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Médica cubana atende vítimas do Ciclone Idaí, em Moçambique, em abril de 2019 (Foto: Rafael Stedile / Brasil de Fato)

Em 60 anos, médicos cubanos já socorreram 165 países e resistem à perseguição dos EUA

Apesar da campanha imperialista, profissionais são solicitados em todos os continentes, inclusive na Europa, afirma o Dr. Michael Cabrera, diretor de centro médico em Havana
Nuria Barbosa León
Resumen LatinoAmericano
Havana

Tradução:

Ana Corbisier

O dia 23 de maio de 1963 foi um marco na história de Cuba. Naquele dia, um avião transportou 29 médicos, quatro gastroenterologistas, 14 enfermeiros e sete técnicos de Saúde até a Argélia, para prestar serviços de maneira permanente àquele povo.

Assim se formou a primeira missão médica internacionalista cubana, que em 60 anos se fez presente em 165 países, com mais de 600 mil colaboradores, segundo explicou o doutor Michael Cabrera, diretor da Unidade Central de Colaboração Médica (UCCM).

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“Atendemos a população de todos os continentes, principalmente daqueles que vivem em lugares de difícil acesso e em zonas rurais. Também em países muito distantes de Cuba, como as ilhas do Pacífico, em cerca de 30 da África, na maioria dos territórios caribenhos e em uma grande quantidade de nações latino-americanas”, afirma o Cabrera.

Confira a entrevista:

Resumen Latinoamericano – Quais os momentos mais importantes dessa história?

Michael Cabrera | Penso em quando o Comandante em Chefe Fidel Castro Ruz impulsionou o Programa Integral de Saúde, em 1998, depois da passagem dos furacões Mitch e George pela América Central. O início da Missão Médica na Venezuela, a maior, pela quantidade de cubanos incluída nela, e pelo grande número de territórios aos que deu cobertura. Ali foi possível desenvolver um sistema de Saúde público, gratuito e universal, muito parecido com o cubano, implementando os três níveis de assistência: primário para a atenção comunitária, secundário para os serviços por especialidades, e terciário para os tratamentos especializados.

Tampouco podemos deixar de mencionar a criação do Contingente Henry Reeve em 2005, para atender desastres e graves epidemias. Até hoje foram ativadas mais de 90 brigadas, algumas que marcaram a história, como o terremoto no Paquistão, o da Indonésia, Nepal, o do Haiti e, claro, o enfrentamento do ebola, na África. Devemos mencionar o combate à COVID-19, quando estivemos presentes em 42 países, com 58 brigadas médicas.

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Atualmente temos 54 brigadas com mais de 22.600 colaboradores, que respondem às necessidades expostas por cada um dos governos que nos solicitam serviços. Nunca chegamos a nenhum lugar para impor nosso sistema de Saúde nem nossos critérios; só nos ajustamos às necessidades de cada lugar, para atender a sua população.

Atendemos a população de todos os continentes, principalmente daqueles que vivem em lugares de difícil acesso e em zonas rurais. Também em países muito distantes de Cuba, como as ilhas do Pacífico, em cerca de 30 da África, na maioria dos territórios caribenhos e em uma grande quantidade de nações latino-americanas.

O Governo dos EUA insiste em fazer crer que a colaboração médica cubana é um tipo de exploração moderna.

Trata-se de uma calúnia. Todos os que vão cumprir alguma missão médica vão voluntariamente, com o único compromisso de colaborar. Nós, que dirigimos a colaboração e os principais quadros do Ministério de Saúde Pública cubano, em algum momento fomos colaboradores. Para todos é uma experiência profissional única e enriquecedora.

Em cada um dos países só ajudamos a população a melhorar seus problemas de saúde. Cada um de nossos médicos vai consciente disso, com o desejo de contribuir com sua renda familiar, com seu povo e com a economia do país.

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O que se gera em cada uma dessas missões é utilizado em Cuba para a sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde Pública. Os cooperantes sabem disso, e sua contribuição melhora as condições de trabalho das instituições, os hospitais, os policlínicos e consultórios.

Apesar desta campanha malsã, continua subindo o prestígio de nossa Medicina no mundo. Hoje temos solicitações de todos os continentes, inclusive, de países do Primeiro Mundo, alguns deles na Europa. Vamos continuar nos lugares onde mais seja necessário.

Recentemente, o Governo dos EUA impôs outras duas medidas que prejudicam a colaboração médica cubana; primeiro, sancionar os países que recebam brigadas e, segundo, ampliar os privilégios para aqueles que desertem…

Isso é parte da mesma linha de pensamento de destruir a obra da Revolução, principalmente uma das ideias mais brilhantes: prestar solidariedade aos mais necessitados.

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Estamos convencidos de que nenhuma estratégia poderá acabar com a ajuda e a assistência que possamos dar porque, apesar destas medidas, aumentaram as solicitações para mais cooperação cubana.

Qual foi sua experiência como colaborador?

Com 25 anos integrei a brigada médica na Guatemala, com apenas um ano de formado, e me coube trabalhar nas montanhas. Depois transitei por outras importantes, como Venezuela, República Dominicana e Nicarágua.

Todas contribuíram para minha formação como médico. A experiência sempre é de aprendizagem. No momento de partir, sempre tenho um nó na garganta. Deixamos muitos amigos e a tristeza nos invade, por ser parte de uma comunidade que nos acolheu como um deles.

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Os médicos cubanos se caracterizam pela irmandade, pelo humanismo, o ajudar estoicamente, e isso nos identifica diante dos profissionais do resto do mundo. Não somos melhores nem piores, somos diferentes.

Integrantes da Primeira Brigada Médica cubana que cumpriu missão internacionalista na Argélia Foto: Orlando Cardona
O Che visitou a Argélia em 1963 e se reuniu com os Integrantes da Primeira Brigada Médica cubana que cumpriu missão internacionalista na Argélia Foto: Arquivo do Granma
Cooperação médica na Venezuela Foto: Calixto N. Llanes


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Nuria Barbosa León

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