Os uruguaios foram às urnas no domingo e 85% dos mais de 2,6 milhões de eleitores participaram no referendo convocado com as assinaturas da esquerda sindical e política do país. O objetivo era travar boa parte – 135 dos 476 artigos – da “Lei de Urgente Consideração”, aprovada no Parlamento em julho de 2020 através de um expediente que reduz o tempo de debate parlamentar e em tempo de pandemia.
Com a quase totalidade das mesas com contagem fechada, o “Não” [à revogação dos artigos] venceu à tangente com 49,9% dos votos válidos (51% quando somados os votos brancos), enquanto o “Sim” obteve 48.8%, uma diferença de cerca de 22 mil votos. O resultado confirma a divisão política no país, mas também a forte capacidade de mobilização da oposição de esquerda, após semanas em que as sondagens davam uma vitória confortável ao presidente, que procurou transformar o referendo num plebiscito ao seu mandato.
Frente Amplio – Reprodução Twitter
Nas leis do trabalho, educação, saúde e economia, as alterações vão no sentido liberalizador que é a imagem de marca da atual maioria
Na prática, esta Lei de Consideração Urgente, com os seus 476 artigos, traduz num único documento boa parte do programa do governo de coligação liberal, e que vão deste a reforma do sistema de pensões, o aumento das penas de prisão para a criminalidade juvenil, a abertura a novas privatizações, restrições às manifestações e mais poderes para a polícia as dissolver pela força. Nas leis do trabalho, educação, saúde e economia, as alterações vão no sentido liberalizador que é a imagem de marca da atual maioria.
Uruguai: esquerda se fortalece, mas por 1% não derruba reforma liberal de Lacalle Pou
O referendo foi convocado pela esquerda, ao conseguir juntar 800 mil assinaturas para impugnar a lei nas urnas, um número recorde na história do país. E o resultado final da consulta confirma que o governo de Lacalle Pou não terá vida fácil até às próximas eleições, marcadas para 2024.
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