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Situação de Bolsonaro se complica: últimas ações do ocupante do Planalto foram tiro no pé; governo está nas cordas

Maioria dos brasileiros considera que o governo de Jair Messias Bolsonaro tem envolvimento com corrupção e apoia seu impeachment
Claúdio di Mauro
Diálogos do Sul Global
Uberlândia (MG)

Tradução:

As sondagens realizadas pelos órgãos de pesquisa considerados sérios indicam que a situação de Bolsonaro se complica mais, a cada dia.

Levantamento realizado pelo Instituto Atlas e publicada pelo jornal Correio Brasiliense mostra que a maioria dos brasileiros considera que o governo de Jair Messias Bolsonaro tem envolvimento com corrupção e apoia seu impeachment

De acordo com esse levantamento, para 54,3% dos brasileiros o governo federal está envolvido com corrupção na compra das vacinas para imunizar a população contra a Covid19. 

Apenas 35,4% acreditam que o Presidente da República é inocente. Veja-se que o desgaste de Bolsonaro é evidente. Ainda assim, ele mostra alguma força em seus apoios.

Confira na TV Diálogos do Sul:

Nessa mesma esteira, 55,4% da população apoia seu impeachment enquanto 40% é contra.

Agressão a governadores

No relacionamento com os governadores dos Estados, Bolsonaro foi para o destempero e para as agressões. Com isso se isolou, permitindo que os Estados Unidos e a França, por exemplo, abrissem canais de diálogos diretos com os governadores. 

Ou seja, até os Estados Unidos isolam Bolsonaro, que optou por não liderar o combate à pandemia e os processos de vacinação, perdeu protagonismo e caiu em uma situação inusitada, ridícula para o  mandatário do Brasil.

Eleições de 2022

Nos debates (?) travados sobre as eleições de 2022, Bolsonaro “deu tiro no pé” ao defender votos impressos, substituindo a urna eletrônica. Mais uma vez escolheu a opção desqualificada de acusar os processos eleitorais por fraudes, com o emprego das urnas eletrônicas. 

Ou seja, acusa o processo pelo qual foi eleito Presidente da República e seus filhos — um Senador, outro Deputado Estadual e terceiro vereador. 

Pretendia o emprego de urnas com votos impressos e depois contagem dos votos, urna por urna. 

Com essa postura, acusando sem apresentar provas, entrou em conflito com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não obtendo sucesso em suas pretensões. 

Mobilizou seus apoiadores para irem às ruas e teve apoio, possivelmente entre aqueles que somam os 30% que ainda acreditam em seu governo e em sua honestidade de princípios. 

Leia também: Temos que nos unir contra um inimigo em comum que está matando os brasileiros, diz Tico Santa Cruz sobre Bolsonaro

Esses também devem ser os participantes em suas “Motociatas”, realizadas para manter mobilizada sua base eleitoral. 

Tais manifestações, promovidas pelos governistas, buscam a animação de suas bases eleitorais e servem para divulgação, por meios de redes sociais e “fake news”.

As aglomerações são promovidas sem respeito à legislação e antecipando o processo eleitoral que já colocam como fraude.

Maioria dos brasileiros considera que o governo de Jair Messias Bolsonaro tem envolvimento com corrupção e apoia seu impeachment

Palácio do Planalto
As pesquisas indicam que a situação de Bolsonaro se complica cada dia mais.

Em verdade, Jair Messias Bolsonaro tem escolhido os caminhos de confrontos com todos os setores das instituições, querendo aparecer como rebelde, anti-institucional. Com isso, atende alguns dos seus seguidores, contudo, abre enormes brechas para seu descrédito.

Marielle Franco

Sobre a cabeça de Bolsonaro ainda estão diversas suspeitas de envolvimento familiar no assassinato da vereadora e líder popular Marielle Franco e seu assessor Anderson Gomes.

Isso sem falar no suposto envolvimento dele e de seus familiares nos casos das “rachadinhas”, envolvendo, supostamente, o gabinete de seu mandato como Deputado Federal e dos seus filhos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e na Assembleia Legislativa do Estado.

Daí o fato de as pessoas se referirem à família de Bolsonaro como “familícia”, ou seja, família envolvida com as milícias.

Enfim, para um governante que foi eleito com o discurso de que combateria a corrupção, tais acusações o alcançam no âmago, verdadeiros “socos no fígado”.

Combate à pandemia

No caso do combate à pandemia causada pela covid-19, Bolsonaro preferiu apoiar o “kit prevenção” composto por diversos medicamentos que não têm eficácia no caso dessa doença. 

Ao invés de investir na busca de vacinas, preferiu entrar no embate contra o governador do Estado de São Paulo, João Dória, que ficou como o “dono da vacina”, ao colocar todo seu empenho no Instituto Butantã, na produção da Coronavac e no desenvolvimento de outras pesquisas correlatas. Neste caso, Bolsonaro optou pelo confronto e saiu perdendo, mais uma vez.

CPI do genocídio

Enquanto se desdobram todos esses acontecimentos, o governo federal enfrenta a CPI da Pandemia, ou CPI do genocídio, no Senado, que aborda a crise na saúde ocasionada com a pandemia e todas as suas consequências. 

Nesta semana, a CPI retomou suas atividades com toda força. 

Há quem diga que o assunto não é buscar e confirmar o genocídio, mas os esclarecimentos de “crime lesa humanidade”. Será necessário verificar se os fatos a serem apurados colocarão mais elementos que estimulem reações e mobilizações contra o governo federal. Daí os desdobramentos têm importância na programação da CPI.

Leia também: Nota das Forças Armadas contra a CPI: Partido militar vestiu a carapuça da corrupção do governo Bolsonaro

“Meu Exército”

Foi negativa a atitude de Bolsonaro de tentar envolver as Forças Armadas, especialmente o Exército, que ele chama de “meu Exército”. 

Tais tentativas de envolvimento geraram alguma reação por parte de militares sérios que exigem o cumprimento dos compromissos constitucionais. Daí, aplicar um auto-golpe por Bolsonaro fica extremamente difícil.

Liberdade a Paulo Galo

Ainda assim, há a perseguição contra Paulo Galo, o trabalhador que foi preso pelo incêndio contra a estátua de Borba Gato. 

Saiba mais: Fogo no Borba Gato: parte da esquerda está disposta a negociar nossos corpos em troca de votos

A Justiça de São Paulo se nega a conceder liberdade para o ativista que mostrou indignação pelas homenagens prestadas à elite colonial que tinha seus capatazes, representados por bandeirantes.  

Nas cordas

Por todos esses motivos, a situação de Bolsonaro o coloca nas “cordas do ringue”, como se fosse uma luta em tablados. 

Mas ainda não suficiente para derrubar seu governo. Somente a mobilização das ruas, das bases, será capaz de manter a correlação de forças, neste momento francamente favorável para as esquerdas.

O governo e seu governante mor estão colocados nus e envergonham as pessoas dignas que vivem nesta Pátria Amada Brasil. 

* Claúdio di Mauro é geógrafo, ex-prefeito de Rio Claro (SP) e colaborador da Diálogos do Sul


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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