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Comissão que investigará gestão federal da pandemia deixará explicita afirmações genocidas de Bolsonaro

O professor Di Mauro faz uma análise sobre os temas mais recentes dos noticiários, entre eles a Cúpula do Clima e a sentença do caso George Floyd
Claúdio di Mauro
Diálogos do Sul Global
Uberlândia

Tradução:

Me refiro ao Mundo diante da condenação do ex-policial, branco, Derek Chauvin de Minnesota que foi condenado pelo assassinato por asfixia do George Floyd. A postura da Polícia dos Estados Unidos tem se mostrado extremamente violenta na perseguição às pessoas pretas e pobres.

Assim, com esta condenação do ex policial Derek Chauvin que terá a pena anunciada 16 dias após a data do julgamento, faz-se justiça e mais do que isso, expressa uma simbologia de que a sociedade estadunidenses repudia o crime com conotação racista.

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E isso tem repercussão em nosso país, onde há matanças de jovens pretos, moradores em favelas e periferias econômicas, atacados e dizimados. Já nascem e crescem como suspeitos por crimes, pela cor e pela situação de pobreza. 

A condenação de Chauvin deveria ser estendida ao sistema policial que o treinou para tais ações.  O ex-policial não é culpado, sozinho, suas chefias e o sistema ao qual está vinculado estão organizados para essas ações. 

O professor Di Mauro faz uma análise sobre os temas mais recentes dos noticiários, entre eles a Cúpula do Clima e a sentença do caso George Floyd

Wikimedia
Ilustração

Luta de classes

Assim fica explícito o caráter que expõe a luta de classes que o capitalismo exerce em relação às populações empobrecidas pelo sistema. Condena o racismo, não apenas como uma questão identitária, mas incorporada à luta de classes.

Essa condenação, demonstra a fragilidade e o desgaste do capitalismo com sua história imposta pelos colonizadores, que fizeram a matança dos milhares de componentes dos povos originários de toda a América (Norte, Central e Sul), da escravidão impingida às populações que foram trazidas e escravizadas desde a África.

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Torna-se indispensável e é preciso superar essa fase das relações sociais e econômicas que marcam nossos tempos, nos países onde está imposta a maneira de vida ocidental pautada no capitalismo. A mundialização tem privilegiado os conceitos neoliberais, portanto no capitalismo que tem levado as tentativas de implantar governos neofascistas, em diversos países, a exemplo do Brasil.

A condenação do assassino de Floyd não deve ser vista como uma vingança pelo crime cometido, mas, o necessário respeito às Leis e ao adequado processo judicial, indispensáveis para a vida em coletividade.

Cúpula do Clima

Outro acontecimento internacional que teve enorme repercussão mundial envolvendo o Brasil foi a Cúpula do Clima, promovida pelo Presidente dos Estados Unidos Joe Biden com objetivo de debater a situação Climática do Globo. 

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No final deste ano teremos a Conferência (COP) organizada pela ONU e que se constituirá no momento oficial. Mas, esta reunião realizada nos Estados Unidos teve o condão de se constituir na reunião prévia.

O Brasil foi representado pelo Presidente da República Jair Bolsonaro e pelo Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. Ambos foram tratados com descaso, sem nenhuma importância, a ponto do Presidente dos Estados Unidos ter se ausentado da Reunião, dez minutos antes de Bolsonaro discursar. 

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Nos discursos dos brasileiros foram assumidos compromissos que mais se caracterizam como se o País estivesse arrependido de tudo o que tem sido feito em suas políticas públicas. Na prática, o que tem sido realizado são os desmontes das políticas ambientais e dos recursos hídricos, bem como dos órgãos de controle e fiscalização.

Os servidores federais vinculados aos órgãos de fiscalização, produziram documento demonstrando a situação de penúria gerada por atos do governo. Nessas condições como Bolsonaro pretende exterminar o desmatamento ilegal da Amazônia até 2030?

Como antecipar medidas que não contam com a estrutura necessária que permita o cumprimento de suas promessas para o mundo?

Ficou explícito que as afirmações de Bolsonaro são fantasiosas e não possuem qualquer relação com suas práticas atuais.

CPI da Pandemia

Mas, o fato de enorme destaque nestes dias é a instalação no âmbito do Senado Federal da CPI do Coronavírus- A CPI da Pandemia.

Os governistas sabem que essa CPI é fatal. Tem motivos suficientes para ocasionar o impedimento do Presidente da República e criminalizar alguns de seus auxiliares, a exemplo do ex-Ministro e General do Exército Pazuello.

É irremediável para o governo Bolsonaro o fato de que fazem parte da CPI em sua maioria, senadores que possuem uma visão crítica à condução da Pandemia no Brasil.

Seja pela demora de providenciar condições técnicas para atenção aos doentes; seja pela ausência de testes que permitiram o acompanhamento e controle de pessoas contaminadas; seja pela negação ou omissão na compra de vacinas para se antecipar ao surto descontrolado; seja  pela ausência de recomendação para providências no uso de máscaras e distanciamento social; seja na recomendação de um kit de atenção preventiva que não oferece qualquer segurança científica no uso. Enfim, há muitos motivos para incriminar a política tida como genocida, adotada pelo governo federal.

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O esforço dos governistas para impedir que o Senador Renan Calheiros assumisse a Relatoria da CPI , a ponto da Deputada Federal Carla Zambelli ter procurado a justiça para impedir que o Presidente da CPI e Senador pelo Amazonas Omar Aziz fizesse tal indicação. Afinal o Relator da CPI é indicado pelo Presidente da Comissão. Não há eleição para tal decisão.

Derrotados na Justiça com a derrubada da liminar concedida por um Juiz de Primeira Instância, os governistas terão que amargar o pior do que fizeram ao aguçar os ânimos do enfrentamento.

Nesta semana, haverá a primeira reunião da CPI do COVID, após eleição de seu Presidente Omar Aziz e Vice Presidente o Senador Randolfe Rodrigues, e Renan Calheiros como Relator. Início dos trabalhos, quando veremos a metodologia de trabalho que será adotada.

Se for na direção apontada pelo economista Paulo Nogueira Batista Júnior, os trabalhos pegarão na jugular do Governo Federal.

Cláudio Di Mauro é geógrafo, ex-prefeito de Rio Claro (Sp) e colaborador da Diálogos do Sul


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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