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Biden reconhece ter frustrado norte-americanos e subestimado oposição

Em coletiva de um ano de governo, o presidente tentou valorizar conquistas aparentemente "não reconhecidas" pela população
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

O presidente Joe Biden outorgou altas qualificações à gestão de seu governo durante seu primeiro ano na Casa Branca, sublinhando conquistas na luta contra a pandemia e o resgate da economia, mas reconheceu que há “frustração e fadiga” neste país e indicou que não avaliou bem a cortante oposição republicana a quase todas as suas iniciativas, em uma maratônica entrevista coletiva de quase duas horas na Casa Branca. 

Ao mencionar cifras do que chamou uma campanha sem precedentes de saúde pública, Biden mencionou a vacinação de três quartos da população, a geração de 6 milhões de empregos em um ano e a redução da pobreza, como também a aprovação de sua massiva iniciativa de infraestrutura. Biden insistiu em que “enfrentamos alguns dos maiores desafios jamais enfrentados nesse país neste últimos anos” e prometeu: “agora olhamos para a futuro para ganhar o século 21”, agregando sua frase de campanha: “os melhores dias deste país estão adiante, não atrás”.

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Respondendo a perguntas sobre se havia elevado demasiadamente as expectativas no início de sua presidência, Biden assegurou que “Não é sobre prometermos, é provavelmente sobre conseguirmos”.

Admitiu que “o que não antecipei foi o esforço republicano” para fazer todo o possível para frear as iniciativas de sua presidência, e rompendo com sua tradicional posição “bipartidária”, acusou que esse partido agora está intimidado por um ex-político, em referência a Donald Trump, mas como sempre sem usar seu nome. E repetiu, estreando uma nova mensagem, que os republicanos não têm propostas: “Os republicanos estão a favor de que? Favorecem o que?”.  

Em coletiva de um ano de governo, o presidente tentou valorizar conquistas aparentemente "não reconhecidas" pela população

Reprodução/Twitter
Além de exaltar feitos do governo, Biden fez comentário sobre conflito com Rússia corrigido depois pela Casa Branca

Frustração

Expressando frustração, e até exasperação, diante da falta de reconhecimento das conquistas de sua presidência pelo público e pelos meios, Biden em um momento exclamou: “nenhum presidente conseguiu mais em seu primeiro ano”.  

Mas aceitando parte da responsabilidade pelo fracasso na comunicação, prometeu que em seu segundo ano se dedicará a sair mais de Washington para falar diretamente com o público “para contar sobre o que estamos fazendo” e ser muito mais ativo nas campanhas eleitorais legislativas de seu partido neste ano de eleições intermediárias.

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Em resposta a uma pergunta sobre migração, Biden recordou que quando era vice-presidente no governo de Barack Obama, impulsionou uma iniciativa de milhões de dólares para ajudar os países centro-americanos a reduzir a expulsão de migrantes, e que também dedicou muito de seu tempo à América Latina em apoio de esforços para criar “um hemisfério de democracias”, algo que foi prejudicado, acusou, por Trump. “Não é o quintal dos Estados Unidos… Nós não ditamos o que acontece aí”, esclareceu.  

Um dos temas mais recorrentes na entrevista foi o da relação com a Rússia, e Biden comentou que ainda existe uma saída diplomática, inclusive que “ainda é possível” uma cúpula com Vladimir Putin apesar do presidente supor que sua contraparte russa vai intervir na Ucrânia.

Mas os meios se entusiasmaram muito com um comentário desafortunado, e depois corrigido pela Casa Branca, de que uma incursão russa menor na Ucrânia poderia não detonar uma resposta massiva de Washington e de seus aliados. A mensagem oficial é que a Rússia “pagará caro” qualquer intervenção. 

Em resposta a um repórter de um veículo conservador que lhe perguntou: “por que você está empurrando este país tão para a esquerda”, Biden primeiro riu e disse que a criação de empregos e a vacinação em massa não são conquistas esquerdistas, e depois esclareceu; “Você tentou me convencer de que sou Bernie Sanders… Não sou socialista. Eu faço parte do centro do Partido Democrata.”

David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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