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Putin e Zelensky recusam cessar-fogo proposto por Orbán na guerra na Ucrânia

“Não podemos agora declarar um cessar-fogo com a esperança de que a parte contrária (Ucrânia) faça o mesmo", afirmou o mandatário russo com relação às negociações de Orban sobre a Guerra na Ucrânia
Juan Pablo Duch
La Jornada

Tradução:

Beatriz Cannabrava

É impossível um cessar-fogo na Ucrânia sem alcançar acordos que sejam “irreversíveis e aceitáveis” para a Federação Russa, afirmou na última quinta-feira (4) o titular do Kremlin, Vladimir Putin, ao se reunir com jornalistas russos em Astana, Cazaquistão, após a cúpula da Organização de Cooperação de Shangai (OCS).

“Não podemos agora declarar um cessar-fogo com a esperança de que a parte contrária (Ucrânia) faça o mesmo. Não podemos permitir que o inimigo utilize esse cessar-fogo para melhorar sua situação, armar-se, repor seu Exército com ajuda de uma mobilização forçada e estar pronto para continuar o conflito armado”, expressou Putin ao recusar a proposta formulada durante a recente visita a Kiev pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, país que exerce este semestre a presidência rotativa da União Europeia.

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Há poucos dias, com argumentos similares, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também declinou a iniciativa de Orbán de declarar um cessar-fogo simultâneo para iniciar negociações que propiciem um arranjo político.

Acordos de Istambul seguem sobre a mesa

Antes de seu habitual encontro com os repórteres, durante a reunião de chefes de delegação no formato OCS Plus, com observadores e convidados, Putin indicou que Moscou está disposta a negociar um arranjo político na Ucrânia, mas Kiev rejeitou o processo de paz em março de 2022, sob influência da Grã-Bretanha e Estados Unidos. Ele assinalou que “os acordos de Istambul seguem sobre a mesa e podem ser uma base para continuar as negociações”.

Acrescentou que: “Esses acordos, alcançados mediante os bons ofícios do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, a quem quero aqui agradecer por isso, não foram a nenhuma parte, foram rubricados pelo chefe da delegação negociadora de Kiev, o que significa que, segundo todas as aparências, convinham bastante à Ucrânia”.

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Pouco depois, seu porta-voz, Dmitri Peskov, explicou que os acordos de Istambul “poderiam se tornar a base de um arranjo em geral, mas não todas suas disposições e, além disso, vemos que Kiev também os rejeita”.

Negociações devem continuar

De acordo com Putin, a Rússia “agora está disposta a continuar as conversações de paz”, mas não considera conveniente que se façam somente através de um mediador – como Moscou entende que sugeriu Zelensky em fins de junho – “porque é pouco provável que esse mediador esteja facultado para firmar os documentos finais, embora sempre seja bem-vinda a mediação como a que fez Erdogan no processo de Istambul”.

Peskov voltou a explicar que “nem Erdogan nem ninguém pode ser mediador”, devido ao fato de que a Ucrânia “não quer negociar, com ou sem mediador” com a Rússia. A Ucrânia rejeitou categoricamente o plano de paz que Putin apresentou no ministério de Relações Exteriores em meados de junho passado. “Portanto, neste momento, nem Erdogan nem ninguém pode ser mediador”, explicou o porta-voz.

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A Ucrânia, os Estados Unidos e seus aliados rejeitaram a proposta de Putin que prometeu decretar um cessar-fogo e iniciar negociações se o governo de Zelensky se comprometesse a retirar todas as suas tropas dos territórios anexados de Donetsk, Lugansk, Jersón e Zaporiyia, se declarar um país neutro e fora de blocos, renunciar a ingressar na aliança norte-atlântica (Organização do Tratado Atlântico Norte [Otan]) e se o Ocidente levantar todas as sanções contra a Rússia. A proposta foi interpretada em Kiev, Washington e Bruxelas como um “inaceitável ultimato de capitulação” para a Ucrânia.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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