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Colômbia: Petro promete pôr fim a matrimônio entre narcotraficantes, generais e presidente

“Querem um país de joelhos, que se curve a quem compra carvão, petróleo e cocaína, que logo se transformam em dólares para não produzir nada"
Felipe Bianchi
ComunicaSul
Bogotá

Tradução:

“No próximo dia 29, armados com as nossas canetas, faremos um ‘xis’ que derrotará os oligarcas, ladrões e assassinos, ratazanas que realizaram uma aliança de multicriminosos da corrupção e da violência com o poder. Vamos pôr fim a esse matrimônio incestuoso entre narcotraficantes, generais e até um presidente. Construiremos uma nova Colômbia, governando para todos”, afirmou Gustavo Petro, que lidera todas as pesquisas à presidência da República.

Diante de uma multidão que lotou a Praça Simón Bolívar, no centro de Bogotá, e ao lado de dois seguranças com escudos à prova de balas, Petro homenageou a histórica e heroica resistência de indígenas e afrodescendentes e condenou os que “querem um país de joelhos, curvado a quem compra carvão, petróleo e cocaína, que logo se transformam em 65 bilhões de dólares para não produzirmos nada, para importar até bicicletas do estrangeiro, quem dirá produzir automóveis”.

“Querem um país de joelhos, que se curve a quem compra carvão, petróleo e cocaína, que logo se transformam em dólares para não produzir nada"

Foto: Vanessa Martina Silva
Ao lado de dois seguranças com escudos à prova de balas, Petro homenageou a histórica e heroica resistência de indígenas e afrodescendentes




Colômbia mulher, para viver saborosamente

Antes de Petro, Francia Márquez, candidata à vice-presidência pelo Pacto Histórico entusiasmou a platéia ao afirmar que “Chegou o momento de que nós, os ‘ninguém’, os invisíveis e excluídos, os negros e os indígenas, tomemos as rédeas para fazer avançar esta nação chamada Colômbia”.

Foto: Vanessa Martina Silva

A advogada e militante de causas ambientais subiu no palanque após uma experiência assustadora na noite anterior, “muitos perguntam quem é Francia Márquez. Sou a mulher que sofreu intimidação com laser na noite passada”, disse. “O fato de eu e Petro estarmos aqui cercados por escudos é um sinal do ponto que chegou a violência em nosso país. Basta!”.

“Me diziam para ter vergonha da minha negritude, do meu cabelo, da minha história”, recordou, do púlpito de onde falava à multidão presente na Praça Simón Bolívar “O que aprendi, porém, foi sentir orgulho. Meus ancestrais não eram escravos, mas homens e mulheres livres que foram escravizados, mas que também foram fundamentais para parir a liberdade na Colômbia”

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Vítima recorrente de racismo por parte da elite e da mídia dominante, que a classificam como uma mulher inexperiente para o cargo ao qual concorre, Márquez rebateu com firmeza: “Alguns dizem que não tenho experiência para ser a vice-presidenta da Colômbia. E eu pergunto qual é a experiência que eles, que tanto me criticam, têm? A experiência de fazer com que milhões de colombianas e colombianos, como eu, sejam forçados a viver sem dignidade?”.

Por fim, a candidata fez um apelo aos “ninguém”, aos invisíveis, às vítimas da violência no país que dêem uma chance a ela representá-los no governo. E terminou evocando seu mote, reproduzido em bandeiras e camisetas de grande parte dos apoiadores presentes no ato: “Para vivermos saborosamente”.

Ao se referir às mudanças pelas quais anseiam os colombianos, Gustavo Petro foi direto:

“A mudança consiste em caminhar de uma economia produtiva que necessita uma sociedade do conhecimento para uma sociedade de direitos e liberdades. Na Colômbia, há uma casta de magnatas bilionários que agem como senhores feudais, escravocratas, que impõem um contrato leonino aos trabalhadores, sem estabilidade e submetendo-os a um salário de fome”, frisou, acrescentando que nem como capitalistas podem ser classificados, pois até no capitalismo a força de trabalho é livre”. “Submetem, ainda, suas empregadas a práticas de assédio sexual para garantir a sua continuidade no emprego, para poderem alimentar seus filhos”, acrescentou.

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Saudando o exemplo de jovens que ocuparam a primeira linha do combate contra os pacotes neoliberais, “que perderam seus olhos para balas de borracha por levantarem alto o grito da liberdade de um povo que busca sua emancipação”, Petro convocou a todos e todas a uma “grande festa da vitória” após o resultado das urnas, e fazerem da Colômbia uma “potência de vida”.

O candidato do Pacto histórico emocionou os milhares de apoiadores quando encerrou sua participação afirmando que “o povo da Colômbia clama por ser um povo livre e digno para construir a Colômbia que merecemos. Que viva a Colômbia, potência mundial da vida. Ela se chama Francia Marques e quero que ela seja sua vice-presidenta. Me chamo Gustavo Petro e quero ser seu presidente!”

Felipe Bianchi e Leonardo Wexell Severo | Comunicasul

*A reprodução deste conteúdo é livre, desde que citada a fonte e a lista de entidades e organizações que apoiam esta cobertura, como no rodapé a seguir.

Esta cobertura está sendo feita pela Agência ComunicaSul graças ao apoio das seguintes entidades: da Associação dos/das Docentes da Universidade Federal de Lavras-MG, Federação Nacional dos Servidores do Poder Judiciário Federal e do MPU (Fenajufe), Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas (CSA), jornal Hora do Povo, Diálogos do Sul, Barão de Itararé, Portal Vermelho, Intersindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Sindicato dos Bancários do Piauí; Associação dos Professores do Ensino Oficial do Ceará (APEOC), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-Sul), Sindicato dos Bancários do Amapá, Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Sindicato dos Metalúrgicos de Betim-MG, Sindicato dos Correios de São Paulo, Sindicato dos Trabalhadores em Água, Resíduos e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp Sudeste Centro), Associação dos Professores Universitários da Bahia, Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal do RS (Sintrajufe-RS), Sindicato dos Bancários de Santos e Região, Sindicato dos Químicos de Campinas, Osasco e Região, Sindicato dos Servidores de São Carlos, mandato popular do vereador Werner Rempel (Santa Maria-RS), Agência Sindical, Correio da Cidadania, Agência Saiba Mais e centenas de contribuições individuais.



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Felipe Bianchi É jornalista e atua no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé desde 2011. Também integra o coletivo ComunicaSul e faz parte do Fórum de Comunicação para a Integração de Nossa América (FCINA).

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