“Este não é um processo de médio prazo. Há militares estadunidenses lá e as construções já iniciaram”, alertou o ex-político e jornalista uruguaio Juan Raúl Ferreira durante entrevista à rádio Sputnik.
Recentemente, Ferreira escreveu um artigo intitulado “Nova intervenção dos EUA na região“.
“Foi aprovada uma lei no Paraguai que, se não fosse trágica, seria até engraçada, pois é uma lei sem precedentes, já que é como uma confissão da parte”, afirmou Ferreira.
A norma em questão permitiu a instalação e presença militar dos EUA em seu território, porém em uma zona que também envolve o Brasil e a Argentina: na chamada tríplice fronteira.
“É um lugar especialmente sensível pela presença de grupos vinculados ao crime organizado. E este fato serviu como pretexto para que mais de uma vez os EUA justificassem sua presença militar numa área estrategicamente importantes para eles”, ressaltou.
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A construção da nova base militar estadunidense está se desenvolvendo em um ritmo acelerado
Ferreira registrou a ocorrência de uma situação semelhante quando o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, recebeu durante seu primeiro mandato (2000-2005) o então presidente colombiano Álvaro Uribe.
“Lembro-me da visita do então presidente [Álvaro] Uribe para avisar a todos os presidentes da América Latina que ele aceitaria a instalação de bases estadunidenses na Colômbia sob o pretexto da luta contra o narcotráfico. Algo semelhante ocorreu agora no Paraguai”, explicou.
A lei aprovada pelo legislativo guarani “tem um artigo que se refere à imunidade dos militares das bases
“Se não bastasse esta norma, que atenta claramente contra a soberania nacional do Paraguai, no artigo seguinte a submissão e subserviência aos interesses dos EUA é ainda mais escandalosa, ao estabelecer que, “sem prejuízo do disposto no artigo anterior, qualquer outra imunidade solicitada pelos Estados Unidos, será concedida automaticamente”.
´”Este regramento beira o inacreditável”, ressaltou Ferreira. “Nossos governantes assinaram um acordo que permite a existência de um território governado pelos EUA dentro do território paraguaio”.
Ainda segundo Ferreira, a construção das instalações da base militar está se desenvolvendo em um ritmo acelerado e, amparada pela lei paraguaia, “sequer é possível saber quantos militares estadunidenses já estão no local, nem quais armamentos e tecnologias militares estão sendo instalados”.
“Ampliando nossas preocupações, constatamos o silêncio e total falta de interesse dos governos do Brasil e da Argentina sobre esta situação, o que permite que os EUA estabeleça sua presença militar na região, sem qualquer questionamento ou oposição” concluiu.
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