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Venda da participação da Petrobras na área de Carcará do pré-sal é um crime de lesa pátria
Geólogos brasileiros, através de sua Federação – Febrageo-, denunciam o crime de lesa pátria cometido pelo atual governo e atual presidência da Petrobras ao vender, por preço absurdamente aviltado, sua participação integral de 66% na área de Carcará, uma das mais promissoras áreas localizadas na Bacia de Santos, para a empresa estatal norueguesa, a Statoil.
A Febrageo procurará barrar na justiça esse crime, ação para a qual pede o apoio de todo o povo brasileiro, e em especial das Associações técnicas e trabalhistas diretamente ligadas à área geológica e petrolífera.
Brasileiros,
A atual presidência da Petrobrás findou por vender para a empresa estatal norueguesa Statoil sua participação integral de 66% na Área de Carcará, Bloco BM8, no Pré-Sal da Bacia de Santos, por 2,5 bilhões de dólares. Nesse bloco a Petrobras fez na Área de Carcará uma das melhores e maiores descobertas de hidrocarbonetos no Brasil, que está ainda precariamente delimitada, com apenas 3 poços perfurados.
É um excelente negócio para a estatal norueguesa Statoil e péssimo para a nossa estatal Petrobrás, para o Brasil e nos mostra, claramente, a diferença como os governos tratam do patrimônio do seu povo.
Enquanto os noruegueses defendem os seus bens estratégicos mesmo os situados em terras estrangeiras, o atual governo brasileiro promove a desnacionalização do patrimônio de todos nós sob o pretexto de recapitalizar a Petrobras.
Em termos simplesmente comerciais pode-se dizer que o negócio realizado foi desastroso. Levando-se em conta as reservas declarados pelo comprador, entre 0, 7 e 1,2 bilhões de barris (bbl) e considerando o menor volume estimado pela Statoil, compradora, de 0,7 bilhões, a Petrobrás receberá pela venda, a prazos longos, o total de U$ 3,57/bbl.
Pois bem, a própria Petrobrás, em transação recente, pagou ao preço médio de U$ 8,51/bbl na aquisição onerosa das acumulações de Libra/Tupi. Ou seja, vai receber por Carcará aproximadamente 42% do valor que pagou, em local próximo, prolífico, adjacente e também não delimitado. Mesmo considerando a variação de preços de petróleo, a Statoil pagará menos que a Petrobrás dispendeu.
Agora, considerando os volumes recuperáveis em 2,0 bilhões de barris, os mais próximos da realidade, o preço a ser pago pela Statoil será de U$ 1,25/bbl, ou seja, 31% do que foi pago pela Petrobrás no bloco vizinho, mesmo considerando os preços e valores corrigidos e depreciados segundo os valores atuais do petróleo.
Segundo dados publicados, cada um dos seus poços produzirá mais de 40.000 bbl/dia, número compatível ao dos melhores poços produtores do mundo, e em ótimas condições econômicas e técnicas de extração. A espessura média de rochas preenchidas dor óleo é a maior do Pré-Sal, sendo superior a 350 m. Ou seja, é uma área com potencial de produção muito superior e das mais fáceis de serem produzidas do que que todas as das demais áreas produtoras das bacias de Campos, Santos e Espírito Santo, e como descrito com um óleo de excelente qualidade.
Alguns especialistas que já mapearam a Bacia de Santos, prevêem volumes potenciais de 6 bilhões de barris, apenas na acumulação de Carcará. Isso, repetimos, só no bloco BM-S-8, negociado sob veementes e vigorosos protestos.
Destaca-se como estranha e imprópria a política atual da Petrobrás de valorar seus ativos exploratórios usando a expectativa mínima de sucesso ou só com volumes provados. Este procedimento está em desacordo com a maioria das companhias do mundo, que utilizam nos seus cálculos também os volumes considerados prováveis e possíveis quando ofertam um prospecto, valorizando sobremaneira o que vendem. Assim, o Brasil está desvalorizando ao máximo o seu patrimônio, assemelhando-se a pessoas que vendem barato o que têm quando estão em estado desesperador. No mundo negocial, encontrar o valor real de uma oferta é tarefa de quem compra, segundo as regras vigentes no mundo de negócios. Estamos inventando a roda.
Tal tipo de venda de patrimônio do povo brasileiro revela a postura de dirigentes mal intencionados e descomprometidos com um projeto de construção nacional. Não dá para fazer outro juízo. Comportam-se como únicos vendedores que depreciam seus próprios e valorosos ativos. É como vender por um milhão uma casa que vale 15 milhões.
Não se rejeita a venda de alguns ativos da Petrobrás, sabemos que estamos em um mundo de negócios, mas discordamos veementemente da venda de quaisquer que sejam esses ativos a preços aviltados, em um momento de preços internacionais artificialmente baixos e petrolíferas descapitalizadas; a venda a qualquer preço no momento atual revela na verdade uma política de liquidação da própria Petrobrás, uma desconstrução até muito mais desastrosa quanto a feita pela roubalheira tão exposta na mídia, da maior e mais rica empresa brasileira. Apesar da nefasta desvalorização pelos desvios, pelos baixos valores em dólar de seus ativos e pelo baixo valor em real desvalorizado de sua produção, a Petrobrás, com crescentes reservas e produção, constitui um espetacular patrimônio nacional construído por mais de sessenta anos pela resistência e esforço da sociedade brasileira, e conduzido pela reconhecida competência técnica e dedicação de seus trabalhadores. Dilapidar orientadamente este patrimônio é uma ação criminosa, um terrível crime de Lesa-Pátria!
Federação Brasileira de Geólogos – Febrageo
João Cesar de Freitas Pinheiros – presidente