Pesquisar
Pesquisar

A quem interessa o caos instaurado com crise do petróleo e pânico com coronavírus?

Vivemos uma Infodemia, pandemia da informação mais perigosa e mortal do que surto virótico enquanto assistimos à queda do império dos EUA
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

O mundo está em pânico. Isso é o que se infere do noticiário sobre o acontecer mundial. O mundo, que já estava em surto psicótico, entrou numa fase de síndrome do pânico generalizado.

Na segunda-feira (9), o preço do petróleo caiu em torno de 30% e o medo do coronavírus paralisou atividades em países tão importantes como a Itália, o que fez com que bolsas do mundo inteiro desabassem. 

Leia também

Sem buscar causas profundas do coronavírus, mídia foca no derretimento da economia global

Estamos à beira de uma depressão mundial? Entre tantas crises econômicas, de 1929 a de 2008, o fato é que nunca houve na história da humanidade uma confluência de fatos, ou de crises, simultâneas.

Tratando de ver as coisas com racionalidade, parece que estamos mesmo é diante de uma Infodemia, uma pandemia da informação, mais perigosa e mortal do que a pandemia do coronavírus. 

Leia também

Mídia foca em coronavírus e omite que sob Bolsonaro dengue matou 754 pessoas em 2019

A questão do vírus parece que já foi controlada, pelo menos pela China. Já a questão da manipulação da informação quem vai controlar? Na forma de um linchamento midiático, estão gerando pânico e contribuindo para o caos.

Eis a palavra chave. Caos!   

Leia também

Bioterrorismo: coronavírus é resultado de uma guerra comercial por outros meios e métodos 

Como não há saída para a economia sob a hegemonia do capital financeiro, aquele 1% que quer controlar o mundo necessita do caos. E a mídia está a entrar no jogo. Enquanto no Brasil um governo de ocupação afirma com todas as letras que só os Estados Unidos poderão salvar a humanidade, e chegam à extrema burrice de dizer que só Trump salva, como se enviado por deus fora, o mundo inteligente se dá conta de que chegou, por fim, a hora de se livrar da hegemonia exploradora, belicista e genocida dos Estados Unidos.

Leia também

Coronavírus: crise econômica que se aproxima têm causas muito mais profundas

Já não somos nós que afirmamos isso. É a poderosa China, que finalmente resolveu dizer um basta às diatribes do presidente Donald Trump e às ações praticadas pelos Estados Unidos, que se julgam donos do mundo.

Vivemos uma Infodemia, pandemia da informação mais perigosa e mortal do que surto virótico enquanto assistimos à queda do império dos EUA

Coinbage
Eis a palavra chave. Caos!

Contra-ataque

Os Estados Unidos perderam a guerra comercial e quiser retaliar, mas agora sim o tigre perdeu a paciência. Deu só um primeiro golpe. Na vida animal, uma patada de um tigre asiático, o maior de todos os felinos, tem a força de uma tonelada. Arranca fácil uma cabeça. Para entender melhor o que está sucedendo, há que se considerar dois fatos relevantes:

1 – Em resposta ao surto do novo coronavírus, a China deu uma demonstração de que está preparada para enfrentar qualquer tipo de problema sem precisar da ajuda de ninguém. Deu um show de eficiência e eficácia, como isolar uma cidade industrial de 18 milhões de habitantes; construir hospitais em uma semana, entre outras. Um nível de respostas jamais visto. Está mostrando ao mundo, ou seja, a seus agressores, que pode sim viver isolada, mas o mundo já não pode viver sem ela. Bingo!

Saiba+

Economia sob prova de fogo: China começa a mostrar sinais positivos após Coronavírus

Incrível. Um espirro na China abalou a economia no mundo inteiro. Tudo hoje é feito na China e mesmo o que não é feito lá tem ,com certeza, algum componente, por menor que seja, feito lá. O país é importante a tal ponto que se o PIB do país cair em 1%, o PIB do Brasil cai 1,5%. 

Isso não é delírio nem brincadeira. São fatos. Estão em todos os jornais com seus jornalistas servis sem entender o que realmente passa no mundo. Não querem aceitar que a hora e a vez dos ianques estão chegando ao fim. Terminou. 

2 – Fato de igual relevância, o reino saudita, em plena confusão provocada pela mídia em torno do coronavírus, resolveu reduzir o preço do petróleo e aumentar a produção. Aparentemente, fez isso em retaliação à Rússia que não aceitou proposta feita pelos sauditas para que os países da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) reduzissem a produção devido à retração na demanda provocada pelo coronavírus. 

Leia também

Principais chaves para entender queda do petróleo que arrasta mercados financeiros

A Rússia não aceitou fazê-lo e, se aceitasse, prejudicaria enormemente os países europeus como Alemanha, altamente dependente do combustível russo.

Não dá para aceitar que tenha feito isso em represália à Rússia, posto que, a realidade está mostrando que os maiores prejudicados são os países ocidentais. Por isso a confusão armada com as ações das petroleiras e das bolsas que despencaram no mundo inteiro.

Há que se considerar nesse episódio que o reino saudita nem sequer pode ser considerado um estado-nação. É mais precisamente uma empresa sentada sobre um mar de petróleo. Quem manda na empresa? A quem serve o caos?

Leia também

Entenda por que política neoliberal de Guedes deixa Brasil vulnerável à crise do petróleo

Sabidamente, o reino saudita atua como uma empresa a serviço dos interesses dos Estados Unidos e Israel. Dois países que estão desesperados pela velocidade com que vêm perdendo a hegemonia. Nesse desespero reside um grande perigo, uma ameaça concreta de rompimento da paz mundial.

Os EUA já perderam a capacidade e a possibilidade de expandir sua hegemonia. Querem manter o que têm e está cada vez mais difícil fazê-lo. 

Paulo Cannabrava Filho é jornalista e editor da Diálogos do Sul

Veja também:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

LEIA tAMBÉM

Com Trump, EUA vão retomar política de pressão máxima contra Cuba, diz analista político
Com Trump, EUA vão retomar política de "pressão máxima" contra Cuba, diz analista político
Visita de Macron à Argentina é marcada por protestos contra ataques de Milei aos direitos humanos
Visita de Macron à Argentina é marcada por protestos contra ataques de Milei aos direitos humanos
Apec Peru China protagoniza reunião e renova perspectivas para América Latina
Apec no Peru: China protagoniza reunião e renova perspectivas para América Latina
Cuba luta para se recuperar após ciclone, furacão e terremotos; entenda situação na ilha (4)
Cuba luta para se recuperar após ciclone, furacão e terremotos; entenda situação na ilha