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ToggleNo que muitos colegas consideram um “golpe à liberdade de expressão”, um Tribunal Militar ordenou na cidade russa de Pskov que a jornalista Svetlana Prokopieva tem que pagar uma multa de meio milhão de rublos (aproximadamente 200 mil dólares) por “enaltecer e fazer propaganda do terrorismo”.
Ao mesmo tempo, o Tribunal não aceitou a solicitação da promotoria de condenar Svetlana Prokopieva a 6 anos de prisão e outros 4 anos de proibição de exercer a profissão (de jornalista), confiscando dois computadores portáteis, um tablet, uma gravadora e dois celulares como “ferramentas com as quais cometeu o delito”.
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O Tribunal — que pretendeu emitir uma solução salomônica e, ao mesmo tempo, lançar uma advertência para outros jornalistas – limitou-se a impor a multa e apreender um dos computadores, decisão da qual os advogados da jornalista vão recorrer.
Twitter / reprodução
Svetlana Prokopieva
O delito imputado a Prokopieva, com base em perícias linguísticas encarregadas pela promotoria, consiste em haver escrito uma coluna de opinião em que tratou de expor as causas que levaram um jovem anarquista de 17 anos a explodir uma bomba, no outono de 2018, ao lado da sede do Serviço Federal de Segurança em Pskov, atentado que teve como resultado sua própria morte e três agentes feridos.
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A jornalista da emissora Ejo Moskvy em Pskov afirma, dentro das conclusões daquela coluna, que o Estado tem parte da responsabilidade por haver tirado de toda uma geração, à qual pertencia o suicida, a possibilidade de participar de qualquer forma de luta política, legal e não violenta. A proibição de exercer seu direito a protestar, agrega, leva os inconformados a radicalização..
Conhecida por suas duras críticas ao Kremlin, Prokopieva — que nas últimas semanas recebeu numerosas mensagens de solidariedade de dentro e fora da Rússia, entre outras, cartas abertas e plantões no centro de Moscou e de Pskov em sua defesa, o que contribuiu decisivamente para que não fosse condenada à prisão – declarou-se inocente e asseverou que é perseguida por motivos políticos.
Juan Pablo Duch, correspondente de La Jornada desde Moscou.
La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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