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ToggleA gestão do antigo repórter político Antônio Britto, no Rio Grande do Sul (1995-99), foi marcada por reformas administrativas torpedeadas pela oposição, encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
A controvérsia não se atinha à questão salarial do funcionalismo. Incluía medidas que Antônio & equipe de governo adotaram para “sa(ca)near” as finanças do RS. A mais importante era a privatização das grandes autarquias de serviços públicos estaduais.
A “menina dos olhos” era a Companhia Rio-grandense de Telecomunicações, CRT (telefonia), junto à Companhia Estadual de Energia Elétrica, CEE — ambas encampadas da Bond Share e ITT, respectivamente, na gestão de Leonel Brizola (1959-62).
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Britto foi mais realista do que o honorável rei FHC, o “príncipe”, que jurou acabar com todo resquício da Era Vargas até o fim de seu mandato. Desconfio que o sonho do ex-jornalista era acabar com o legado de Brizola — o anticristo dos brucutus de 1964.
Sul21
Ao centro, José Ivo Sartori (MDB), ex-governador do RS: neoliberalismo no poder, com Britto à esquerda. Quem bate palmas é Paulo Odone
Fechamentos & Falências
A política de atração de grandes empresas automobilísticas para o estado através de benefícios fiscais — como isenção do ICMS — deu pano para manga e terno completos. Para a oposição, a política de atração de investimentos, jogando o estado na “guerra tributária”, que representava perda demais para o fisco: não compensava a geração de empregos.
No setor bancário, o governo Antônio Britto fundiu dois bancos estaduais: Caixa Econômica Estadual RS e Banrisul. Foram tantas privatizações que ele passou a ser chamado de neoliberal.
Elas precederam o “Festival de Privatização do Governo Federal”, na gestão FHC.
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“Anthony” Britto enxugou o que pôde de indústrias enquanto foi inquilino do Palácio Piratini. Sua gestão foi marcada pelo fechamento e falência de indústrias de ponta, como a de calçados no Vale do Rio do Sinos, centro do principal polo calçadista do estado. Tio Sam agradece até hoje, saudoso.
Consenso de Washington
Apadrinhado político da mais arguta raposa do Congresso à época, Ulysses Guimarães — responsável por sua filiação no MDB — o ex-noticiarista governou sob base partidária ampla, geral e irrestrita. Fora só ficou o PT. Assim, ele compôs sua coligação de partidos para a reeleição de 1998. Só que o favorecimento ao PPB — do vice, José Otávio Germano — abriu buracos no próprio saco de gatos do PMDB. Em alguns municípios, dissidentes apoiaram até o PT!
A bem da verdade, seria possível escrever um livro sobre os benefícios que Antônio Britto trouxe para a implantação do Consenso de Washington antes mesmo que o príncipe FHC se desse conta do quanto poderia lucrar com esta lenda.
Medida Vexatória
Mas sempre vale a pena saber um pouco mais de FHC, ideólogo-sênior da Tucanagem — sempre chamado nos momentos de terror do bando tucano. Trata-se do Mito Verdadeiro da sub-intelectualidade. Lembre-se ainda que Cardoso — auto-exilado na Europa sem necessidade, pois era filho de general — levou a ferro e fogo a vergonhosa ‘Medida Provisória’ que recriou estímulos sob medida para Ford se instalar em Camaçari, na Bahia.
Através de medida provisória, Fernando Henrique reabriu o programa de incentivo fiscal na Bahia que já havia acabado. A despeito das vantagens do Rio Grande do Sul — coração do Mercosul, com escoamento da produção via Porto de Rio Grande, escolaridade da mão de obra, entre outras — os americanos (focados no lucro) se bandearam para a Terra Santa em busca de novas isenções.
Pelo andar da carruagem da práxis de Britto, FHC, AC Malvadeza e Ford foram os maiores beneficiários do assalto às economias do erário do RS. O ex-governador faturou politicamente por se alinhar ao presidente da República. ACM ganhou prestígio por tirar a Ford do RS. E a montadora faturou isenções que nenhuma outra alcançou.
Defensor empedernido do estado mínimo, Britto aproveitou a comoção nacional com a morte de Tancredo Neves — além de porta-voz, segurou alça do caixão até o túmulo.
PPS: Comunista Como Trump
Britto escreveu um livro sobre Tancredo: pura emoção. Não tem uma repartição estadual que não tenha pelo menos uma obra de sua lavra. Para coroar a performance, o filho de Livramento conseguiu se eleger governador da gauchada em 1996. A gestão foi um desastre. Mas com a “boa” cobertura da mídia, o que ficou foi a pecha de privatista.
Depois da derrota inesperada na reeleição — ele perdeu para Olívio Dutra (PT) — a aura de Tancredo Neves já não pairava mais sobre o neo político. Após ensaiar voos curtos no “médio clero”, Antônio Britto migrou para iniciativa privada. Virou consultor do grupo Telefônica d’Espanha. Nem as velhotas de Taubaté acreditaram quando o velho repórter negou favorecimento na privatização da CRT, em 1997.
Em 2001, ele era o cara da direita para suceder Olívio Dutra. Mas se estranhou com o senador Pedro Simon, principal liderança regional do PMDB. Britto “espirrou” do saco de gatos peemedebista. Filiou-se então ao PPS bem a seu estilo: partido-biombo, tão comunista quanto Donald Trump. E lançou-se à sucessão gaúcha de 2002, sem medo de ser infeliz. Se deu mal.
À moda do Tucanistão
Na sequência, morreu politicamente, abraçado ao PFL, antigo Arena e atual DEM. A repulsa a seu nome fez as intenções de voto migrarem em massa para o candidato do PMDB, Germano Rigotto.
Antônio Britto acabou em terceiro lugar: 12% dos votos. No segundo turno, Rigotto derrotou Tarso Genro (PT) — que teria jogado politicamente para tirar Olívio Dutra, queimado pela mídia, da reeleição.
O antigo jornalista perdeu, mas não teve do que se queixar. Afinal ficou tudo em “famiglia”: Rigotto pôde seguir impune na devassa no erário. Ao melhor estilo do Tucanistão paulista, onde aves do mesmo bando dão sinal verde e aproveitam a corrupção anterior há décadas… Vá ter “foco” assim na Casa Branca.
Amaro Dornelles, colaborador da Diálogos do Sul
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