Com poderosas bancadas parlamentares e presença em todas as instituições de Estado, notadamente nas forças armadas e policiais: assim se deu a captura do poder pelos militares, em 2018, através da farsa eleitoral e que resultou no governo que aí está. Um governo de militares a serviço dos Estados Unidos.
Neste ano, disputam a eleição com chapa pura do Partido Militar, hoje disfarçado de Partido Liberal (PL), tendo para presidente o capitão Jair Bolsonaro e general Braga Neto para vice.
Vamos analisar o que é que Bolsonaro chama de “meu exército”:
Há até pouco tempo se pensava que ele se referia às milícias formadas nas periferias dos grandes centros urbanos por policiais militares, na ativa, na reserva ou expulsos da corporação mais e os chefes de todos os tráficos.
Bolsonaro transformou seu gabinete do ódio em uma verdadeira milícia digital nas eleições
Sim, é isso, mas muito mais. Agora se somam a esses, cerca de um milhão ou mais de pessoas que integram os clubes de tiro, os Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs).
Cada membro dos CACs pode comprar 15 fuzis, ou seja, pode armar 15 pessoas e já são 674 mil desses clubes de caçadores, atiradores e caçadores por todo o país.
Segundo fontes oficiais, já entraram um milhão de armas para essa gente nos últimos anos, ou seja, a partir de 2018. O que acontece se cada um desses portadores de 15 fuzis armar outras dez pessoas?
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Um descalabro catastrófico, em que a cada 24 horas 449 pessoas obtêm licença para usar arma.
Se resolvem nos declarar guerra quem nos protegerá?
Os efetivos armados do Estado não chegam ao milhão: polícias militares são 406 mil e forças armadas, 360 mil.
Apesar de no Brasil existir um Estatuto do Desarmamento, a lei está sendo violada e o judiciário é cúmplice.
Armados ou não, essa gente, mais as pessoas do agro predador, os empresários sonegadores e escravagistas, mais os fundamentalistas religiosos e militares conformam hoje o exército de cibermilicianos, que trabalham agitando nas redes sociais para confundir o eleitor e garantir a reeleição.
Para se ter uma ideia do poder que têm e o estrago que estão a promover, o jornal Estado de S. Paulo de 6/09/22 diz que 25 desses cibermilicianos bolsonaristas manejam canais na web com 30 milhões de seguidores.
A situação é crítica para os verdadeiramente democratas e para a esquerda e centro perfilados com Lula. A última pesquisa do Ipec mostra Lula estabilizado em 44% e Bolsonaro com 31%, tendo perdido um ponto, bem como a ascensão dos trapalhões Ciro 8% e Tebet 4%. Na pesquisa passada, esses dois somavam 10 pontos, agora somam 12, o que, para felicidade dos pregadores do caos, nos leva a um segundo turno.
Levantamento realizado pela Agência Pública junto ao TSE constatou 1.520 registros de candidaturas identificadas como na ativa ou reformado das forças armadas, ou das forças de segurança. Eles estão distribuídos em 22 partidos, sendo que expressiva maioria está no PL, seguido do Republicanos e demais partidos do Centrão. Em 2018, eram 1.186 os candidatos identificados na urna como militares.
Esses são os que se identificam na urna. Contando os que não se identificam como militares, esse número quase dobra. O Rio de Janeiro lidera com 295 candidatos, seguido do Distrito Federal, com 99. No PL, hoje Partido Militar, são 233 candidatos.
Olhando por outro ângulo, o Centrão, com suas 350 cadeiras na Câmara, tem 1.500 candidatos para tentar garantir a continuidade do que configura uma ditadura de maioria, o rolo compressor que tem aprovado todas as maldades do mundo, como, por exemplo, a porteira aberta para o saque de toda a riqueza da nação; ademais de ter se apropriado do orçamento da união e abdicado da dignidade do legislativo.
Aos progressistas e à esquerda não há outro caminho senão liquidar com as eleições já no primeiro turno e reduzir as chances de essa frente militar eleita se juntar a sonhos golpistas de Bolsonaro. O segundo turno é outra eleição e o capitão vai usar ainda mais a máquina pública, a igualdade de exposição no horário eleitoral e o apoio explícito de governadores e prefeitos para se perpetuar no poder.
Paulo Cannabrava Filho, jornalista latino-americano e editor da Revista Diálogos do Sul.
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