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Assange foi algemado onze vezes e despido após julgamento de extradição para os EUA

Defesa denuncia interferências e tratamento incorreto após primeiro dia de audiências do julgamento do fundador do Wikileaks
Redação Esquerda.Net
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Lisboa

Tradução:

O julgamento de Julian Assange começou esta semana e ao segundo dia os seus advogados denunciam o que consideraram ser um tratamento desumano após a audiência de extradição do dia anterior. Segundo a defesa, Assange terá sido algemado onze vezes, despido duas vezes e ter-lhe-ão retirado os documentos da sua defesa para depois o fecharem em cinco celas diferentes. 

No segundo dia de audiências os advogados de Julian Assange fizeram saber que este tentou informar o Governo dos Estados Unidos da América da divulgação “iminente” de documentação com informação sensível, tendo, porém, recebido como resposta o pedido para telefonar de volta algumas horas depois.  

Em causa estavam os leaks de 2011, a divulgação de uma base de dados encrostada com cerca de 250 mil documentos diplomáticos onde constavam os nomes de pessoas que estavam em comunicação com os EUA.

Segundo um dos advogados, Assange tentou explicar a urgência do que estava prestes a acontecer. “Não entendo como não veem a urgência disto… a vida das pessoas está em risco”, terá dito. O contato foi feito para a linha telefônica de emergência da então Secretária de Estado Hillary Clinton.

Defesa denuncia interferências e tratamento incorreto após primeiro dia de audiências do julgamento do fundador do Wikileaks

Wikileaks
Julian Assange foi detido em abril de 2019 na embaixada do Equador em Londres com um mandato de extradição dos EUA

Para os EUA, o australiano pôs a vida das pessoas que serviam de fontes de informação em risco “imediato”, tendo também prejudicado a capacidade de o país desempenhar operações em território internacional. 

Porém, ao segundo dia de julgamento, a equipe de defesa lembrou que a publicação da palavra passe para os documentos não editados foi feita por um parceiro da Wikileaks, nomeadamente um livro publicado pelo jornal The Guardian. Os documentos não editados “circularam na internet – não no site da WikiLeaks, mas noutros sites”, explicou a defesa. Mark Summers, um dos advogados, explicou ainda que a WikiLeaks tinha um procedimento para identificar e omitir os nomes de pessoas que se consideravam estar em risco.

Porém, o jornal inglês já veio negar a acusação. “O livro continha uma palavra passe que Julian Assange havia dito aos autores ser temporária e que expiraria e seria excluída numa questão de horas. O livro também não continha detalhes sobre o paradeiro dos arquivos”, lê-se na declaração pública do Guardian

Julian Assange foi detido em abril de 2019 na embaixada do Equador em Londres com um mandato de extradição dos EUA. O australiano encontrava-se a viver na embaixada desde 2012, depois de o Supremo Tribunal do Reino Unido ter rejeitado o seu apelo contra a extradição para a Suécia, país onde era acusado de ofensas sexuais – acusação essa que foi retirada também em 2019. 

Estão atualmente em causa 18 acusações dos EUA devido ao alegado papel de Assange na publicação de documentos classificados que continuam informações sobre milhares de crimes de guerra cometidos no Iraque e Afeganistão. Num cenário de eventual condenação arriscaria até 175 anos de prisão. O julgamento terá lugar até sexta-feira, dia em que é interrompido e retomado apenas a 18 de maio. A leitura da sentença está prevista para junho.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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