Pesquisar
Pesquisar

Mais da metade da população mundial deve estar na pobreza após a pandemia, diz estudo

Consequência da pandemia pode representar atraso de décadas na luta contra a pobreza, concluiu a Oxfam em relatório
Gabriella Sales
Revista Fórum
São Paulo (SP)

Tradução:

A Oxfam, organização mundial que trabalha no combate à pobreza e desigualdades, divulgou um relatório nesta quinta-feira (9) sobre a crise do coronavírus e seus impactos para população mundial. Segundo os estudos, meio bilhão de pessoas podem ser levadas à pobreza após a crise.

Segundo a Oxfam, os impactos da pandemia nas economias mundiais podem levar de 6% a 8% da população mundial a atingir os níveis de pobreza. “Isso pode representar um retrocesso de uma década na luta contra a pobreza – em algumas regiões, como a África subssariana, norte da África e Oriente Médio, essa luta pode retroceder em até 30 anos. Mais da metade da população global pode estar na pobreza depois da pandemia”, calcula a organização.O relatório utiliza dados desenvolvidos pela United Nations University World Institute for Development Economics Research (UNU-WIDER), King’s College London e Australian National University 

Consequência da pandemia pode representar atraso de décadas na luta contra a pobreza, concluiu a Oxfam em relatório

Reprodução: Winkiemedia
Segundo a Oxfam, os impactos da pandemia nas economias mundiais podem levar de 6% a 8% da população mundial a atingir os níveis de pobreza.

De acordo com a Oxfam, cerca de dois bilhões de pessoas trabalham de forma informal no mundo, e apenas 20% das pessoas desempregadas recebem benefícios de seguro-desemprego e semelhantes.

Katia Maia, diretora executiva da organização, comenta que o papel do Estado é essencial nesse momento de crise. “O coronavírus coloca o Brasil diante de uma dura e cruel realidade ao combinar piores indicadores sociais, em um mesmo local e na mesma hora. E é nesse momento que o Estado tem um papel fundamental para reduzir esse impacto e cumprir sua responsabilidade constitucional tanto na redução da pobreza e das desigualdades como na garantia à vida da população”, afirma.

Para Maia, o auxílio de R$ 600 reais proposto pelo governo federal é um começo, mas está longe de ser suficiente. “Estamos diante de uma situação de extrema gravidade. É hora de agir com seriedade, rapidez, transparência, eficiência e coerência. Estamos vivendo um momento em que a prioridade deve ser a responsabilidade humana, tanto em preservar vidas como em fornecer as condições econômicas para a maioria excluída do nosso país”, diz.

O relatório também destaca que é essencial voltar a atenção para as mulheres nesse momento. Elas representam 70% da força de trabalho em saúde pelo mundo e 75% das pessoas que prestam cuidado não remunerado a crianças, doentes e idosos.

“Os governos precisam aprender as lições da crise financeira de 2008, quando a ajuda a bancos e corporações foram pagas pelas pessoas comuns, que perderam seus empregos, tiveram seus salários achatados e serviços essenciais como os de saúde sofreram profundos cortes de financiamento. Os pacotes econômicos de estímulo têm que apoiar trabalhadores e pequenos negócios, e ajudas a grandes corporações têm que estar condicionadas a ações para a construção de economias mais justas e sustentáveis”, completa Maia.

Veja também


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Gabriella Sales

LEIA tAMBÉM

Com Trump, EUA vão retomar política de pressão máxima contra Cuba, diz analista político
Com Trump, EUA vão retomar política de "pressão máxima" contra Cuba, diz analista político
Trump quer desmontar Estado para enriquecer setor privado; Musk é o maior beneficiado
Trump quer desmontar Estado para enriquecer setor privado dos EUA; maior beneficiado é Musk
Modelo falido polarização geopolítica e omissão de potências condenam G20 ao fracasso (2)
Modelo falido: polarização geopolítica e omissão de potências condenam G20 ao fracasso
Rússia Uso de minas antipessoais e mísseis Atacms é manobra dos EUA para prolongar conflito
Rússia: Uso de minas antipessoais e mísseis Atacms é manobra dos EUA para prolongar conflito