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TogglePaíses africanos, entre eles os do Leste, requerem ajuda alimentar e financeira para a subsistência de suas populações em meio a problemas urgentes, como a expansão de uma praga de gafanhotos e transtornos provocados pelas variações climáticas.
O recente alerta, proveniente de organismos como o Programa Mundial de Alimentos (PMA), dá conta de que necessitam assistência, sobretudo ante a proliferação do inseto que arrasa cultivos e pastagens para o gado, territórios como Somália, Quênia e Etiópia.
Nesses e em outros Estados da região, entre eles Sudão do Sul, Eritreia, Tanzânia e Uganda, mais de 13 milhões de pessoas estão em condição de insegurança alimentar, embora organismos como a União Europeia (UE) elevem a mais de 20 milhões os que requerem assistência.
Tal situação, segundo prognósticos dos técnicos, se agravaria nos próximos meses ante a proliferação de gafanhotos, grilos, tucuras ou chapulines, em meio ao período chuvoso que começou em março e a outros fatores.
Embora vários países africanos tentem conter os enxames de tucuras de diversas formas, a porta voz do PMA Elizabeth Byrs advertiu que se a expansão dessa praga não for prevenida a tempo, os custos para contê-la poderiam ser 15 vezes maiores no futuro.
Como parte da contribuição para que as nações da África oriental erradiquem a mencionada avalanche de “bichos voadores”, a própria UE anunciou que concederá a esta sub região 10 milhões de euros.
Depois de comunicar a decisão, a Comissária da UE para Associações Internacionais, Jutta Urpilainen, avaliou que esta crise na África mostra uma vez mais quão frágeis podem ser os sistemas alimentares quando enfrentam ameaças como a nuvem de gafanhotos.
Tanto técnicos no tema da segurança alimentar como a funcionária da UE, concordam em que se deve ir à raiz do desastre natural provocado pela praga e aumentar os recursos financeiros, entre outras medidas, para proteger a produção de alimentos e conseguir a sustentabilidade.
Prensa Latina
São mais de 20 milhões os que requerem assistência, em especial, crianças
Somália: Obstáculos para o desenvolvimento
No caso da Somália, as ações governamentais para controlar a proliferação do inseto se dificultam, em meio a enfrentamentos entre o Exército Nacional, apoiado pela Missão da União Africana (Amison), e o grupo radical islamista Al-Shabaab.
Tal conflito neste país dividido, desde 1991 dominado em parte por grupos armados e senhores da guerra, impede que chegue ajuda humanitária a extensas áreas.
Junto a esta situação, as escassas chuvas em zonas do centro do país e inundações em áreas agrícolas meridionais ribeirinhas fazem com que 1,5 milhões de pessoas necessitem de assistência de emergência, corrobora o PMA.
Para órgãos especializados como a FAO, se não se intensificarem as medidas de controle do inseto, nações do oriente da África poderiam experimentar este ano grandes perdas em colheitas, sobretudo de cereais (milho, sorgo, arroz, cevada). Com vistas a erradicar enxames de chapulines em grande escala e impedir sua propagação no Chifre da África, região de que faz parte a Somália, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) divulgou recentemente que a comunidade internacional deverá mobilizar recursos milionários.
Os recursos financeiros aumentarão a segurança alimentar em comunidades afetadas pelo ‘bicho devorador’; estas comunidades necessitam de alimentos e de insumos, como sementes para que satisfaçam as crescentes necessidades de consumo da população e dos animais.
O caso do Quênia
No Quênia, por outro lado, o panorama não é menos dramático, já que 3,1 milhões de pessoas sofrem insegurança alimentar por déficit de chuvas em algumas zonas e excessivos aguaceiros em outras, no que influi, sem dúvida, a mudança climática.
Do total de afetados nesse país, mais de 393 mil residentes engrossaram as filas dos que necessitaram de assistência alimentar em janeiro último por causa de prolongadas chuvas, que ocasionaram inundações e destruição de plantações.
Na Etiópia, país com problemas econômicos devido à praga do gafanhoto, uma intensa seca levou a que, desde inícios de 2020 padecesse insegurança alimentar 8,5 milhões de habitantes, fundamentalmente de áreas rurais agropastoris.
Ao avaliar a magnitude das necessidades alimentares em outros territórios como Sudão do Sul, a própria Byrs considerou que este Estado, com mais de cinco milhões de pessoas afetadas pela insegurança reinante e o impacto das tucuras, demanda uns 200 milhões de dólares adicionais.
De acordo com um informe do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, divulgado em fevereiro passado, a situação alimentar dessas pessoas poderia piorar “ao coincidir com o ponto máximo da temporada de escassez de alimentos (maio-julho)”.
Entre os Estados em que a fome aumentaria de forma considerável ao nível comunitário estão Jonglei, Alto Nilo, Warrap e Bar el-Ghazal do Norte, onde já 1,7 milhões de residentes sofrem falta de alimentos.
Para órgãos especializados, entre eles a FAO, se não forem intensificadas as medidas de controle dos chamados chapulines, países do oriente da África, como a Etiópia e a Somália, experimentarão este ano grandes perdas em colheitas.
Fica evidente que para recuperar-se e incrementar os ritmos de produção de meios de subsistência, as nações do oriente da África, com numerosas comunidades empobrecidas, necessitam não só de recursos financeiros, como também de sementes e meios de cultivo.
Segundo a opinião de analistas, em meio ao complexo panorama econômico, social e do meio ambiente na área geográfica, com secas prolongadas ou inundações e multiplicação de gafanhotos, os governos locais e as comunidades, ainda sem suficiente ajuda internacional, devem potencializar esforços comuns para sua segurança alimentar, com produções sustentáveis.
Oscar Bravo Fong, Jornalista da Redação Internacional de Prensa Latina.
Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Ana Corbisier
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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