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ToggleNesta segunda-feira (1), começou a anunciada “reforma total” dos ministérios do governo do presidente Gustavo Petro com a substituição do titular da Justiça, Néstor Osuna, que será substituído pela renomada jurista Ángela María Buitrago, até há alguns meses candidata a Procuradora-Geral.
Reconhecida na Colômbia por suas investigações sobre violações aos direitos humanos pelas Forças Militares após a tomada do Palácio da Justiça executada pelo M-19 em 1985, a nova ministra foi nomeada em 2015 pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) como especialista de um grupo interdisciplinar para investigar o desaparecimento forçado dos 43 estudantes de Ayotzinapa, México.
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Depois de demonstrar que a verdade oficial era muito diferente da verdade judicial, Buitrago teve que renunciar devido a pressões do exército mexicano, com o qual teve duros enfrentamentos. Sua chegada à equipe ministerial de Petro foi considerada uma recompensa para os defensores dos direitos humanos e um reconhecimento a quem enfrentou temíveis poderes de políticos e chefes regionais aliados a grupos paramilitares.
Sem “acordo nacional”
Analistas locais opinam que sua nomeação é um golpe àqueles que apostavam que as mudanças no gabinete presidencial teriam o propósito de aproximar setores das forças tradicionais em busca de um “acordo nacional”.
“Agradeço ao ministro Osuna por sua imensa colaboração com nosso governo. Um verdadeiro jurista progressista. Agora nos acompanhará a doutora Ángela María Buitrago”, escreveu o presidente Petro em sua conta no X para anunciar a primeira substituição em seu gabinete a 36 dias de chegar à metade de seu mandato.
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O chefe de Estado, que assistiu também na última segunda-feira à posse do novo presidente do Panamá, José Raúl Mulino, havia anunciado no fim de semana a saída do ministro do Interior, Luis Fernando Velasco. O líder colombiano ainda não especificou quem o substituirá no cargo.
Em meio a uma onda de especulações, previsões e prognósticos, o mundo da política está à espera de como ficará composto o novo time de governo que acompanhará o primeiro mandatário na segunda metade do mandato.
Qual será o rumo?
A maioria dos analistas considera que as iminentes substituições serão um sinal inequívoco do rumo que o presidente Petro quer dar à sua administração, até agora – opinam os especialistas – distante das grandes mudanças que ele ofereceu em sua campanha.
O chefe de Estado teve que enfrentar uma oposição feroz da classe empresarial e dos partidos tradicionais ao seu pacote de reformas sociais, e teve que vencer toda classe de obstáculos em seu trâmite pelo poder legislativo.
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Com as pesquisas marcando 61% de rechaço à sua gestão, Petro espera respirar um novo ar, baseado nas experiências aprendidas em seus dois primeiros anos na Casa de Nariño, o frio palácio de grandes colunas onde o chefe de Estado se debate no dilema de radicalizar sua gestão, usando os poderes presidenciais e gerando uma grande mobilização popular, ou buscar um acordo com os setores menos conservadores para ter uma governabilidade pacífica até 2026.
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