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Biden não cumpre promessa de taxar mais ricos e EUA perdem US$ 690 bi em 3 anos

Presidente afirma agora que, se reeleito, as grandes empresas do país terão que pagar um imposto de 21% sobre seus lucros
David Brooks, Jim Cason
La Jornada
Nova York

Tradução:

Beatriz Cannabrava

O presidente Joe Biden prometeu aumentar os impostos para as grandes empresas e os mais ricos, mas três anos depois, pouco progresso foi feito neste esforço, e o governo dos Estados Unidos falhou em grande parte em arrecadar cerca de 688 bilhões de dólares em impostos federais que não foram pagos a tempo.

Biden insiste que está tentando mudar isso. “Olha, eu sou um capitalista. Se você quer ganhar alguns milhões de dólares, ótimo. Mas comece a pagar sua parte justa de impostos”, disse o presidente em um discurso em Las Vegas na semana passada. “Em 2020, 55 das maiores empresas da lista Fortune 500 (as maiores dos Estados Unidos) obtiveram 40 bilhões de dólares em lucros. Elas não pagaram nada em impostos federais”, apontou o presidente.

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Ele acrescentou que, a partir de 2024, de acordo com uma nova lei que ele promulgou, grandes empresas terão que pagar um imposto mínimo de 15% sobre seus lucros. Além disso, Biden prometeu que, se for reeleito, aumentará essa taxa para um mínimo de 21%.

Contraste republicano

Em contraste, Donald Trump promulgou leis para reduzir os impostos para os ricos e as empresas. Neste ano eleitoral, aliados do ex-presidente alertam que essas taxas reduzidas expirarão em dezembro de 2025 e que, se o republicano não for reeleito, os impostos para os ricos poderão aumentar.

As taxas de impostos mais altas para pessoas físicas nos Estados Unidos, federais e estaduais, variam entre 37% e 50% na Califórnia, de acordo com a organização independente Tax Foundation. Entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a taxa média é de 35%. Pelo menos no papel, a dos Estados Unidos é mais alta do que a do México.

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No entanto, poucas empresas ou indivíduos pagam o imposto que lhes é devido e, como Biden apontou, alguns não pagam nada. O Institute on Taxation and Economic Policy, uma organização independente, relatou que entre 2018 e 2022, Citibank, Bank of America, AT&T, General Motors e Nike, pagaram menos de 5% sobre seus lucros. E este problema é o mesmo entre os bilionários individuais.

Ricos e empresas pagam pouco

Há mais de duas décadas, o bilionário Warren Buffett afirmou que pagava uma porcentagem menor de impostos sobre seus rendimentos do que sua secretária. Ele, que também é o oitavo homem mais rico do mundo, argumentou que isso era absurdo e que apoiava um tipo de imposto mínimo para os mais ricos, como Biden está promovendo agora.

Se Biden conseguir isso, ainda está por vir. Bill Clinton e Barack Obama tentaram, e ambos fracassaram. De fato, entre 2013 e 2018, o bilionário Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, relatou uma renda anual média de 2 bilhões de dólares e pagou apenas 4% dessa fortuna em impostos, de acordo com uma análise da ProPublica. Em 2007 e 2011, o fundador da Amazon, Jeff Bezos, na época já um dos homens mais ricos do planeta, não contribuiu com um único centavo em impostos federais, algo que também foi alcançado pelo bilionário Elon Musk, dono da X e da Tesla, em 2018.

Imposto sobre lucros também é minímo

Em uma ampla análise dos impostos pagos pelas 25 pessoas mais ricas dos Estados Unidos, a ProPublica concluiu que esse clube exclusivo desfrutou de um aumento coletivo de 401 bilhões de dólares no valor de suas fortunas entre 2014 e 2018. Sobre isso, eles pagaram um total de apenas 13,6 bilhões de dólares em impostos federais, de acordo com a agência federal de impostos (IRS, na sigla em inglês). É uma quantia fenomenal, sim, mas equivale a uma taxa de imposto de apenas 3,4%, concluiu.

Os menos afortunados pagam uma porcentagem muito maior de impostos. A taxa mínima para indivíduos com renda inferior a 11 mil dólares por ano é de 10%, e teoricamente essa tabela aumenta para 37% para aqueles com renda acima de 500 mil dólares anuais.

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Outra parte do problema é que o IRS não tem recursos suficientes, e isso é intencional. Em fevereiro deste ano, o subsecretário assistente do Departamento do Tesouro, Greg Leiserson, responsável pela análise de impostos, disse a um repórter que entre 2010 e 2019, o número de auditorias para milionários caiu mais de 70% e para as grandes empresas, 50%.

Lacuna é de 688 bilhões de dólares

O IRS calculou em outubro do ano passado que a lacuna total de impostos em 2021 (a diferença entre o que é devido e o que é pago a tempo) era de 688 bilhões de dólares. A agência revelou que, por meio de ações para obrigar o pagamento, esperava arrecadar 68 bilhões de dólares.

É claro que esses números não incluem a grande maioria das atividades econômicas ilícitas, que operam fora do quadro fiscal. Para arrecadar essas quantias, o IRS adverte que são necessários recursos adequados. No entanto, a lei sobre o orçamento federal promulgada por Biden no último fim de semana incluiu um corte de mais de 20 milhões de dólares no orçamento do IRS.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.
Jim Cason Correspondente do La Jornada e membro do Friends Committee On National Legislation nos EUA, trabalhou por mais de 30 anos pela mudança social como ativista e jornalista. Foi ainda editor sênior da AllAfrica.com, o maior distribuidor de notícias e informações sobre a África no mundo.

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