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Mesmo perseguida, ciência cubana se desenvolve a favor do povo e da humanidade

Cuba desenvolveu cinco projetos de vacinas . Três já são efetivas e seguras e estão à disposição dos cubanos e países como Venezuela, Irã, Vietnã e Itália
Cándido Inocente
Diálogos do Sul Global
Havana

Tradução:

Os inimigos de Cuba odeiam as conquistas da ilha. Porém, um dos temas que atacam com maior insistência é a ciência cubana; não se trata de qualquer ciência, banal e distante, senão aquela que realmente nos emancipou como nação e nos fez ser referência no mundo inteiro.

Simplesmente rejeitam que Cuba tenha construído e posto em funcionamento mais de 200 centros de pesquisas, que formaram milhares de cientistas e que tenha a patente de mais de 3 mil novos produtos, onde a ciência e a inovação são a base para o bem-estar humano.

Odeiam mais do que tudo, a história, a doutrina revolucionária que iluminou o caminho das ciências com nossos grandes pensadores políticos e talentos científicos. Aqueles que não acreditam, prestem atenção aos pequenos detalhes que ponho à disposição:

Cuba desenvolveu cinco projetos de vacinas . Três já são efetivas e seguras e estão à disposição dos cubanos e países como Venezuela, Irã, Vietnã e Itália

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Cuba construíu e poís em funcionamento mais de 200 centros de investigações, que formou a milhares de cientistas

Uma referência importante no tocante à inserção em Cuba de avanços da humanidade na área de saúde, data de 1804, quando, graças ao trabalho de Tomás Romay, distinto médico cubano, se introduziu a vacina contra a varíola. Especial importância e ampla audiência tiveram a princípios do século 19, os cursos de filosofia ministrados pelo presbítero Félix Varela no Seminário de San Carlos e San Ambrosio. Uma parte importante destes cursos esteve dedicada ao ensino teórico e experimental da física e da química moderna e à propagação de concepção ante escolásticas.

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Mais tarde, o Dr. Carlos J. Finlay desenvolveu uma concepção holística do processo saúde-enfermidade. Tal como escreveu em uma ocasião, o objetivo da ciência médica é “dar saúde ao enfermo e conservá-la ao homem sano”. Fez publicações sobre a alcalinidade do meio em Havana, sobre os perigos das trincheiras descobertas e foi precursor do movimento ambientalista para preservar os ecossistemas através de medidas de higiene social. 

Sua concepção clínica e imunológica estava acompanhada por um sólido pensamento epidemiológico, tal como demostrou durante o surto de cólera que assolou a Havana (1865-1873). Essas contribuições de Finlay foram coroadas pelo descobrimento do agente transmissor da febre-amarela. Por isso, foi indicado ao Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina desde 1905 até seu falecimento, em 1915, e recebeu numerosas condecorações e reconhecimentos de diferentes países. Em sua homenagem, a UNESCO instituiu um prêmio com seu nome.

Já desde o século 19, José Martí, apóstolo da independência de Cuba, homem universal e  muito distinto pensador, considerava necessário incentivar a ciência como a única via para chegar ao conhecimento da verdade, para conhecer as forças do mundo e colocá-las para trabalhar em benefício do ser humano.

Para Martí, a ciência era definida como um “conjunto de conhecimentos humanos aplicáveis a uma ordem de objetos, íntima e particularmente relacionados entre si, […]”. 

A leitura integral e atenta de sua obra nos conduz a conhecer a dinâmica relação que Martí estabelece no ensino científico com os valores morais e estéticos para poder cultivar sentimentos, “[…]dar-lhes o  conhecimento da ciência simples e prática, a independência pessoal que fortalece a bondade e promove o decoro[…] levar[…] não só explicações agrícolas e instrumentos mecânicos, senão a ternura, que faz tanta falta e tanto bem aos homens.”

Mesmo quando não podemos qualificar a Martí como precursor dos Fóruns de Ciência e Técnica, que se desenvolvem sistematicamente em Cuba, em seu pensamento científico está presente a necessidade de que os povos sejam criativos e imaginativos, o que se confirma quando expressa: “Os povos que perduram na história são os povos imaginativos […]”  Para ele, a imaginação é a mulher da inteligência, quer dizer, a considera em estreita interrelação, sem cujo consorcio não há nada fecundo. Em correspondência com a ideia anterior, considerava que criar é brigar, portanto, criar é vencer, daí disse “[…] Quem quer povo, ha de habituar aos homens a criar”.

Por sua vez, como mostra de continuidade,  uma das primeiras pautas traçadas pelo Comandante em Chefe Fidel Castro, em relação à definição da política científica da Revolução Cubana, — com um alcance até o presente e para o futuro—, foi sua intervenção em 15 de janeiro de 1960, na Sociedade Espeleológica de Cuba, ocasião na qual se lhe concedeu o título de Sócio de Honra dessa entidade científica, uma das poucas que existiam no país.

Isto aconteceu quando a radicalização da Revolução já era palpável, o que provocava as ações agressivas do inimigo, incluindo a incitação ao êxodo massivo de profissionais, além do início da cruel guerra econômica imposta pelos Estados Unidos. 

Neste contexto, Fidel projetou sua concepção estratégica e integral sobre o papel da ciência, o pensamento e a inteligência para o desenvolvimento do país. Sentenciou então o Comandante em Chefe: “O futuro de nossa pátria tem que ser necessariamente um futuro de homens de ciência, tem que ser um futuro de homens de pensamento, porque precisamente é o que mais estamos plantando; o que mais estamos plantando são oportunidades para a inteligência; já que uma parte considerabilíssima do nosso povo não tenha acesso à cultura, nem à ciência”.

O que se conseguiu? Sintetizado nas mais breves linhas possíveis: uma experiência concreta com mais de 30 anos de resultados científicos, desenvolvimento de tecnologias e a geração de novos produtos; uma visibilidade internacional crescente e o reconhecimento da biotecnologia cubana, com êxitos celebrados por importantes setores acadêmicos e científicos, assim como por revistas especializadas destacadas em todo mundo; equipamentos avançados para o diagnóstico e o tratamento de enfermidades e vasta cobertura de medicamentos genéricos e biotecnológicos de produção nacional, com consideráveis benefícios sobre a saúde do povo cubano, e um impacto econômico de importância, derivado da presença de produtos da ilha em mais de 50 países e numerosas transferências de tecnologias, no marco de inversões conjuntas no exterior.

São pilares do nosso sistema: 

  • A formação do potencial humano;

  • A assimilação acelerada dos conhecimentos mundiais; 

  • A integração como principio de trabalho;

  • O respaldo científico aos objetivos econômicos e ambientais do país; 

  • A criação de fontes de novos recursos para a economia nacional;

O anterior é só uma abordagem breve do desenvolvimento alcançado. Ainda há muito por fazer e continuar fazendo. Atualmente, em meio a uma grande batalha contra a COVID-19, Cuba desenvolveu cinco projetos de vacinas com tecnologia de ponta. Três destas já são vacinas efetivas e seguras, que permitiram o controle da enfermidade no país e estão a disposição de todos os cubanos e de outros povos em diferentes latitudes, como Venezuela, Irã, Vietnã e Itália, que receberam a calorosa solidariedade da ciência cubana em forma de pequenos bulbos, para combater a pandemia.

Não nos perdoam, não podem nos perdoar pelos 141 centros de investigações, as 61 unidades de desenvolvimento e inovação, os 26 centros de serviços científicos e tecnológicos e o pelo parque científico-tecnológico que já está em funcionamento;  por isso nos atacam. Para os insensíveis, compartilhar nossa ciência com a humanidade faz muito mal. Claro, prejudica os interesses  daqueles que odeiam e destroem.

Cándido Inocente é jornalista cubano


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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