O governo boliviano anunciou nesta terça-feira (31) o rompimento das relações diplomáticas com Israel pelos “crimes de guerra e lesa-humanidade” cometidos pelo regime sionista contra o povo palestino na Faixa de Gaza. Em comunicado, a Bolívia também defendeu “a cessação do bloqueio que impede a entrada de alimentos, água e outros elementos essenciais à vida, violando o direito internacional e o direito humanitário internacional”.
A decisão foi anunciada pela ministra da Presidência e chanceler María Nela Prada e pelo vice-chanceler Freddy Mamani numa declaração à imprensa na Grande Casa do Povo.
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Em reunião com o embaixador da Palestina, Mahmoud Elalwani, na segunda-feira (30) o presidente Arce antecipou a decisão de responder à política de genocídio adotada pelo regime sionista, com a matança indiscriminada de civis.
“Rejeitamos os crimes de guerra cometidos em Gaza. Apoiamos iniciativas internacionais para garantir a ajuda humanitária, em conformidade com o direito internacional”, defendeu o líder boliviano.
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“Não podemos permanecer calados e continuar permitindo o sofrimento dos palestinos, especialmente dos meninos e meninas que têm o direito de viver em paz”, ressaltou Arce, citando, entre outros crimes deploráveis, o bombardeio israelense a hospitais.
“Apelamos ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para que evite que ocorra um genocídio do povo palestino e para que encontre uma solução definitiva para a Palestina exercer o seu direito à autodeterminação, ao seu território sem ocupações ilegais e consolide o seu livre e independente Estado”, acrescentou Arce.
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O governo Arce anunciou o envio solidário de alimentos à Faixa de Gaza para minimizar a desgraça da agressão sionista
Repúdio e condenação
Freddy Mamani apontou que a decisão surge “em repúdio e condenação à agressiva e desproporcional ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza, que até agora causou milhares de vítimas civis e o deslocamento forçado de palestinos”.
“Consequente com os princípios e propósitos da carta das Nações Unidas, os direitos à vida, à liberdade, à paz e à rejeição de todos os tipos de tratamento cruel, desumano ou degradante”, explicou, “a Bolívia decidiu romper relações diplomáticas com o Estado de Israel”.
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Acima de tudo, enfatizou María Nela Prada, esta é uma posição “de princípio de respeito à vida”, de um governo que desde o início do conflito em 7 de outubro vinha fazendo um “apelo urgente à paz, à redução da violência, à preservação da vida e dos direitos humanos”.
Comprometido com a ajuda humanitária, o governo Arce anunciou o envio solidário de alimentos à Faixa de Gaza para minimizar a desgraça da agressão sionista, que até o momento já custou a vida de mais de 8.500 palestinos e provocou mais de 21.500 feridos.
O ex-presidente Evo Morales (2006-2019) propôs ainda “declarar Israel como um Estado terrorista” e que seja apresentada uma denúncia ao Tribunal Penal Internacional contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por “crimes de guerra e de lesa-humanidade”.
Após terem sido rompidas as relações com Israel em 2009 por matanças e torturas indiscriminadas contra a população palestina, as relações diplomáticas tinham sido retomadas pelo governo golpista de Jeanine Ánez – atualmente presa -, reconhecida por sua vassalagem aos Estados Unidos.
Leonardo Wexell Severo | ComunicaSul
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