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Protestos em Cuba: desavisados podem pensar que problema é socialismo e não o capitalismo contra o qual o país luta

O bloqueio dos Estados Unidos promove a morte de muitos cidadãos e cidadãs cubanos(as). O bloqueio funciona como um delimitador das possibilidades de vida para as pessoas
Claúdio di Mauro
Diálogos do Sul Global
Uberlândia (MG)

Tradução:

No recente dia 11 de julho, houve em cidades cubanas entre as quais sua capital, Havana, movimentações de populares reclamando duramente da situação pela qual passa o país.

O bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba é de extrema maldade. Até mesmo as compras de medicamentos, combustíveis são bloqueados nas tentativas de chegar à ilha caribenha.

A falta de combustíveis, impede o funcionamento de suas usinas termoelétricas, provocando apagões e períodos de escuridão no país.

A falta de insumos importados impede a produção das vacinas cubanas contra o coronavírus.  Mesmo assim, Cuba é o primeiro país da América Latina que possui pelo menos duas vacinas contra o covid19 em fase inicial de aplicação, a Soberana II e a Abdalla.

Assista:

Apesar da gravidade vivida pelo País em relação aos óbitos por covid 19, até agora foram ceifadas 1.700 vidas de seus mais de 11 milhões de habitantes. É óbvio que essas vidas e seus familiares merecem nossas condolências. Mas, se o Brasil seguisse o mesmo caminho de Cuba não poderia ter mais do que 40 mil óbitos, quando, na verdade, já temos mais de 540 mil mortos. 

Ou seja, o bloqueio dos Estados Unidos promove a morte de muitos cidadãos e cidadãs cubanos(as). O bloqueio funciona como um delimitador das possibilidades de vida para as pessoas.

Diante de tantas dificuldades e estimulados pelos apelos de consumo, muitos populares cubanos que não viveram o período pré-revolucionário caem no “conto do vigário” de que o problema é do socialismo cubano e não do capitalismo contra o qual o País luta bravamente.

O bloqueio dos Estados Unidos promove a morte de muitos cidadãos e cidadãs cubanos(as). O bloqueio funciona como um delimitador das possibilidades de vida para as pessoas

14ymedio
Falta de combustíveis impede o funcionamento de usinas termoelétricas, provocando apagões, um dos focos dos últimos protestos

É pergunta e resposta de Frei Betto que considero importantes: quando dizem que em Cuba não há democracia deve-se responder: “quantas fotos ou notícias são vistas sobre cubanos na miséria, algo semelhante à cracolândia, às milícias, as longas filas de enfermos aguardando anos para serem atendidas em um hospital?“ Mendigos espalhados pelas calçadas? Crianças abandonadas nas ruas? Famílias sob viadutos?  

Daí o que seria mesmo democracia?

Para um rico brasileiro viver em Cuba seria um inferno. Para a classe média brasileira, com ganhos mensais acima de cinco salários mínimos, viver em Cuba seria um purgatório. Afinal, não haveria como explorar o trabalho alheio para se enriquecer cada vez mais. Trocar de carro todos os anos, esses exageros promovidos pelo capitalismo que, ao mesmo tempo, deixa as famílias endividadas.

Isso não é possível em Cuba.

Mas, para os pobres atendidos nas ruas pelo Padre Júlio Lancellotti, Cuba poderia ser um Paraíso. Para os ocupantes de terras rurais e edifícios urbanos, segregados, vilipendiados, escondidos, pois são invisíveis,  Cuba poderia ser um paraíso.

Essas famílias teriam onde morar, atendimento de saúde, escola para seus filhos que poderiam até mesmo fazer um curso universitário.

Nestes momentos de limitações, teriam pouca alimentação, mas o suficiente para viver. Teriam espaços de lazer e cultura disponibilizados para enfeitar suas vidas.

Vida simples, mas digna e sem baixar suas cabeças para os interesses do capitalismo.

É verdade que as condições são muito difíceis, mas em nada se assemelha ao Haiti ou aos exemplos oferecidos sobre a vida no Brasil, para as pessoas que são consideradas “invasoras” de terras e edificações, que não cumprem função social.

Apesar das manifestações de 11 de julho, os cubanos que são a maioria, conscientes dos limites que teriam suas vidas nos países capitalistas, no sábado (17), foram às ruas para demonstrar apoio e reconhecimento aos esforços governamentais para superar esta fase tão difícil. 

Situações de manifestações, justas, sobre as limitações de suas possibilidades de vida são compreensíveis e já aconteceram em outros momentos na história de Cuba.

É importante se considerar que esses movimentos são grandemente estimulados por interesses empresariais vinculados aos Estados Unidos. Tanto é que o prefeito da Flórida argumentou para que haja uma invasão armada contra Cuba para mudar o sistema político e econômico, em função dos interesses do empresariado de Miami. São mais de 60 anos de pressão estadunidenses contra Cuba.

Tanto os Republicanos quanto os Democratas dos Estados Unidos não se conformam que uma ilha e outras pequenas, localizadas a 180 km de distância de suas costas, tenham formas de viver tão diferentes daquela por eles defendidas. Afinal, Cuba até 1959 era o País dos jogos e Casinos para diversões e sexo das “pessoas de bem” dos Estados Unidos. Não controlar mais esse povo é uma indisposição para a maior economia do mundo. 

A falta de autoridade das Nações Unidas é gritante. Já foram provadas dezenas de moções defendendo para que os Estados Unidos suspendam o bloqueio contra Cuba. Os governos do País sempre ignoraram e não atenderam tais determinações. Ao contrário, só no governo Trump foram implantadas 240 medidas impostas contra Cuba. E Biden, as mantém, sem recuo.

Daí a nossa solidariedade com o povo cubano.

Nesta sexta-feira (23), a partir das 18 horas, no Canal RESISTENTES teremos uma live entrevista com a Doutora em Ciências Filosóficas Nancy Lucia Chacón Arteaga que nos falará diretamente de Havana, abordando Os Desafios de hoje da Revolução Cubana. O acesso pode ser obtido no seguinte link:


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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