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O candidato apoiado pelo ex-presidente colombiano de extrema direita Álvaro Uribe, Iván Duque, foi eleito neste domingo (17) e será o novo presidente da Colômbia após ter obtido o apoio de mais de 10 milhões de colombianos, representando 53,98% dos votos.
TeleSUR*
Seus detratores ressaltam sua proximidade com Uribe, cujo governo esteve marcado por políticas autoritárias e pouco conciliadoras com as guerrilhas que atuam no país, bem como também uma situação social muito negativa.
Diante deste cenário, existe a dúvida no povo colombiano sobre a volta do uribismo ao poder, depois de oito anos de ausência.
Quem é Iván Duque?
Duque, do uribista partido Centro Democrático, é um conservador que defende a redução de impostos e a modificação do Acordo de Paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Nascido na capital (Bogotá), Duque é advogado e assumirá a presidência no próximo dia 7 de agosto, poucos dias depois de ter completado 42 anos (1° de agosto de 1976), com a intenção de reformar parte do legado do atual presidente Juan Manuel Santos (2010-2018).
Apesar de ter sido assessor do Ministério de Fazenda e Crédito Público quando Santos dirigia essa pasta, Duque tem sido um férreo opositor de sua gestão.
O ex-consultor da Corporação Andina de Fomento (CAF) declarou em várias ocasiões que devem ser realizadas “modificações importantes” no pacto que pôs fim a mais de meio século de conflito com a antiga insurgência das FARC.
Duque foi senador em 2014 com a benção de Álvaro Uribe, ex-presidente entre 2002 e 2010 e líder do partido Centro Democrático.
Dada a influência de Uribe no partido, fundado por ele e na política colombiana em geral, alguns meios de comunicação e adversários políticos duvidam que Duque seja de fato quem governará pelos próximos quatro anos e consideram que sua vitória significa o regresso do uribismo ao poder.
Acordos de Paz
Duque tem mostrado estar de acordo com a postura uribista em relação aos grupos insurgentes existentes no país. A gestão de Uribe esteve condicionada pela ruptura do processo de conversas entre o governo e as guerrilhas, bem como à entrada em uma guerra de desgaste, expressa no uso da sabotagem e do terrorismo.
Para o analista político, advogado e defensor de direitos humanos, Luis Carlos Domínguez, o panorama para Colômbia nos próximos quatro anos é de desesperança.
“O desesperançador dos resultados na Colômbia é que agravará os problemas do conflito armado no país; tanto Duque como sua equipe falaram abertamente sobre estes aspectos e simplesmente vai agravá-lo”, afirmou Domínguez.
A postura de Duque tem sido criticada pelos que aprovam os acordos e vêem neles a oportunidade de atingir a paz na Colômbia.
O analista afirma que começará uma “perseguição” aos integrantes do partido que participaram dos acordos “e que estão esperando que o governo o cumpra”.
O novo mandatário também deverá assumir o diálogo com o Exército de Libertação Nacional (ELN), que se encontra em seu quinto ciclo em Havana, Cuba.
Rejeição ao uribismo e apoio a Petro nos estados pobres
Estas posturas fizeram com que grande parte da população recusasse Duque e o uribismo e aproximaram o povo da postura progressista que propunha Gustavo Petro, que obteve mais de oito milhões de votos.
Isto se aprecia no fato de que o ex-candidato à presidência, apesar de não ter obtido a vitória, foi respaldado pelas populações mais humildes do país.
Ao longo de sua campanha, Petro manteve propostas a favor dos setores mais pobres e de camponeses, com projetos agrários e o foco na economia produtiva na agricultura.
Somado a isso buscava uma educação pública e gratuita para toda a população, o incentivo à arte e à cultura com o conhecimento das necessidades do povo abandonado de Colômbia.
Relações Internacionais
Domínguez afirmou que com estes resultados, o panorama também se agrava no continente. Ele vislumbra problemas imediatos com Venezuela, Nicarágua, Bolívia e outros governos considerados por Uribe e Duque como “eixo do mal”.
O especialista lembrou que Uribe, ao terminar seu mandato, afirmou que não tinha bombardeado Venezuela porque não teve tempo, mas “agora tem quatro anos, então a Venezuela deve ter isso muito em conta”.
“Os Estados Unidos desempenham um papel fundamental nas eleições dos países que consideram seu quintal e cujos governos, como o de Santos, são absolutamente funcionais a ele e vai desempenhar um papel fundamental durante os próximos quatro anos”, afirmou o analista.
* Tradução: Diálogos do Sul