O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, há um ano no cargo, tem sua administração considerada como ruim ou péssima por 69,3% dos paraguaios. O mandatário enfrenta um forte desgaste político devido às possíveis irregularidades existentes no novo acordo de Itaipu com o governo brasileiro.
A pesquisa foi realizada pelo Centro de Investigação e Estudos Socioeconômicos (CIES) para o jornal Última Hora, os canais Notícias Paraguai e Telefuturo, e a Rádio Monumental.
Segundo a pesquisa, 49,1% consideram sua administração como ruim e 22,2% como péssima, somando 69,3%. Por outro lado, 28,8% qualificam sua gestão como boa e 1,9% como ótima.
A pesquisa foi realizada com 1.200 pessoas entre 18 e 35 anos na capital e em cidades de destaque do país.
Prensa Latina
O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez
Questionados sobre como avaliam a liderança de Benítez, 53,8% consideram que ele não a exerce, enquanto 37,5% avaliam o contrário e 8,7% não souberam responder.
Entre os filiados ao Partido Colorado — legenda de Benítez —, a desaprovação é de 64,8%.
Impeachment
Abdo Benítez tem sobre si a ameaça de um julgamento político — como é chamado o processo de impeachment no Paraguai — devido à assinatura, em 24 de maio, de um polêmico tratado secreto com o Brasil para a compra de energia da hidrelétrica binacional de Itaipú.
A ata bilateral do contrato paraguaio-brasileiro, que só foi conhecida em julho, foi fortemente criticada porque nela, segundo os técnicos, foram pactuadas condições que geravam um custo adicional de US$ 250 milhões para a Administração Nacional de Eletricidade (Ande), que equivale à Eletrobras brasileira.
Depois que se tornou de conhecimento público que do ponto de vista técnico a rubrica deste tratado é prejudicial ao Paraguai, ambos os governos decidiram lhe pôr fim ao convênio.
Mesmo assim, o acordo com o Brasil, governado por Jair Bolsonaro (PSL), desatou uma onda de protestos em todo o país, que aumentou a pressão política sobre o mandatário e seu vice-presidente, Hugo Velázquez, ambos já prestaram depoimento diante do Ministério Público.
Também prestaram depoimentos José Rodríguez, que se apresentava como assessor jurídico do vice-presidente Velázquez, e o ex-titular da ande, Pedro Ferreira.
O ex-chanceler Luis Castiglioni renunciou imediatamente diante da crise instaurada no país devido ao teor do acordo do documento assinado com Brasil.
O escândalo veio à tona quando o Congresso paraguaio levantou o sigilo do acordo de Itaipu e descobriu que a Ande seria prejudicada no acordo, enquanto a empresa brasileira Leros, supostamente ligada aos Bolsonaros, seria beneficiada.
* Com informações da Prensa Latina e do Jornal GGN
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