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Foto: Duma - Rússia

Palestina estava no topo das prioridades de Ebrahim Raisi, ex-presidente do Irã

Raisi convidou o mundo a observar o fato de que a opressão e as injustiças exercidas contra a oprimida nação palestina não podem continuar para sempre
Ivan Kesic
HispanTV
Zagrebe

Tradução:

Ana Corbisier

Uma das causas que Taisi defendeu firmemente foi a da Palestina. Sem rodeios denunciou a guerra genocida do regime israelense contra os palestinos e instou as nações muçulmanas a unirem-se. A Palestina ocupou um lugar destacado em sua agenda de política exterior, o que se refletiu em seus discursos. Durante as eleições presidenciais de 2021, o presidente Raisi se referiria com frequência à questão da Palestina. Depois de assumir o mandato, pregou e se dedicou à causa, seguindo os passos do fundador da República Islâmica, o Imã Khomeini (que descanse em paz), e do Líder da Revolução Islâmica, o aiatolá Seyed Ali Kamenei, as duas personalidades que admirava muito.

Em seus eloquentes discursos, sempre mencionava a questão da Mesquita Al-Aqsa como a questão mais importante do mundo muçulmano e instava as nações muçulmanas a manter viva a luta por sua libertação. Em sua cerimônia de juramento em agosto de 2021, o presidente Raisi qualificou o apoio do Irã ao povo oprimido da Palestina como um claro exemplo da verdadeira amizade do povo iraniano com a Palestina. “Apesar de todas as pressões e restrições impostas ao Irã, estamos cumprindo nosso dever religioso e humanitário de defender os direitos do povo palestino e esperamos que os países muçulmanos e árabes desempenhem um papel de liderança neste sentido”, afirmou naquele momento.

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Apenas três dias depois de assumir o cargo presidencial, o presidente Raisi realizou uma reunião oficial com o líder do Movimento de Resistência Islâmica da Palestina (HAMAS), Ismail Haniya, o líder da Jihad Islâmica Palestina, Ziad al-Najala, e o líder da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), Talal Nayi. Nos encontros destacou que a República Islâmica do Irã sempre apoiará os palestinos. “Nunca tivemos dúvidas sobre esta política. Em nossa opinião, a Palestina foi e será o primeiro tema do mundo islâmico”, insistiu.

Elogiou os dois movimentos de Resistência palestinos por defender valentemente os direitos do povo palestino e explicitou que o poder de determinar o destino da Palestina hoje está em mãos da Resistência.

Reação à operação Tormenta de Al-Aqsa

Dois dias depois do início da operação Tormenta de Al-Aqsa em outubro do ano passado, o presidente Raisi manteve importantes conversas telefônicas separadamente com Haniya e Al-Najala, abordando os acontecimentos na bloqueada Faixa de Gaza, reafirmando o apoio do Irã à Resistência. Em uma mensagem daquele momento, enfatizou que confiava em que os palestinos seriam vitoriosos.

O presidente Raisi convidou o mundo a observar o fato de que a opressão e as injustiças exercidas contra a oprimida nação palestina, a continuação dos insultos, a profanação de mulheres e prisioneiros, e a profanação da santa Al-Quds, a primeira Qibla (direção da oração) dos muçulmanos, não podem continuar para sempre. “O Irã apoia a legítima defesa da nação palestina. O regime sionista e seus partidários têm a responsabilidade de pôr em perigo a segurança das nações da região, e devem prestar contas por isso”, afirmou. Também instou os governos muçulmanos a unirem-se para apoiar honestamente a nação palestina, acrescentando que o inimigo sionista também deveria saber que o equilíbrio de poder mudou.

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No final da mensagem, saudou as forças da Resistência na região, desde a Palestina, Líbano e Síria até o Iraque, Afeganistão e Iêmen, recordando os esforços realizados pelo general Qasem Soleimani, o Imã Khomeini e o aiatolá Seyed Ali Kamenei em apoio à Resistência. Três dias depois, o presidente Raisi declarou que todos os países islâmicos e árabes e todos os povos do mundo que buscam a liberdade devem chegar a uma convergência e cooperação sérias para deter os crimes do regime sionista contra a oprimida nação palestina.

Acrescentou que o Irã tentará lograr esta coordenação contatando os líderes dos países islâmicos e encarregou o Ministério de Assuntos Exteriores de organizar reuniões com os líderes regionais. Nos dias seguintes, manteve conversações com funcionários do Iraque, Síria, Turquia, Catar, Oman e outros países, condenando os crimes israelenses contra o povo de Gaza e instando a uma ação diplomática enérgica.

Proposta de 10 pontos na cúpula de Riad

Um mês depois do regime israelense lançar sua agressão genocida, o presidente Raisi foi um dos 57 líderes muçulmanos que participaram da cúpula extraordinária sobre a Palestina em Riad, a capital saudita.  Originalmente, esperava-se que os 22 membros da Liga Árabe participassem da cúpula de Riad, mas depois esta foi ampliada para incluir a Organização de Cooperação Islâmica (OCI), formada por 57 países, em sua maioria muçulmanos.

Diferentemente de outros líderes que participaram da reunião, o presidente Raisi não fez rodeios ao condenar inequivocamente o genocídio israelense em Gaza e instou a comunidade mundial a boicotar e processar o regime infanticida, que segundo ele é um “filho ilegítimo dos Estados Unidos”. “O que sucedeu nas últimas cinco semanas em Gaza e em partes da Cisjordânia ocupada é uma fonte histórica de vergonha para a ética, a lei e a humanidade”, afirmou, instando a OCI a agir como força unificadora para ajudar o povo palestino.

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O presidente Raisi reiterou a posição de longa data do Irã de realizar um referendo de que todos os muçulmanos, judeus e cristãos palestinos, desde o rio até o mar [ou seja, a Palestina histórica que vai desde o rio Jordão até o mar Mediterrâneo], inclusive os expulsos destas zonas, participariam e decidiriam seu destino. Durante seu discurso, também propôs uma série de medidas contra o regime israelense e de apoio à Palestina, resumidas em dez pontos chave.

Os primeiros três pontos pediam o fim do massacre de civis em Gaza, o levantamento completo do bloqueio humanitário e a retirada imediata do exército do regime sionista da zona. Os três pontos seguintes referiam-se à atitude dos membros da OCI em relação ao regime sionista e pediam a suspensão das relações políticas e econômicas, a designação do exército israelense como organização terrorista e o estabelecimento de um tribunal internacional para castigar os crimes israelenses. Os últimos quatro pontos versavam sobre a Gaza de pós-guerra, e incluíam a reconstrução de infraestruturas no território assediado por meio de um fundo, assim como ajuda humanitária, declarando a data do bombardeio do hospital Al-Ahli Arab como dia de genocídio nos calendários oficiais dos países islâmicos assim como armar o povo de Gaza se continuarem os implacáveis crimes do regime de Israel.

Expôs a fragilidade do regime israelense

Em novembro, o presidente Raisi indicou que os brutais crimes de Israel em Gaza eram o resultado de frustração, porque tinham sofrido uma derrota militar humilhante e não haviam logrado nenhum de seus objetivos estratégicos. Também anotou que “o assassinato de mulheres e crianças não significa vitória” e que esses massacres de civis “criaram uma atmosfera sem precedentes de ódio antissionista em todo o mundo”. Falando em uma conferência sobre a implementação da Constituição no princípio de dezembro em Teerã, o presidente Raisi afirmou que o apoio do Irã a Gaza e Palestina cumpre totalmente a Constituição, que obriga o governo islâmico a apoiar os oprimidos.

Nos dias seguintes realizou uma visita oficial aos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Rússia, onde, por iniciativa sua, a Palestina foi um dos principais pontos de discussão. Também abordou o tema com funcionários do Egito, Paquistão, Malásia e Argélia, fortalecendo as relações bilaterais do Irã com estes países.

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Em seu discurso na Conferência Internacional Tormenta de Al-Aqsa e o Despertar da Consciência Humana em janeiro, o presidente Raisi reiterou a importância da Palestina para a Umma (comunidade) islâmica, qualificando-a como “a primeira questão da humanidade e de todos os povos livres do mundo”.

Citou as palavras do Imã Khomeini (P), descrevendo a questão da Palestina como a primeira questão do mundo islâmico e a liberdade da santa Al-Quds como a prioridade do mundo islâmico. Em outro discurso, o presidente Raisi elogiou o papel dos movimentos da Resistência no Líbano, Iêmen e Iraque, que se uniram às operações de represália pró Palestina contra o regime sionista.

Pediu às nações muçulmanas que evitem a hipocrisia

Também repreendeu certos países islâmicos que mantêm relações econômicas clandestinas com o regime sionista apesar do genocídio em curso contra Gaza, instando-os a mudar de rumo. Também condenou o regime estadunidense por vetar as Resoluções da ONU que pediam um cessar fogo em Gaza, descrevendo Washington como o centro do Eixo do Mal. Criticou a mídia ocidental por sua cobertura distorcida do genocídio israelense-estadunidense em Gaza. Em março, o presidente Raisi aproveitou a ocasião do Noruz (Ano Novo iraniano) para pedir a seus homólogos dos países da região que adotassem medidas práticas para deter as atrocidades israelenses contra o povo palestino na Faixa de Gaza. E, aproveitando o envio de mensagens de felicitação pelo Eid al-Fitr (jornada que marca o fim do mês sagrado do Ramadã) em abril, pediu aos líderes de todos os países islâmicos que se comprometessem mais firmemente a apoiar os palestinos.

Nas últimas semanas, Raisi condenou a brutal repressão das manifestações estudantis antissionistas nas universidades ocidentais nas últimas semanas, especialmente nos Estados Unidos (Foto: Meghdad Madadi)

Nesse mesmo mês, condenou os países ocidentais que se dizem protetores dos direitos humanos enquanto apoiam aberta ou silenciosamente o regime israelense, qualificando-os de cúmplices dos crimes sionistas. O presidente Raisi também condenou a brutal repressão das manifestações estudantis antissionistas nas universidades ocidentais nas últimas semanas, especialmente nos Estados Unidos. “Hoje, graças ao sangue limpo dos mártires oprimidos de Gaza, o verdadeiro rosto da civilização ocidental foi revelado mais que nunca diante dos povos do mundo, e ficou claro que aqueles que fazem afirmações sobre a defesa da liberdade de expressão não estão comprometidos com nenhuma moralidade; só tentam preservar sua hegemonia sobre os demais”, afirmou.

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No princípio de maio, em uma declaração pelo Dia Mundial da Cruz Vermelha e da Meia Lua Vermelha, fez um apelo aos organismos mundiais e a todas as consciências humanas despertas para que ajudem o oprimido povo palestino de Gaza e proporcionem as bases para enviar ajuda humanitária. Uns dias mais tarde, durante sua visita à 35ª Feira Internacional do Livro de Teerã, o presidente Raisi chamou escritores e artistas iranianos a representar o conflito entre a honra e o mal em Gaza.

No V Congresso Internacional do Imã Reza (P), celebrado em meados de maio, observou que o sangue de 15.000 crianças martirizadas de Gaza é tão poderoso que não só acabaria com o regime sionista, como também levaria ao fim das injustiças globais. Em suas recentes viagens oficiais, de Sri Lanka a Azerbaijão, o presidente Raisi esforçou-se por melhorar as relações bilaterais, ao mesmo tempo em que destacou posições comuns sobre a questão palestina.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Ivan Kesic

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