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ToggleNa noite do último domingo (23), a jornalista mexicana Maria de Lourdes Maldonado López foi morta por um disparo de arma de fogo na cabeça. Ela estava em seu carro, do lado de fora de sua casa, na cidade de Tijuana, estado de Baixa Califórnia, no México.
Lourdes trabalhava no veículo Noticieros Televisa como repórter e apresentadora de programas de rádio. Há uma semana, ela havia vencido uma ação trabalhista contra a emissora de televisão Media Sport de México (PSN), do ex-governador Jaime Bonilla, onde trabalhou por seis anos. A quantia a receber por salários e benefícios, estipulada pelo processo, seria em torno meio milhão de pesos (R$ 132.250,00).
Lourdes Maldonado já havia denunciado perseguições e ameaças. Em 2019, pediu proteção diretamente ao presidente do México, Manuel López Obrador, durante uma coletiva de imprensa e, desde 2021, estava registrada no Mecanismo Estadual de Proteção a Jornalistas e Defensores de Direitos Humanos. Mesmo assim, a jornalista não contava com guarda permanente.
Lourdes foi a segunda jornalista assassinada em Tijuana apenas neste primeiro mês de 2022. No dia 17 de janeiro, também a tiros, foi morto o fotojornalista Margarito Martínez Esquivel. Seu corpo foi encontrado do lado de fora de sua casa por sua esposa e sua filha de 16 anos.
Ele vinha recebendo ameaças no Facebook, acusado de administrar páginas de fofocas sobre o submundo do narcotráfico. Mesmo com a ajuda do coletivo #YoSiSoyPeriodista desmentindo publicamente a ligação de Esquivel com as publicações, acabou morto.
Reprodução/YouTube
Lourdes Maldonado, durante coletiva de imprensa em que pediu ajuda ao presidente do México, López Obrador, em 2019
Já em 10 de janeiro, foi executado o diretor do jornal digital Inforegio, José Luis Gamboa Arenas, esfaqueado no estado de Veracruz. Tanto Esquivel quanto Arenas cobriam temas ligados a segurança pública, cartéis de drogas, violência e corrupção.
A Comissão de Direitos Humanos da Cidade do México condenou o assassinato de Lourdes Maldonado e solicitou via redes sociais que as autoridades investiguem e esclareçam os fatos. O presidente López Obrador declarou que “o que aconteceu em Tijuana dói muito, é muito lamentável” e que vão fazer toda a investigação. A polícia mexicana trabalha no caso, mas ainda não há suspeitos ou detidos ligados ao crime.
Perigo para jornalistas
O México é o país mais perigoso do mundo para jornalistas, segundo o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) e a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). A RSF aponta que em 2021 foram assassinados 46 profissionais no globo, sendo sete no México e seis no Afeganistão. Nos últimos cinco anos, 47 jornalistas foram assassinados apenas no país norte-americano.
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Os casos de violência no México aumentaram desde 2006, quando o então presidente Felipe Calderón declarou guerra ao crime. Desde então, não apenas jornalistas, mas também defensores de direitos humanos e outros profissionais foram assassinados — crimes que constituem legítimos ataques à liberdade de expressão, mobilização, direito pela livre informação, defesa do meio ambiente e promoção das garantias fundamentais. Ao mesmo tempo, os dados expõem a falta de comprometimento do Estado e dos veículos de comunicação quanto à proteção dos jornalistas.
O Brasil também apresenta indicadores alarmantes. Um levantamento divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no ano passado revela que o país foi território com mais letal na América do Sul nos últimos cinco anos, com 14 jornalistas mortos.
Outro estudo, também da RSF, mas especificamente sobre mulheres jornalistas nomeado “O jornalismo frente ao sexismo”, mostra que o Brasil é um dos 40 países menos seguros para mulheres e mães jornalistas. A pesquisa foi feita em cinco continentes, com dados de 112 países. O Brasil foi classificado como Perigoso e o México como Muito Perigoso.
* Com informações de: La Jornada, Infobae, Estrategia.la, Página 12 e Poder 360.
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