Conteúdo da página
ToggleAssassinado no dia 7 de julho de 2021, o ex-presidente do Haiti, Jovenel Moïse, continua causando burburinho. Empresário do setor bananeiro, Moïse chegou ao poder em fevereiro de 2017, em um cenário caracterizado por crise econômica, protestos, escândalos de corrupção e até fechamento do Parlamento.
Desde o início das investigações sobre a morte de Moïse, dezenas de pessoas foram detidas por suspeita de participação no magnicídio. As autoridades chegaram aos nomes de 20 ex-militares colombianos, mas a identidade do mandante permanece um mistério.
Em entrevista ao El País em fevereiro do ano passado, o ex-presidente havia alertado que um grupo de políticos e empresários estava atrás dele em decorrência das suas medidas contra o narcotráfico no Haiti.
Segundo reportagem do The New York Times, Moïse trabalhava em uma lista com nomes da alta sociedade envolvidos no tráfico de drogas, ordenou a destruição de uma pista de pouso clandestina utilizada por aeronaves da Colômbia, realizou uma limpeza na alfândega e pretendia nacionalizar um porto marítimo com suspeita de ser a porta de entrada de mercadorias contrabandeadas.
Séculos de luta não serão sufocados. Haiti vai se reerguer em seu caminho para a liberdade!
A viúva do ex-parlamentar, Martin Moïse, declarou em depoimento que após sofrer ferimentos dos agressores que saquearam sua casa na noite do assassinato, se fingiu de morta e viu os pistoleiros revirarem os cômodos em busca de documentos.
Um dos principais nomes da lista de Moïse seria o do empresário haitiano Charles Saint-Rémy, há anos identificado pela Agência de Combate às Drogas dos Estados Unidos (DEA) por envolvimento no tráfico de drogas. O empresário ainda é cunhado do ex-presidente do país Michel Martelly, conhecido por impulsionar a campanha presidencial de Moïse e atuar de forma frequente em seu mandato.
ONU
Jovenel Moïse, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, 2018.
Investigação segue em aberto
No último sábado (15), o ex-senador do Haiti, John Joel Joseph, foi detido na Jamaica. Considerado pela polícia local como “perigoso e armado”, Joseph está preso por suspeita de participação no assassinato de Jovenel Moïse.
Também neste mês, o ex-soldado colombiano Mario Palacios foi acusado nos Estados Unidos de integrar o grupo de homens que invadiram a residência oficial em julho de 2021.
Assista na Tv Diálogos do Sul
O Congresso norte-americano ordenou uma investigação detalhada sobre o magnicídio. Caberá ao Departamento de Estado analisar as circunstâncias em torno do assassinato e expor se algum dos responsáveis pelo crime trabalhou para o governo dos Estados Unidos em algum momento.
Histórico de instabilidade
Um mês após o crime contra Moïse, o território haitiano foi castigado com um forte terremoto que deixou cerca de 2,1 mil mortos e mais de 30 mil pessoas desalojadas. De acordo com especialistas, o Haiti ainda não superou os efeitos causados pelo terremoto de 2010.
Além das recorrentes crises políticas e econômicas e dos desastres climáticos, o país sofre com intervenções estrangeiras que ao invés de levarem ajuda humanitária, propagam violência e desorganização. Tropas dirigidas por militares brasileiros fazem parte.
Com hospitais lotados e escassez de alimentos, o país foi o último da América Latina e Caribe a receber imunizantes contra a covid-19.
Beatriz Contelli colaboradora da Diálogos do Sul.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
Assista na TV Diálogos do Sul
Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.
A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.
Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:
-
PIX CNPJ: 58.726.829/0001-56
- Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
- Boleto: acesse aqui
- Assinatura pelo Paypal: acesse aqui
- Transferência bancária
Nova Sociedade
Banco Itaú
Agência – 0713
Conta Corrente – 24192-5
CNPJ: 58726829/0001-56
Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br