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ToggleGanhamos. Isso é muito importante. Só com o fato de Lula ganhar o Brasil já voltou a figurar no mapa do mundo. De todos os continentes chegaram manifestações de alegria.
Nossa América voltou a sorrir e a se abraçar. Até o presidente dos EUA, Joe Biden, não demorou nem uma hora para mandar os cumprimentos ao eleito e saudar a lisura do pleito.
Lula, em seu primeiro discurso, falou como um estadista. Tranquilizou a todos. Abordou todos os aspectos essenciais. Foi só o começo: esperem para ver a posse. Será um encontro de chefes de estado mais importante que encontros do G-20.
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O que não se pode agora é baixar a guarda. Temos que manter todos os espaços ocupados, rechaçar as pautas do governo e impor as pautas das mudanças. Mobilização de todas as forças democráticas para consolidar a vitória e garantir governabilidade a Lula.
O inominável se manteve em prolongado silêncio até às 16 horas e 30 minutos de terça-feira (1º). Desautorizou a mobilização desordeira dos caminhoneiros dizendo que a direita não ocupa propriedade, como costuma fazer a esquerda. Disse que sempre respeitou a Constituição e que continuará respeitando. Mas não desautorizou, ao contrário, disse que as manifestações pacíficas são bem-vindas.
O presidente ficou pendurado na brocha. Esperava que o “seu exército” lhe garantisse permanência no poder. Alguns tentaram. Estava tudo combinado. O que o diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Marques, cometeu, no domingo (30), ao organizar blitz nas estradas e parar ônibus com eleitores, é inominável.
Foi sabotagem ao processo eleitoral, como disse Flavio Dino, ex-governador do Maranhão, agora senador eleito pelo PSB. Esse crime não pode ficar impune, pois atenta contra a mais alta instituição da democracia: o voto livre.
Baderna
Os caminhoneiros que paralisaram estradas por todo o país o fizeram por ordem de Bolsonaro. É o que afirma com todas as letras o deputado André Janones (Avante-MG), depois de conversar com lideranças da categoria.
Confederações e Sindicatos das empresas de transporte rodoviário também asseguram que o movimento é isolado e prejudica a toda economia do país.
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É crime contra a economia popular, pois desabastece a população. É também crime de ocupação ilegal de bem público, pois as estradas constituem patrimônio público. Sem falar de atentado à liberdade de ir e vir das pessoas.
Dizem que não aceitam a derrota de Bolsonaro e dão prazo para o exército ocupar o Planalto. Quantos estão parados? É difícil saber, pois basta um ou dois bloquear uma estrada e parar tudo.
De acordo com o tesouro nacional, 360 mil caminhoneiros estão cadastrados para receber o auxílio emergencial para compensar a alta do diesel. São mil reais por mês até dezembro e já receberam dois mil. Esse auxílio incluía 297 mil taxistas. São poucos, mas são poderosos. Poucos estão no universo da Confederação Nacional de Transporte que representa 164 mil empresas de transporte com 2,5 milhões de trabalhadores empregados.
Quem tem que atuar para resolver o problema das obstruções das estradas é o ministério público. Em 2018 foi enviada a Força Nacional que atuou junto com as Polícias Rodoviárias estaduais e federal. E agora? Quem é que vai resolver o impasse? Quem é que vai pagar a conta? Tem gente que perdeu a hora de embarque, tem gente que perdeu compromissos de negócio…
Perdedor
O inominável, imitando Trump, não aceitará nunca sua derrota. Permanecerá estrebuchando. Mas, e os generais? Blindados estão fora dos quartéis no Rio e em São Paulo. Por ordem de quem? Para quê?
Os fascistas não darão descanso. Seguem mobilizados, embora em menor número, nos quartéis pedindo intervenção. Então é isso que estava programado, mas desta vez não vai dar certo.
Os generais terão que voltar para os quartéis. É o que determinou o deus dinheiro. A voz que falou mais alto.
Acompanhamos esse processo a sabendas de que somente a direita e o dinheiro teriam condições de derrubar o governo de ocupação, derrotar o fascismo.
A direita terá que se ressignificar a partir de agora. Apoiou-se na ultradireita, no fascismo, numa tentativa de aniquilar a esquerda. Não conseguiu. Agora terá de participar de um governo de concertação em torno de um projeto de salvação nacional. Mas, um governo de concertação não pode ser governo de perdão. Os crimes têm que ser punidos. Caso contrário, cessarão nunca.
Reprodução – Facebook
Lula, em campanha, prometeu acabar com o Orçamento Secreto. Será sua primeira derrota ou sua primeira vitória?
Desarmonia entre os poderes
A harmonia entre os poderes da República foi totalmente quebrada a partir de 2011, quando passou a vigorar a teoria do domínio do fato. Daí em duabte, a judicialização da política a serviço da estratégia de guerra hibrida (lawfare) (guerra jurídica) para acabar com a festa de governos progressistas e devolver o poder aos militares. Tudo dentro da lei e da ordem.
A desarmonia entre os poderes facilitou a apropriação do Orçamento da União por facções de parlamentares. Não satisfeitos, foram além e criaram o Orçamento Secreto, emendas do relator a distribuir recursos para a base de apoio a serem utilizados para fins eleitorais. Crimes eleitorais foram cometidos a granel, como uso da máquina governamental e abuso de poder econômico por empresas e grupos de interesse.
Lula, em campanha, prometeu acabar com o Orçamento Secreto. Será sua primeira derrota ou sua primeira vitória?
O grande desafio para as forças democráticas é o de recompor a segurança jurídica.
Quer queiram quer não queiram, a desmoralização da política através da judicialização foi importante vitória do lawfare dos Estados Unidos.
E agora? Reconstruir a segurança jurídica sem mudar a estrutura do judiciário? Sem alterar a índole dos supremos juízes?
O Estado tem que ser reformado. A democracia tem que ser repensada.
Primeira dama sionista
A foto de Michelle Bolsonaro votando vestindo uma camisa com a bandeira de Israel no momento do voto é simbólica e identifica que essa nova direita fascista está preparada para continuar seus planos de gerar o caos.
Israel, no caso, significa o neopentecostalismo sionista, e sua estratégia de transformar o país numa teocracia evangélica, a tal ditadura de credo único.
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Bispos e pastores participaram de convenção, dia 15 de outubro, com participação de figurões gospeis dos Estados Unidos, para consolidar a estratégia para as múltiplas denominações religiosas pentecostais e neopentecostais.
Querem o mundo de joelhos a implorar redenção a um Cristo misericordioso. Já conquistaram 30% da população e querem ter a maioria em mais um decênio.
É preocupante de per si, e mais quando se considera que o estado de São Paulo, o mais rico e poderoso, caiu nas mãos dessa direita. Direita que considera que o poder da República caiu nas mãos de quem vai transformar o país numa Venezuela.
Uma grande bobagem dizer que com a vitória de Lula, agora o Brasil será uma Venezuela, pressupondo que lá existe a mais feroz das ditaduras e o povo na miséria.
Bolsonaro cansou de repetir isso. O que pouca gente sabe, é que a estratégia do partido militar é repetir o que foi feito na Venezuela. Um governo de militares com aprovação popular. Só que lá, os militares têm apoio popular porque fizeram uma revolução social. Aqui, os militares usurparam o poder através da farsa eleitoral de 2018 e destruíram o país, abdicaram da soberania. Militar que abdica da soberania é capacho.
É o que representa o capitão Tarcísio de Freitas, ex-ministro da infraestrutura, ex-membro das tropas brasileiras que participaram das missões de paz no Haiti — não por coincidência, grupo que integra a cúpula do governo militar. É filiado ao partido Republicanos, braço político da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), do bilionário bispo Edir Macedo.
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Moro e Dalagnol, dois agentes dos Estados Unidos, eleitos e compondo a linha de frente dessa nova direita bolsonarista que conquistou também importantes bancadas no Congresso Nacional e estão distribuídos em vários partidos. Bancada da bala ampliada, bancada do boi, ampliada, bancada evangélica ampliada. Está reforçada com a pastora Damares Alves que foi a ministra que liquidou com a Justiça de Transição ao entregar a Comissão de Anistia aos militares.
Nova doutrina de segurança
Em julho, em Brasília, realizaram a 15ª Conferência de Ministros de Defesa das Américas, criada por iniciativa dos Estados Unidos, em 1998, para atualizar as políticas de segurança de acordo com os novos tempos.
Eram tempos de imposição do pensamento único sistematizado pelo Consenso de Washington, a ditadura do capital financeiro. Nesta última reunião aprovaram uma nova doutrina fundada na Dissuasão Integrada. O que é isso? É concentrar todos os recursos contra o inimigo comum. Quem é o inimigo comum? Eis o problema.
Para a Nossa América, o inimigo comum é o imperialismo ianque, é o neoliberalismo em sua fase de ditadura do capital financeiro.
Para os ianques, claro continua sendo Cuba, Nicarágua e Venezuela e quantos ousem se opor a sua hegemonia. Mas surgiu um fato novo, explícito na nova doutrina Biden. O inimigo real são China e Rússia.
O plano estratégico de Biden coloca a Europa refém da política expansionista e belicista. Os Estados Unidos têm mais de 100 mil soldados acantonados na Europa, em mais de uma centena de bases militares, e acaba de enviar um reforço de 20 mil tropas especiais, ademais de bilhões de dólares para ajudar a Ucrânia.
Esforço inútil que prolonga uma guerra inútil com um único perdedor, o povo europeu. A Europa submersa em crise econômica, estagnação com inflação, falta de energia e logo vai faltar também alimento, pois sem energia não há produção. O inverno chegando… Em Moscou já caiu a primeira nevasca. Logo Ucrânia, Polônia, Alemanha, estarão cobertos de gelo e temperaturas de mais de dez graus abaixo de zero.
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Virem as costas para o invasor ianque, façam as pazes com a Rússia, terão o gás mais barato do mundo para aquecer suas casas, salvar a vida de suas populações.
O mesmo recado para a frente ampla que acaba de derrotar o fascismo. Virem as costas para o imperialismo ianque, façam as pazes com China e com a Rússia e juntos, nos Brics, vamos construir uma nova ordem econômica mundial, e um Brasil soberano e independente.
Paulo Cannabrava Filho | Jornalista latino-americano e editor da Revista Diálogos do Sul.
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