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Fascismo: A ameaça contínua do Imperialismo e do capital financeiro à América Latina

Houve quem pensasse que após a experiência na Alemanha de Hitler o fascismo ficaria sepultado para sempre, mas não foi assim...
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul
Lima

Tradução:

Alguns se surpreenderão quando ficarem sabendo que o fascismo não é um fenômeno do passado, nem corresponde a outro cenário ou a uma etapa superada da história. Que está entre nós. 

Constitui, agora, a ameaça principal que se lança não só contra o povo, mas inclusive contra a incipiente democracia burguesa, que não atina a defender-se quando se trata dos ataques que provêm contra ela da extrema-direita

Em lugar de lutar, capitulam, porque temem o ascenso combativo das massas populares.

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Ninguém definiu melhor o fascismo que Jorge Dimitrov, um búlgaro que o sentiu em carne própria. Foi em agosto de 1935 que disse: “o fascismo é uma aberta ditadura terrorista dos elementos mais reacionários, mais chauvinistas e mais imperialistas do capital financeiro”. É exercido sob o enganoso manto dos interesses comuns do povo, e mediante a ampliação ao máximo do aparelho repressivo da burguesia com ajuda das organizações fascistas e a subordinação de outras ao serviço dessa ditadura.

A ascensão do fascismo ao Poder não constitui uma simples troca de um governo por outro, mas sim a substituição de uma forma estatal da burguesia – a democracia formal – por outra forma dela: a ditadura terrorista aberta, que será exercida a partir da imposição dos interesses do grande capital.

Um governo que administra uma sociedade formal não se converte em fascista pelo fato de que predominem nele concepções repressivas ou autoritárias. Tampouco um governo repressivo é necessariamente um governo fascista. Trata-se de um regime qualitativamente distinto caracterizado pelo terrorismo em alta escala, dirigido, em primeiro lugar, contra os trabalhadores. 

Houve quem pensasse que após a experiência na Alemanha de Hitler o fascismo ficaria sepultado para sempre, mas não foi assim...

Albert Dobrin – Flickr

No Peru, o fascismo vai tomando forma e se expressa fazendo ostentação de violência e impunidade




Involução social

Ao fascismo não se chega em um país pela via de uma lenta e pacífica involução social. Chega-se sempre através de um Golpe – não necessariamente um “Golpe de Estado”. Tampouco, indispensavelmente, de um “Golpe Militar”. 

Bem pode aludir-se a um Golpe Político; ou seja, a uma ação de força que modifica o caráter do regime imperante e produz um deslocamento de classe na cúpula do Poder. 

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Por isso, o fascismo nunca chega através de “formas civilizadas” de confrontação, mas sim mediante a violência que pode ser exercida inclusive contra forças do mesmo espectro social. 

Como se recorda, o fascismo surgiu na Europa depois da I Guerra Mundial, como resposta dos monopólios à Revolução Russa. Apareceu primeiro na Polônia, com o regime de Pilsudski; e depois na Hungria com o Almirante Horthy e ainda na Bulgária, com o general Tsankov.

Posteriormente se afirmou na Itália, sob a égide de Mussolini e finalmente se fortaleceu na Alemanha de Hitler; e levou o mundo à beira da destruição. A vitória da URSS na II Grande Guerra lhe acarretou um golpe demolidor que o conduziu à derrota. 

Houve quem pensasse que depois dessa experiência, o fascismo ficaria sepultado para sempre, mas não foi assim. Hoje retorna sob o manto protetor do Imperialismo e com a mesma base de apoio: o capital financeiro, para arrasar os povos e os Estados e apoderar-se das suas riquezas. 

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Em termos concretos, nos mira atrás da sigla da OTAN. E se fortalece a partir da Ucrânia, mas não se encerra nesse cenário geográfico. Expressa-se por meio da vasta política expansionista do Imperialismo e aparece no Iraque, na Líbia, no Iêmen e na Palestina, mas mira o nosso continente, pretendendo afogar pela força os governos que se levantam contra sua política de dominação. 

O acabamos de ver no marco da IX Cúpula das Américas celebrada em Los Angeles.


Fascismo no Peru

No Peru, o fascismo vai tomando forma e se expressa fazendo ostentação de violência e impunidade. Funciona a partir de destacamentos operativos que realizam ações contra pessoas, entidades ou eventos sem que ninguém se disponha a enfrentá-los.

E se expressa por canais de TV, como Willax, e de uma imprensa francamente golpista que promove a queda do governo, não para substituí-lo por outro melhor, mas sim para impor outra política e outro programa de ação que responda aos interesses do grande capital. 

Atrás de suas conversas pseudo democráticas, assoma a cabeça do lobo. E pode-se perceber como jornalistas da TV, comentaristas da imprensa escrita ou simples figuras da política, são apresentadas como “especialistas” nas mais diversas matérias para fazer apologia do ódio e da mentira.

Ao mesmo tempo, aparecem aberrantes personalidades que dizem representar novos coletivos partidários, proeminentes através de fugazes presenças parlamentares. 

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O anticomunismo é sempre sua bandeira. E à sombra de uma perorata tresnoitada, ocultam ações orientadas a proteger e amparar privilégios de grandes consórcios facilitando-lhes acordos econômicos e financeiros, liberando-os do pagamento de dívidas tributárias e outorgando-lhes desmedidas facilidades de investimento e de recuperação de seu capital. Para eles, as grandes empresas, nacionais e estrangeiras, são sinônimo de riqueza e progresso. 

Sob o pretexto de “defender a democracia”, buscam acaparar o poder, submeter a Defensoria do Povo, a Promotoria da Nação, o Poder Judicial, o Jurado Nacional de Eleições, a ONPE e até o Tribunal Constitucional para manejá-los à vontade. 

Valem-se de uma precária “maioria parlamentar” mediante a qual estão construindo o Poder Fascista. Apontam para os Ministros e para o Presidente e estão dispostos inclusive a cassar congressistas desafetos ou ilegalizar partidos ou movimentos acusando a uns de “terroristas” e a outros de “colaboradores com o terrorismo”.    

Como se vê, o fascismo caminha entre nós.

Gustavo Espinoza M. é colaborador da Diálogos do Sul de Lima, Peru.
Tradução de Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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