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1/5 dos estadunidenses já perdeu familiar por arma de fogo; medo é maior entre negros e latinos

Ainda segundo estudo, 84% tomou medidas de segurança como evitar lugares públicos, incluindo eventos religiosos
Jim Cason
Diálogos do Sul Global
Nova York

Tradução:

Um em cada cinco adultos estadunidenses tem um familiar que morreu por armas de fogo, segundo uma pesquisa estatística que oferece a dimensão da violência por armas, sem igual entre os países supostamente “avançados”. 

Além disso, um em cada seis estadunidenses foi testemunha de um tiroteio; entre afro-estadunidenses essa estatística é um em cada três e entre latinos de um em cada cinco, segundo a pesquisa nacional realizada pela Kaiser Family Foundation. Um em cada cinco diz que foi pessoalmente ameaçado com uma arma. 

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Diante da prevalência da violência de armas nos Estados Unidos, a pesquisa registrou que a grande maioria de residentes do país não se sentem seguros: 51% dos adultos responderam que os delitos, feridas e mortes por armas de fogo são uma “ameaça constante” ou uma preocupação grave em suas comunidades – e essa cifra é muito mais elevada entre os afro-estadunidenses e latinos que responderam à enquete, chegando a 62%. A vasta maioria indica que se preocupam diariamente com que uma pessoa próxima seja vítima de violência com armas; entre afro-estadunidenses e latinos, um em cada três diz que é uma preocupação diária.

Ao mesmo tempo, a pesquisa registra que 44% de pais com filhos menores de 18 anos informaram que têm uma arma de fogo em casa. Um em cada quatro adultos reporta que vive em uma casa com uma arma de fogo. 

84% dos consultados reportam que tomaram medidas para proteger a si mesmos ou às suas famílias, incluindo a compra de armas para autodefesa e evitar lugares públicos como concertos, transporte público e até eventos religiosos.

Vale recordar que desde o ano passado os Centros de Controle de Enfermidades (CDC) – a entidade federal encarregada de monitorar e abordar as ameaças à saúde pública – declararam que as armas de fogo se converteram na causa número um de morte para menores de idade nos Estados Unidos. Ou seja, mais que acidentes automobilísticos e outras causas comuns. Ainda mais, os Estados Unidos estão sozinhos entre os países avançados neste rubro – de fato, em outros países, mortes por bala entre menores de idade não estão entre as quatro causas principais de morte.

Ainda segundo estudo, 84% tomou medidas de segurança como evitar lugares públicos, incluindo eventos religiosos

mathiaswasik/Flickr
"Se é para fazer nada, o que estamos fazendo não está funcionando”, diz o médico Jason Smith, que já atendeu vítimas de armas de fogo

Também vale salientar que os suicídios representam mais da metade do total de mortes por armas de fogo nos Estados Unidos.

Segundo a CDC, as cifras de homicídios (19.384) como suicídios (24.292) por armas de fogo alcançaram um nível sem precedentes em 2020.

Enquanto isso, os fabricantes de armas – como a Associação Nacional do Rifle, que produz os rifles de assalto tipo AR-15 utilizados em tiroteios massivos recentes em escolas primárias e seus promotores – continuam promovendo as armas como um símbolo patriótico e de “valores familiares”, incluindo fotos de uma mãe com sua filha de aproximadamente 10 anos, cada uma com um rifle e o lema “mamãe não criou uma vítima”, ou um menino de aproximadamente 6 anos com um rifle nas mãos. 

Uma extensa investigação do AR-15 do Washington Post concluiu que o rifle de assalto favorito entre os estadunidenses é mais que uma arma. É um símbolo potente com um agarre na imaginação americana… e uma arma tática elogiada como a máxima expressão da Segunda Emenda” [que segundo promotores de armas, é a emenda constitucional que outorga o direito dos cidadãos às armas].

A investigação do Post descobriu que a indústria de armas se dedicou a promover o AR-15 ao buscar novo ingresso, sobretudo utilizando a onda de “admiração” dos produtos militares depois do 11 de setembro, empregando imagens de soldados e outras forças de segurança com essa arma e oferecendo o mesmo para os cidadãos. E embora pistolas continuem sendo as armas mais comuns nos homicídios, as vendas dos AR-15 surgem em tempos de tragédia e câmbio político. 

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O Post reportou que um em cada 20 adultos estadunidenses é dono de pelo menos um rifle AR-15, aproximadamente 16 milhões no total, e que os donos justificam sua aquisição destas armas com a necessidade da autodefesa. O perfil da maioria dos donos destas armas letais eficientes é: brancos, homens, republicanos e vivendo em estados onde Trump ganhou. 

No que vai de 2023, se registraram 12.610 mortes por arma de fogo (incluindo suicídios), segundo o Gun Violence Archive. Em 2021, houve um total de mais de 47 mil mortes incluindo suicídios e 40.603 feridos por bala (em 2022, sem incluir suicídios que são aproximadamente a metade do total de mortes, a cifra foi de 20.200, e o número de feridos foi de 38.550). O número de tiroteios massivos em 2023 até hoje somam 165 [gunviolencearchive.org].

“Estou esgotado. Apenas algumas vezes se pode chegar a um quarto e informar que alguém não estará chegando em casa amanhã… Simplesmente lhe peço que façam algo; se é para fazer nada, o que estamos fazendo não está funcionando”, declarou o Dr. Jason Smith, o médico-chefe do hospital da Universidade de Louisville, que estava a cargo de atender as vítimas de um tiroteio mássivo em 10 de abril no centro da cidade de Louisville, Kentucky.

Jim Cason e David Brooks | La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Jim Cason Correspondente do La Jornada e membro do Friends Committee On National Legislation nos EUA, trabalhou por mais de 30 anos pela mudança social como ativista e jornalista. Foi ainda editor sênior da AllAfrica.com, o maior distribuidor de notícias e informações sobre a África no mundo.

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