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ToggleQuando já se dá como iminente o fornecimento estadunidense de sistemas de defesa antiaérea Patriot a Ucrânia, a Rússia advertiu nesta quinta-feira (15) que se for concretizada essa possibilidade, a implicação direta dos Estados Unidos nesta guerra aumentaria de forma considerável.
“Há muitos especialistas, inclusive de outros países, que duvidam que seja uma ação inteligente (entregar os Patriot a Kiev), já que ocasionaria uma escalada do conflito, incrementando de forma considerável o risco de participação direta do exército dos EUA nos combates”, refletiu em entrevista coletiva a porta-voz da chancelaria russa, María Zajarova.
“Washington continua literalmente torcendo os braços de outros países da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), exigindo-lhes uma maior contribuição para militarizar a Ucrânia”, pontuou.
E a esse respeito, Zajarova reiterou a advertência que a Rússia lança nestes casos, em iguais termos do que quando Washington, ao cruzar uma nova linha vermelha segundo Moscou, começou a fornecer os sistemas de lançamentos múltiplos de mísseis Himars:
“Gostaríamos de recordar-lhes (aos EUA e seus aliados) que todas as armas fornecidas pelo Ocidente à Ucrânia são objetivos militares legítimos para as forças armadas da Federação Russa e serão destruídas ou capturadas”, enfatizou.
Enquanto o exército russo continua tentando o controle da cidade de Bakhmut, na região de Donetsk, no outro lado das trincheiras, a Ucrânia descartou nesta quinta-feira uma eventual trégua natalina que – assegura um porta-voz – só poderia se produzir se a Rússia retirasse todas as suas tropas do território ucraniano.
Pelo menos assim o disse o general Alexei Gromov, subchefe do comando operativo do Estado Maior do Exército ucraniano: “Da nossa parte haverá um completo alto ao fogo só quando em nosso território não reste nem um só ocupante”.
Dezembro atípico
Entretanto, a capital da Rússia vive um dezembro atípico, e não só pelo que está sucedendo ao outro lado da fronteira, o que ao juízo dos observadores não proporciona nenhum êxito que permita dizer que valeu a pena a invasão que começou em 24 de fevereiro. Por estas datas – desde 2001 e salvo os quatro anos que exerceu como primeiro ministro – era de rigor que o presidente Vladimir Putin de modo simbólico baixasse a cortina dos afazeres políticos neste país com uma entrevista coletiva.
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Sistema de Mísseis Patriot MIM-104
Desse modo começava o recesso invernal de atividades, mistura de megapontes e dias feriados oficiais até a celebração do natal ortodoxo em 7 de janeiro, período de licença que se estendia até 10 de janeiro e para alguns privilegiados inclusive por mais dias.
Desta vez, a duas semanas do começo de 2023, o porta-voz de Putin, Dimitri Peskov, anunciou que não haverá entrevista coletiva, sem explicar a razão do cancelamento.
Pouco depois, a agência noticiosa TASS informou que, segundo suas fontes, o titular do Kremlin tampouco dirigirá no que resta de 2022 seu informe de governo, que por lei deve apresentar a cada ano ante os membros das duas câmaras do Parlamento russo.
O semanário Tiempos Nuevos – convertido em portal de internet sob o nome de The New Times (assim, em inglês) quando deixou de circular em versão impressa pelas pressões das autoridades aos anunciantes – adiantou nesta quinta-feira uma explicação ao estranho cancelamento destas duas atividades, feitas sob medida para Putin.
Segundo este email, que afirma basear-se em informação proporcionada por vários funcionários do Escritório da Presidência, o mandatário decidiu que era melhor suspendê-las – da mesma forma que a tradicional grande recepção no Kremlin com motivo de fim de ano – quando o FSB, sigla em russo do Serviço Federal de Segurança, não pode dar garantias de que a Ucrânia não vai cometer um novo ataque em território russo.
Se sucedesse um atentado ucraniano algum dos dias em que a atenção dos meios estivesse centrada em Putin – assinala Tiempos Nuevos – poria o presidente russo em uma situação desfavorável diante uma cidadania que, na opinião da jornalista Yevgueniya Albats que dirige o portal, quer resposta a perguntas que se acumulam, preocupada por atentados e explosões que pouco a pouco ocorrem cada vez mais longe da fronteira e, portanto, mais perto de suas casas no interior da Rússia.
Juan Pablo Duch | La Jornada
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