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Toggle66 militares que estavam sob o poder de cerca de 600 camponeses do departamento colombiano de Guaviare, na Colômbia, recuperaram nesta segunda-feira (12) sua liberdade.
Eles haviam capturado 100 elementos, mas na sexta já haviam liberado cerca de 40.
As forças militares informaram que, após mais de 72 horas, os militares, pertencentes à Força Tarefa Omega, começaram a sair da área onde estavam.
O desfile dos militares, custodiados por integrantes da Guarda Camponesa, armados com paus, saindo das áreas onde realizavam patrulhas, foi precedido por declarações do ministro da Defesa, Iván Velázquez, que ameaçou as guerrilhas do denominado Estado Maior Central (EMC) com romper a trégua vigente até 15 de outubro se os soldados não fossem liberados.
Calarcá, máximo chefe do EMC, respondeu ao ministro que a guerrilha não tinha relação com os fatos, ressaltando que a retenção dos soldados foi uma decisão dos camponeses, cansados da agressividade da força pública durante as patrulhas.
O governador do Guaviare, Johny Rojas, junto com funcionários das missões da ONU e da OEA, foram garantidores durante a entrega dos militares, que – notificou a Força Tarefa Conjunta – retornarão o mais rápido possível às mesmas atividades que executavam.
Segundo os comandantes militares do Guaviare, as operações militares visam desestimular um aumento sem precedentes das extorsões contra pecuaristas e comerciantes do departamento, porta de entrada para a Amazônia colombiana.
Mais informações sobre a ação dos camponeses
Campesinos dos departamentos de Meta e Guaviare, ao sul-oriente da Colômbia, mantiveram em seu poder 100 soldados pertencentes à Força Tarefa Omega que realizava patrulhas há vários dias na zona.
Os camponeses, organizados em guardas camponesas, alegam que a força pública tenta impor um regime de controle absoluto sobre a região, monitorando a mobilidade dos habitantes, assim como o trânsito de mercadorias e insumos para a pecuária e os cultivos de arroz.
Fontes militares disseram que os militares haviam aumentado suas operações após graves denúncias de que Cancharino, comandante de uma estrutura do Bloco Jorge Suárez Briceño, havia convocado no final de julho passado empresários e comerciantes para notificá-los sobre um aumento no pagamento de “impostos” e extorsões.
Sem violência contra os militares
Ao longo de uma jornada, as guardas camponesas, que usam uniformes e estão equipadas com paus, foram cercando os soldados, até que na noite de sexta-feira (9) os cercaram, “sem que tivesse sido disparado um único tiro ou ocorrido algum episódio de violência”, segundo relatou por telefone ao La Jornada um antigo líder regional do Guaviare.
Enquanto em San José, capital do Guaviare, o governador Yeison Rojas se reunia com comandantes militares e funcionários das missões da ONU e da OEA para conseguir a pronta liberação dos soldados, em Bogotá reinava a incerteza sobre os efeitos que esse novo choque entre a força pública e a população civil pudesse ter sobre os diálogos de paz que o governo e as dissidências das FARC mantêm, a cujo bloco Jorge Suárez Briceño o exército atribui o incremento das extorsões.
Este tem sido um tema recorrente ao longo de mais de 10 meses de negociações tormentosas nas quais, segundo analistas, sobraram propostas e faltaram execuções.
A guerrilha, conhecida como EMC, se dividiu há três meses, e o governo suspendeu a trégua com importantes estruturas militares que operam no sudoeste do país, nos departamentos de Cauca e Nariño, atualmente os grandes campos de batalha dos confrontos sem fim que perseguem sem trégua a Colômbia.
Atentato contra Petro
O presidente Gustavo Petro iria ser vítima de um poderoso atentado no passado dia 20 de julho, informou, na última sexta-feira (9), o ministro da Defesa, Iván Velásquez.
Velásquez expôs aos meios de comunicação que, “desde a ruptura dos diálogos com as dissidências das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), há uma estratégia constante que busca a proteção da integridade do presidente”. Ele acrescentou que não daria detalhes específicos sobre os ataques, confirmando que foram apresentadas informações de diversas naturezas a respeito de possíveis explosões de grande alcance.
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Assassinato de empresário de esmeraldas
A polícia informou, na tarde da última quinta-feira (8), que o empresário de esmeraldas Juan Sebastián Aguilar havia sido assassinado por um franco-atirador ao norte da cidade, onde se encontrava na companhia da ex-senadora Sandra Ortiz, eficaz operadora política trazida para a Casa de Nariño por Petro desde o começo de seu mandato e que brilhou na execução das iniciativas governamentais.
No entanto, quando se desatou o mais forte escândalo desta administração, a funcionária ficou presa em uma teia de versões que a levaram a oferecer sua renúncia.
Esmeraldas e a morte de Aguilar
A respeito da morte de Aguilar, Sandra Ortiz disse que “em sua região era amigo de todos”, um empresário que recebeu o reconhecimento de sua região, sempre contou com o apoio de outros empresários de esmeraldas e pela manhã havia voado a Bogotá no helicóptero do governador de Boyacá, Carlos Amaya.
Embora durante o primeiro semestre do ano o volume da dupla esmeraldas-violência tenha diminuído, os empresários anunciaram que não permanecerão de braços cruzados, pois esta é uma das atividades produtivas que mais emprego gera à economia nacional.
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Em 20 de julho, data em que se celebra a independência nacional, Petro chegou três horas atrasado aos atos comemorativos, alegando problemas de agenda e de trânsito urbano, o que foi recordado hoje por Velázquez.
A cena deste novo escândalo conta com os papéis da ex-diretora da Unidade Regional da Presidência, o franco-atirador que matou com um tiro certeiro um inimigo, um governador e pelo menos sete congressistas, suficientes – opinam os analistas – para que se abra uma nova frente de guerra entre Petro e os ilegais.
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