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Foto: Santiago Abascal / X

Xenofobia e delírios ultradireitistas: Vox reúne asseclas em Madri

Encontro, que começou no último sábado (18), contou com a presença de Milei, Meloni, Le Pen e Orban
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Desde o último sábado (18), Madri se tornou a capital internacional dos partidos de extrema-direita no mundo, atendendo ao chamado do Vox para celebrar um ato político no qual pretendem expor suas mensagens de ódio aos imigrantes, de rejeição à diversidade sexual e de reafirmação de seu ideário, no qual se autoproclamam “patriotas europeus” que defensores do legado das nações de raízes “judaico-cristãs”. Assiste ao chamado do Vox um leque de dirigentes da América e da Europa, entre os quais o presidente da Argentina, Javier Milei, a presidente da Itália, Giorgia Meloni, a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, o presidente da Hungria, Viktor Orban.

O Palácio de Vistalegre é um espaço que costuma ser utilizado para eventos esportivos, concertos ou comícios políticos, situado em um dos bairros operários mais populares de Madri: Carabanchel. Lá, há menos de dez anos, o hoje quase extinto movimento de esquerda agrupado em torno do Podemos realizou seus principais atos políticos e fundacionais. Porém, agora, o Vox, esse partido de extrema-direita que se opõe à entrada de migrantes de raízes muçulmanas na Europa e luta para ilegalizar partidos independentistas e encarcerar seus dirigentes, é quem ocupa essa praça, lotando-a completamente e, inclusive, provocando tumultos nas portas. Este ano, foram colocadas telas gigantes nas imediações, para que os simpatizantes que não conseguirem entrar na convenção Europa Viva possam acompanhar os discursos.

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Por se tratar de uma espécie de reunião internacional das forças vivas da extrema-direita, seus simpatizantes se mobilizaram de diversos pontos do continente e, obviamente, da Espanha, até Madri para escutar seus líderes. Algumas das intervenções mais esperadas são as do argentino Milei, da italiana Meloni, do húngaro Orban, da francesa Le Pen, do chileno José Antonio Kast, do português Andre Ventura e do ministro israelense de Luta contra a Antissemitismo, Amijail Chikli e, é claro, do anfitrião espanhol, Santiago Abascal, líder de Vox.

Grande parte dos encontros foi organizada pela Fundação Disenso, o centro de pensamento da ultradireita espanhola, como, por exemplo, a mesa relacionada com a “cultura do cancelamento” e “os meios de comunicação e o poder político”.

Expectativas

Uma das visitas que gerou mais expectativa é a de Milei, sobretudo devido à polêmica com o governo espanhol, do socialista Pedro Sánchez, após as acusações do ministro dos Transportes espanhol, Óscar Puente, de que o mandatário argentino consumia “substâncias”, o que levou o governo andino a chamá-lo de “energúmeno”.

A viagem de Milei à Espanha tem caráter “privado”, por isso não há previsão de nenhuma reunião com representantes do governo espanhol ou da Casa Real, embora vá manter um encontro com empresários espanhóis com interesses na Argentina, entre eles os representantes de Repsol, Telefónica, Grupo Santander e Iberdrola.

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Na última sexta-feira (17), o mandatário argentino lançou seu livro “El Camino del Libertario”, junto a um jornalista da direita espanhola e diretor do diário La Razón, Francisco Marhuenda, e expressou agradecimento ao seu anfitrião do Vox: “Quando ninguém me queria, o único que me abraçou foi Santiago Abascal. Por tanto, era imperativo moral participar no evento, pois além disso é um grande amigo, um grande ser humano”.

O presidente sul-americano participou desse encontro internacional no ano de 2021. Naquela ocasião, realizou um dos comícios mais celebrados pelos assistentes ultradireitistas, no qual insistiu em sua mensagem de “irmanados de maneira irrevocável na batalha pela liberdade e contra a ruína esquerdista”. Desta vez, aproveitou a presença da imprensa para carregar contra a ideologia socialista, à qual catalogou como “um câncer” e asseverou que “‘os progres’ são uma máquina de fazer pobres”.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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