O aumento da fome bateu um trágico recorde na América Latina e o Caribe: em 2020, mais de 13,8 milhões de novas pessoas não tiveram acesso à comida ou ficaram um dia ou mais sem se alimentar, na comparação com 2019. O cenário aponta para um aumento de 30% da fome na região, que atinge 59,7 milhões de pessoas e cresceu mais do que o registrado em outras partes do globo.
É o que revela o relatório Panorama Regional de Segurança Alimentar e Nutricional 2021, lançado nesta terça-feira (20). O trabalho foi realizado em conjunto por cinco agências do sistema da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o levantamento, a prevalência da fome na região chega a 9,1% e é a mais alta em 15 anos. Para a organização, isso se explicaria pelo impacto que a pandemia de covid-19 teve, em particular, na região: com apenas 8,4% da população mundial, representou 27,8% das mortes pela doença no mundo.
Além disso, a queda do poder aquisitivo também é outro dado importante que se reflete na falta de acesso à alimentação. O Produto Interno bruto (PIB) da América Latina e o Caribe registrou uma queda de 7,7% em 2020.
Victoria Porras /FAO
Os índices de fome na América Latina e no Caribe são de 9,1%, a marca mais alta dos últimos 15 anos. –
Insegurança alimentar por níveis
Segundo os critérios utilizados pela ONU, a insegurança alimentar é medida entre os níveis “moderado” (acesso incerto à alimentação) ou “grave” (em acesso, em absoluto).
Os dados de insegurança alimentar quase duplicaram em relação a 2014. Em 2020, 14% da população sofreu com insegurança alimentar grave, ou seja, 92,8 milhões de pessoas, enquanto essa cifra, em 2014, apontava para 47,6 milhões de pessoas.
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Outro dado revelado pelo relatório é a perspectiva de gênero sobre a problemática. Mulheres representam 41,8% da população em situação de fome; enquanto para os homens, a fome atingiu 32,2% deles.
“Este relatório mostra-nos uma dura realidade que devemos enfrentar para mitigar a situação da população mais vulnerável”, afirmou à FAO Lola Castro, diretora regional do Programa Mundial de Alimentos, uma das organizações que realizaram o estudo. “Ao expandir os sistemas nacionais de proteção social, por exemplo, os governos podem chegar aos mais necessitados com assistência para ajudá-los a superar esses tempos difíceis”, disse.
O trabalho conclui que, para combater a fome, é necessário transformar os sistemas alimentares, a forma de produção, processamento, distribuição e consumo de alimentos. Para isso, afirmam, seria necessário implementar sistemas sustentáveis e inclusivos, “que garantam o acesso à dieta saudável”.
Fernanda Paixão, Brasil de Fato | Buenos Aires, Argentina
Edição: Thales Schmidt
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