com a retórica oficial que se costuma praticar nesses eventos, e por fim ganharam os coros dos simpatizantes do presidente sobre os monólogos do Conselho de Segurança

Pouco depois, de novo imperou o silencia ao ser projetada a mensagem de López Obrador para os imigrantes gravada nesta manhã dentro da ONU. Quando declarou que “há muitos aqui fora”, houve uma resposta alegre, e ao continuar a mensagem, muitos expressaram gratidão por haver sido reconhecidos, e quase houve um diálogo entre os presente e a figura na tela. “Os heróis migrantes te apoiamos”, afirmava um cartaz. 

Houve alguns que comentares que foi desafortunado que nessa mensagem Lopez Obrador tenha mencionado que Donal Trump havia sido “respeitoso” com o México como hoje o é Joe Biden.  Muitos aqui passaram quatro anos padecendo pessoalmente a perseguição e intimidação da comunidade sob o presidente mais explicitamente anti-imigrantes da era moderna. 

Por outro lado, embora a esmagadora maioria dos participantes estivessem unidos em seu fervente apoio ao que, repetiram, “é o melhor presidente da história”, esse apoio não necessariamente era extensivo a todos os que representam seu governo. De fato, alguns dos mesmos organizadores deste “festival” de apoio, entre eles o Comitê Nova York 1 de Morena e Aliança Mexicana expressaram, em um comunicado e em comentários com jornalistas, que “se deseja que a Quarta Transformação chegue aos mexicanos no exterior”, outorgando-lhes os direitos plenos, incluindo o do voto, como de todo cidadão mexicano.  

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E mais ainda, sublinharam que desejam que essa “transformação” chegue aos consulados e suas “burocracias douradas”. Concluem, em seu comunicado difundido hoje que “se pede que seus funcionários venham para servir e não para ser servidos… Podem-se serviços de excelência à altura dos envios de remessas”. 

O festejo popular para López Obrador, batizado de “Amlofest”, culminou quando de repente as centenas de pessoas que estavam esperando sua saída da ONU o viram junto com sua comitiva dentro dessas instalações, levantando os braços em uma saudação à fila de paisanos com suas faixas e bandeiras.  “Se vê, se sente, AMLO está presente”, disseram em coro. As saudações e expressões de carinho continuaram de um lado ao outro.  

Com isso, concluiu sua visita relâmpago a esta cidade internacional de imigrantes. 

David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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