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Em meio à pandemia, Estados Unidos podem estar às vésperas de um tsunami de despejos

“Emily Benfer, especialista em despejos e advogada na área da justiça da saúde, estima que cerca de 40 milhões de estadunidenses possam ser despejados
Redação AbrilAbril
AbrilAbril
São Paulo (SP)

Tradução:

Com as moratórias sobre despejos a expirarem e o fim dos cheques de apoio aos desempregados, muitas famílias não conseguem pagar os aluguéis e enfrentam o risco de serem expulsas de suas casas.

Na sexta-feira (24), expirou a moratória federal sobre despejos em propriedades com hipotecas apoiadas pelo governo e para inquilinos em andares também apoiados pelo governo, depois de o Congresso ter aprovado, em março, um pacote de mais dois bilhões de dólares em ajudas de emergência, no contexto da crise da pandemia. O Urban Institute estima que estes fundos cobriam quase 30% de todas as habitações alugadas no país, revela a CNBC.

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O assessor econômico da Casa Branca Larry Kudlow disse no domingo que iria prolongar a moratória, mas, neste momento, os inquilinos estão desprotegidos contra os despejos. Quase em simultâneo, cerca de 25 milhões de norte-americanos deixam de receber, no dia 31 de julho, os cheques federais com 600 dólares semanais pela situação de desemprego. No entanto, o Gabinete do Orçamento do Congresso dos Estados Unidos estima que a taxa de desemprego continue elevada ao longo deste ano e do ano que vem, refere a CNBC.

Entretanto, também está a terminar a maioria das moratórias sobre os despejos aprovadas nos diversos estados, sendo que os processos de despejo já podem continuar em cerca de 30 estados. No Havaí e Illinois terminam esta semana e, em agosto, os despejos serão retomados em Nova Iorque e Nevada.

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“Emily Benfer, especialista em despejos e advogada na área da justiça da saúde, estima que cerca de 40 milhões de estadunidenses possam ser despejados

Foto: Valerie Macon – CNBC
"Perdoe nosso aluguel": Apenas 26% dos inquilinos afro-americanos disseram estar confiantes em poder continuar a pagar o aluguel.

Emily Benfer, especialista em despejos e advogada na área da justiça da saúde, estima que, no contexto da crise de saúde pública, cerca de 40 milhões de norte-americanos possam ser despejados, sendo obrigados a sair de suas casas nos próximos meses.

Percentagem de famílias em cada estado dos EUA incapazes de pagar o aluguel e em risco de despejo, 2 de Julho de 2020. / Stout Risius Ross / CNBC

Na primeira semana deste mês, um em cada três inquilinos não conseguiu pagar por completo o aluguel do seu apartamento, segundo revelou a Apartment List. “Não é nada que alguma vez tenhamos visto”, disse John Pollock, coordenador da National Coalition for a Civil Right to Counsel, um movimento sediado em Baltimore que defende o direito de todos os cidadãos à assistência jurídica, na defesa dos seus direitos fundamentais.

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Em 2016, houve 2,3 milhões de despejos, disse Pollock. “Esse número pode ser alcançado em agosto”, sublinhou.

Uma análise da firma de assessoria Stout Risius Ross revela que o desemprego massivo deixou mais de 40% das famílias com casas alugadas em risco de despejo. Alguns estados serão mais duramente atingidos do que outros, segundo a Stout. Por exemplo, quase 60% dos inquilinos na Virgínia Ocidental estão em situação de risco, quando no estado de Vermont essa percentagem não ultrapassa os 22%.

Os afro-americanos são especialmente vulneráveis. Enquanto quase metade dos inquilinos brancos afirma estar confiante em poder continuar a pagar o aluguel, apenas 26% dos inquilinos afro-americanos dizem o mesmo.

Cerca de metade dos inquilinos hispânicos disseram ter pouca ou nenhuma confiança em poder ficar a viver nas suas casas.

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“Sabemos que os despejos sempre tiveram um impacto desproporcionado nos inquilinos de cor devido à discriminação e à falta de recursos”, disse Pollock. “Mas, quando olhamos para esta disparidade entre as pessoas que podem pagar o aluguel e as que não podem, é quase difícil expressar quão grave será a desigualdade se não houver uma intervenção de monta”, frisou.

Redação AbrilAbril


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

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