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No Rio, Witzel extermina negros e favelados; até quando seguiremos passivamente?

Não é possível que as pessoas continuem a assistir às atrocidades, a barbárie da polícia nas favelas cariocas
Redação Agência Brasil
O Cafezinho
Brasília (DF)

Tradução:

O Governo do Estado do Rio de Janeiro, tem política de segurança genocida. Não existe segurança, se enganam aqueles que pensam que as operações policiais nas favelas e periferias são apenas para combater crimes ou tráfico de drogas. Não são para prender bandidos ou traficantes somente. A maioria das operações são para demonstração de força e poder, servem para humilhar, matar e exterminar o povo negro, pobre e favelado.

É necessário parar Wilson Witzel. Não é possível que os cariocas continuem a assistir passivamente às atrocidades, a barbárie da polícia nas favelas do Rio.

O governo e estado deveriam zelar pela segurança, integridade e vida da população, mas é o contrário, em cada operação policial, um rastro de sangue e dor. Será que esse sangue, essa dor, essa matança toda não nos atinge? Não dói em cada um de nós a dor de uma mãe ou pai em perdeu seu filho? As balas perdidas que matam, não são balas perdidas. Os pobres, negros e favelados são o alvo. Elas atingem o alvo de forma direcionada: crianças, jovens, mulheres e homens.

O caveirão entra na favela e arrasta tudo que encontra pela frente, como aconteceu recentemente na Favela Cidade de Deus. Aqueles moradores não tinham mais nada em suas vidas, além da própria vida e dos barracos que foram destruídos. Não pensem que os barracos foram reconstruídos pelo estado, em razão da barbárie cometida, não foram. Foram ignorados como são os pobres e miseráveis nesse governo sanguinário.

Desde que Witzel assumiu o Governo do Rio, as operações policiais nas favelas são permanentes, com o caveirão, blindados e helicóptero, este autorizado a atirar de forma aleatória durante às operações. Vimos isso quando o próprio governador foi filmado numa dessas operações do Core, na favela do Areal, em Angra dos Reis, quando as rajadas disparadas atingiram uma tenda que servia de apoio para peregrinação de evangélicos, na trilha do Monte de Campo Belo. Por sorte não havia ninguém na tenda. O governador parecia brincar e se divertir no helicóptero, fazendo voo rasante e atirando. Um verdadeiro circo dos horrores!

Não dá para esquecer da cara do governador do Rio, ao descer daquele helicóptero na ponte Rio-Niterói, quando do sequestro do ônibus, com 37 passageiros. Após saber que o sníper, “atirador de elite do Bope” havia abatido o sequestrador. A cara de Witzel estampava alegria. Ele deu saltinhos, vibrou e comemorou o feito do atirador.

Não é possível que as pessoas continuem a assistir às atrocidades, a barbárie da polícia nas favelas cariocas

Ilustração: Aroeira
É necessário parar Wilson Witzel

Comemoração de mortes

Comemorar a morte de alguém, independente de quem quer que seja é demais, mesmo daquele sequestrador. Um jovem de 20 anos, sem antecedentes criminais, que sofria de depressão, um perturbado! Comemorar a morte de um desesperado, é no mínimo doentio. Era necessário matar?

A política de segurança de Witzel é a política da letalidade, embora ele diga que as operações são realizadas com inteligência e investigação por parte das polícias Civil e Militar. Não é verdade. Se fossem, não contabilizaria 434 mortes apenas nos primeiros meses do ano, decorrentes dessas operações. Não tem nada de inteligência, ou melhor, utilizam a inteligência para matar. Todas essas mortes demonstram o abandono da população pobre, negra e favelada à própria sorte. O que estamos assistindo dia a dia, de forma descontrolada, com aparato de guerra dentro das favelas é o extermínio da população, de trabalhadores e dos pobres excluídos de um mínimo de dignidade e de seus direitos.

Com investigação e inteligência as polícias não agiriam como agem, com um helicóptero atirando, de forma aleatória, deixando casas, barracos, carros e o próprio asfalto crivado de balas, mesmo que todos fossem bandidos, não poderiam ser mortos, não temos pena de morte neste país. É necessário que as polícias sejam impedidas de matar. Política de segurança não se faz matando, se faz levando para as favelas e periferias, saúde, educação, esporte, lazer e principalmente trabalho.

Vítimas inocentes

No início deste mês um pedreiro que estava trabalhando na laje de um bar, na Vila Kennedy, em Bangu, foi morto logo após a entrada das polícias na comunidade com blindados. Segundo moradores, os tiros partiram da polícia. José foi confundido com bandido porque estava em cima da laje. “Mataram um trabalhador em cima da minha laje”, desabafou o dono do bar. Ele caiu ao lado do martelo, a sua arma era o instrumento de trabalho, o martelo. Houve protesto da população que interditou os dois lados da Avenida Brasil.

Na semana passada, em operação no bairro da Triagem, o caveirão fez mais uma vítima, uma senhora chamada Sandra, teve a sua vida ceifada. Ela fazia tratamento de um câncer de mama, morreu por uma bala perdida que a encontrou, pela ação ineficaz das polícias, pela mão do governador que estimula e faz apologia à violência e a barbárie. O slogan de campanha do governador foi: “é para atirar na cabecinha, é para matar”. É assim que o estado age. Vamos resgatar aqui, no mês de abril, numa operação, no morro Fallet Fogueteiro, treze pessoas foram mortas, muitos corpos foram mutilados, lá também uma mãe disse que seu filho não era traficante e que foi executado. A Defensoria Pública afirmou na ocasião, após ouvir moradores que houve mutilações nos corpos e que foram executados após terem se rendido.

Em operação no Jacarezinho, nesta segunda, 16/09, cinco pessoas foram mortas, dentre elas um jovem de 15 anos, que segundo a mãe, nunca teve envolvimento com o crime, Ele morava com a avó, cuidava dela, que no passado também foi vítima de bala perdida. A mãe se desesperou, na porta do hospital e denunciou a polícia, aos gritos, alegando que o filho estava com o braço quebrado, que não tinha nenhum antecedente criminal, que vinha de um baile funk, gostava de fazer e brincar de soltar pipa. Também nesta mesma operação foi filmado um policial espancando uma pessoa detida e outro furando os pneus de motos que estavam estacionadas. Será que é esse o papel da polícia?

“Balas perdidas”

Até quando as balas perdidas vão matar crianças no caminho das escolas ou dentro delas? Ou ainda aquelas que brincam, passeiam de bicicleta, ou que estejam dentro de casa e são atingidas. Até quando teremos que conviver com cenas como a do porteiro, vítima de bala perdida, quando retornava da padaria, ele caiu ao lado dos pães que levava para casa, em Triagem. Até quando vamos suportar tanta dor e o descaso do Estado? Nós, moradores da cidade do Rio de Janeiro e Estado, não podemos mais ignorar que existe uma guerra, que tem como alvo a população pobre das favelas e periferias, mas que atinge a todos nós. O grau de letalidade é absurdo, assustador!

Vejam, estamos falando de um estado que tem como governo um ex-juiz federal, um homem que tem o conhecimento das leis, mas está transgredindo todas elas.

Duas operações nesta quarta, 19/09, foram destaques em todos os telejornais, no Complexo do Alemão foram seis mortos, dentre eles um motoboy e um policial ficou gravemente ferido. Foi utilizado um aparato de guerra para combater o crime, mas ninguém foi preso. Na Maré, o helicóptero fez voos rasantes sobre uma escola e creche com vários alunos e crianças. Os alunos ficaram acuados, se jogaram no chão e todos ouvimos as várias rajadas sobre aquela escola, através de gravações de moradores que foram colocadas nas redes sociais e também nos telejornais. Imaginem o pânico, o terror daquelas crianças, dos professores… Todos foram colocados sob risco de morte. Esta é uma violação gravíssima aos direitos humanos, à liberdade, principalmente porque existe instrução normativa da Secretaria de Segurança para que não ocorrem operações próximas às escolas e nos horários de entrada e saída de alunos. O governador Witzel recorreu, o que caracteriza total desrespeito e nenhuma preocupação com a segurança das pessoas, crianças e seus educadores.

Contabilidade

Nos últimos sete meses deste ano, foram contabilizadas 1075 mortes violentas em decorrência de operações das polícias Civil e Militar, 20% a mais que no ano anterior que estávamos sob intervenção militar federal, segundo o ISP Instituto de Segurança Pública. E assim esse governador deixa um rastro de sangue nas favelas e periferias do Rio de Janeiro, sem se importar com as vidas, ignorando os apelos da população pobre, negra e favelada, que grita por direitos, por respeito, que não aguenta mais tanta crueldade, tanta violência.

Hoje as favelas e periferias do Rio gritam, pedem socorro contra a barbárie imposta através das operações policiais, que não prendem, apenas matam, colocam a população em pânico e risco. Os moradores não são contra as operações, são contra a falta de inteligência e o descaso do estado, são contra a falta de segurança, são contra todas as violações aos seus direitos. É necessário que a sociedade civil organizada, as entidades que defendem a vida, os parlamentares, que todos se organizem numa frente ampla de combate a política de segurança genocida do governo.

Witzel, as vidas nas favelas e periferias importam. As polícias precisam parar de matar.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Redação Agência Brasil

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