Pesquisar
Pesquisar
Wikimedia Commons

Capacidade mental de Biden: George Clooney e legisladores pedem substituição do candidato democrata

Biden tem capacidade mental questionada. "Não há forma de ocultar o desgaste devido à idade de 'meu amigo'", escreveu Clooney que advertiu: “não vamos ganhar em novembro com este presidente"
Jim Cason, David Brooks
La Jornada
Washington, DC

Tradução:

Beatriz Cannabraa

“Biden está frito”. Esta foi a primeira reação de um veterano observador da política estadunidense ao saber que o ator George Clooney se somou ao desfile de personalidades e políticos, incluindo agora pelo menos 10 legisladores democratas, que têm se expressado publicamente a favor de que o presidente abandone sua campanha de reeleição e ceda o posto a um novo candidato presidencial democrata para enfrentar a ameaça direitista de Donald Trump.

Clooney, o famoso ator e uma das personalidades que foi chave em apoio a Joe Biden com sua fama e suas festas de arrecadação de fundos para os democratas, escreveu em um artigo publicado no New York Times que não há forma de ocultar o desgaste devido à idade de “meu amigo” — ao qual viu há três semanas quando o ator foi anfitrião do evento de arrecadação de fundos para Biden — e advertiu que “não vamos ganhar em novembro com este presidente”.

O ator agregou que essa é a opinião de todos os legisladores com quem falou recentemente. Assinalou o exemplo da França e o sacrifício de uns 100 candidatos para assegurar o triunfo contra a extrema-direita e concluiu: “Joe Biden é um herói; resgatou a democracia em 2020. Necessitamos que o faça de novo em 2024”.

Leia também | Fica ou vai? Deputados, financiadores e mídia dos EUA pressionam Biden a desistir da eleição

Enquanto isso, foi surpreendente a resposta morna da deputada — e ex-presidente da câmara baixa — Nancy Pelosi quando questionada se seguia apoiando a candidatura de Biden.

Em vez de reiterar seu respaldo absoluto, a antiga aliada do presidente comentou: “só quero que faça o que ele decidir”, e curiosamente acrescentou que “todos estamos alertando para que tome essa decisão porque já está acabando o tempo”. Mas Biden leva quase duas semanas insistindo que já decidiu permanecer “até o final” nesta disputa.

Lista que pede renúncia de Biden só aumenta

A lista de legisladores se ampliou na última quarta-feira (10), com o primeiro senador democrata, Peter Welch, somando-se ao coro de deputados e outros políticos e estrategistas democratas que publicamente estão apelando para que Biden se retire da contenda.

Outro senador democrata chave, Michael Bennet alertou, sem solicitar explicitamente que Biden se retirasse, que Trump está em vias de ganhar a eleição “e talvez, por uma margem esmagadora, levando consigo o Senado e a Câmara”.

Outros dois influentes senadores indicaram que Biden necessita “tomar uma decisão” por causa das consequências que esta contenda tem para o futuro da democracia — ou seja, dizendo sem dizer que deve se retirar.

E o presidente se dedicou às suas tarefas como anfitrião de líderes dos países da Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan), mantendo várias reuniões formais e informais elaboradas em parte para mostrar suas plenas capacidades como líder do superpoder militar. A próxima prova pública será uma entrevista coletiva programada para a esta quinta (18), com todos examinando seu desempenho.

Leia também | À frente em 5 estados-chave, Trump tira de Biden eleitores historicamente democratas

Ao mesmo tempo, Biden e seus assessores continuaram recusando e refutando todas as sugestões de sua retirada.

De fato, sua campanha programou outra entrevista de televisão, desta vez na NBC News, em horário de pico para sua transmissão nacional, para a próxima segunda-feira (22). Em toda reunião, seja com prefeitos, governadores ou legisladores, na última quarta-feira (10) com líderes da central operária AFL-CIO (onde reiterou que é o presidente mais pró-sindical na história), Biden e sua equipe insistem que será o candidato e que derrotará Trump.

“Batalha por quem somos como nação”

Pela segunda vez em menos de duas semanas, o conselho editorial do maior e mais influente periódico do país, o New York Times, se pronunciou pela retirada de Biden da campanha e a seleção de um candidato que possa derrotar a ameaça de Trump.

“A eleição presidencial de 2024 não é uma disputa entre dois homens, nem entre dois partidos. É uma batalha por quem somos como nação”.

O texto conclui que Biden “claramente entende o que está em jogo. Mas parece ter se perdido sobre seu próprio papel neste drama nacional… se considera como indispensável. Não parece entender que ele agora é o problema — e que a melhor esperança dos democratas para reter a Casa Branca é que ele se coloque de lado”.

Faltam apenas 40 dias para que Biden chegue à Convenção Nacional Democrata, em agosto, onde, por ora, ele tem toda a intenção de ser coroado formalmente como o candidato presidencial de seu partido.

Proclama-se pelos especialistas – embora não haja regra firme – que uma vez aí, não haverá possibilidade de desafiá-lo se ele não ceder a nominação. No entanto, 40 dias é uma eternidade no âmbito eleitoral, e ainda não se sabe o que poderia acontecer — sobretudo se as sondagens continuarem mostrando uma hemorragia de apoio ao líder.

Ao mesmo tempo, muitos democratas advertem que manter aberto esse debate sobre se Biden permanece ou não só ajuda os adversários.

Assine nossa newsletter e receba este e outros conteúdos direto no seu e-mail.

Por sua parte, os republicanos continuam gozando do presente de Biden e o debate sobre seu incerto futuro. Nesta semana tem início a convenção nacional republicana em Milwaukee, Wisconsin onde Donald Trump será coroado como candidato presidencial.

Aí, os temas centrais serão a estratégia anti-imigrantes, repetida incessantemente por seu candidato, a anulação de medidas ambientais e antidiscriminação e o desmantelamento de algumas partes da burocracia federal, entre eles a promessa de fechar o Departamento de Educação.

Um espetacular texto de propaganda republicana declara que “a demência de Biden está piorando. Não é apto”. Um comentário nas redes que circula com a imagem do anúncio assinala que aqueles [os republicanos] que querem abolir o Departamento de Educação pagaram por um espetacular desenho gigantesco onde escreveram mal a palavra “demência”.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Jim Cason Correspondente do La Jornada e membro do Friends Committee On National Legislation nos EUA, trabalhou por mais de 30 anos pela mudança social como ativista e jornalista. Foi ainda editor sênior da AllAfrica.com, o maior distribuidor de notícias e informações sobre a África no mundo.
David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

LEIA tAMBÉM

1fe87bc8-369d-4b78-beb4-3c0e60d7b520
Qual o preço da aprovação do furo do teto dos gastos? Saiu barato para o centrão!
60c4bd06-ab9f-4bd3-8926-d6d97b0e6289
Por mentir descaradamente durante eleições, Jovem Pan perde monetização no YouTube
a1478090-ccd2-4be6-a65e-9208a13c3341
Com derrota à crueldade fascista, RS dá fôlego à esquerda e retoma diálogo democrático
d3908a35-5d39-49e0-8e1b-a5eb2078d981
Fascistas nas ruas, serviço público precário e prefeito negligente: Porto Alegre volta a 1964