Passados apenas oito meses do que se acreditava ter sido a maior tragédia climática do Rio Grande do Sul, um estado no extremo Sul do Brasil, com área maior que a do Reino Unido (281 km²) e 11 milhões de habitantes, voltamos a vivenciar uma situação ainda pior, com 80% do estado em situação de calamidade e mais de 200 mil refugiados climáticos desabrigados e sem casa no dia de hoje. A emergência climática demanda a mobilização de solidariedade internacionalista de classe e organização popular pela reconstrução e cuidado com a sustentabilidade da vida, frente à incapacidade de respostas de um estado neoliberal com serviços terceirizados, empresas públicas privatizadas e racismo ambiental estrutural.
Como Amigas da Terra Brasil estamos com nossa sede, a CaSAnAT, na capital Porto Alegre, alagada, e a metade da equipe fora de suas casas por conta da inundação, trabalhando para atender as emergências nos seus bairros, acolher as pessoas, escutar e registrar seus testemunhos. Nossos esforços no Brasil são de promover e direcionar chamados de doações para as iniciativas dos movimentos sociais populares aliados, atuando nas Cozinhas Solidárias e em outros atendimentos emergenciais, como base na sua experiência de organização das populações atingidas, das mulheres, da produção de alimentos e também pela força do poder popular que, juntas/os temos para incidir diante do poder público. Neste momento de acessos bloqueados pelas águas, mais do que recursos financeiros, o trabalho de articulação política e de facilitação da chegada de ajuda material – de comida, água, roupa – e ajuda psicológica tem sido o sentido prioritário das nossas ações como povos atingidos pelo caos climático.
Nesse contexto e alianças, enquanto organização dos movimentos por Justiça Ambiental e membro nacional da Federação Internacional de Amigas da Terra, temos as condições, capacidade e dever de mobilizar solidariedade internacionalista, porque sabemos que esse é e será a nossa força para reconstruir e transformar a vida após o trauma que se aprofunda com as desigualdades sociais, as violências crescentes e o desmonte do estado.
Nosso compromisso e objetivo é fortalecer nossa organização e capacidade de apoio aos Territórios de Vida no Rio Grande do Sul, com quem caminhamos de modo articulado na defesa da terra, da água, da biodiversidade, dos modos de vida e contra todas as formas de violência e opressão sistêmica para garantir a sustentabilidade da vida. Os recursos arrecadados serão valiosos para a reconstrução desses territórios e dos laços de solidariedade real e radical de classe no campo e na cidade, sejam hortas urbana e cozinhas comunitárias lideradas pelas mulheres nas periferias, comunidades de pescadores e povos tradicionais resistindo à mineração, assentamentos da reforma agraria produzindo agroecologia e resistindo à pulverização de agrotóxicos, quilombos defendendo seus direitos de ser e existir frente aos empreendimentos de infraestrutura, retomadas indígenas, garantindo a preservação da natureza frente ao avanço da especulação imobiliária, comunidades e trabalhadores/as organizadas construindo políticas e projetos para uma transição justa, popular e feminista.
Como ajudar:
A conta e capacidade de gestão da Amigas da Terra Brasil nos dá condições de receber doações de organizações sociais sem fins lucrativos do exterior com isenção de impostos, através dos seguintes dados bancários:
Name bank: Banco Bradesco (Code 237)
Address bank: Avenida Protásio Alves 78, CEP 90410-004, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Account number.: 2417-1 (Agency number: 2603)
Name account holder: Núcleo Amigos da Terra/Brasil
Address account holder: R. Olavo Bilac, 192, Bairro Azenha, Porto Alegre – RS, CEP 90040-310
SWIFT code bank: BBDEBRSPSPO
IBAN code bank (for European countries): BR27 6074 6948 0260 3000 0024 171C 1
Agradecemos à força da solidariedade internacionalista, do SSI de ATI, SoLiResp e das organizações sociais amigas pelo mundo que têm acompanhado a tragédia climática no nosso estado do extremos sul do Brasil e nos consultado sobre formas de ajudar e agir.
Seguimos unidas/os pela solidariedade e pela luta para transformar o sistema e construir sociedades sustentáveis e livres de todas as opressões.