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Comitê Científico do Nordeste quer recrutar 15 mil médicos para atuar na atenção básica

“Eles vão nos ajudar nas linhas de frente dessa verdadeira guerra, indo às casas, diagnosticando os casos e ajudando os pacientes no tratamento" diz Nicolelis
Jana Sá
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São Paulo (SP)

Tradução:

O Comitê Científico do Nordeste elaborou em 16 de abril uma série de medidas para o enfrentamento do novo Coronavírus na região. Entre elas, uma brigada emergencial de saúde e o uso do aplicativo Monitora Covid-19. Apresentadas aos governadores através de videoconferência, as propostas foram aprovadas por unanimidade e publicadas em boletim.

A notícia foi anunciada pelo neurocientista, Miguel Nicolelis, que coordena uma equipe responsável pela análise de dados para projeções aos governos dos nove Estados que compõem a região Nordeste.

“Basicamente o que queremos agora é recrutar médicos e profissionais de saúde de todas as categorias para criar uma verdadeira tropa para atacar onde o vírus nos ataca”, explicou o neurocientista em seu programa Nicolelis Night News, apresentado no dia 19 de abril no canal do YouTube.

Atualmente, a região Nordeste conta com 15 mil médicos na atenção básica, explicou. Isso significa menos de 1,5 médico para cada mil habitantes. Abaixo da média nacional, que é de 2,2 médicos.

“Nós queremos ampliar essa armada com mais 15 mil jovens médicos, que adquiriram o seu exterior e ainda não revalidaram no Brasil”, conta Nicolelis.

“Eles vão nos ajudar nas linhas de frente dessa verdadeira guerra, indo às casas, diagnosticando os casos e ajudando os pacientes no tratamento" diz Nicolelis

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O neurocientista, Miguel Nicolelis coordena uma equipe responsável pela análise de dados para projeções nos nove Estados do Nordeste

A proposta é que os governadores criem um programa de adaptação formativa, com complementação curricular, na modalidade ensino-serviço, que assegure um processo rígido de avaliação ao longo do tempo a ser realizado pelas Universidades Públicas na região, e permita, ao final, a validação dos diplomas daqueles que vierem a ser aprovados.

Tal programa poderá ser parte da Brigada emergencial de saúde, tornando possível que os profissionais nele inscritos possam atuar sob supervisão, somando-se, assim, à luta contra o Coronavírus.

Nesse sentido, a recomendação de criação de programa de complementação curricular e de avaliação na modalidade ensino-serviço, atendem às normas legais (§2º, do art. 48, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, Lei nº 9.394/96 e na Resolução do Conselho Nacional de Educação nº 3, de 22 de junho de 2016) e, mais do que isso, viabilizam o regular funcionamento dos serviços de saúde em tempos de guerra, preservando, com isso, grande número de vidas humanas.

“Eles vão nos ajudar nas linhas de frente dessa verdadeira guerra, indo às casas, diagnosticando os casos e ajudando os pacientes no tratamento, inclusive isolando-os para que possam se recuperar e não transmitir o vírus para seus familiares, vizinhos”, afirmou. A ideia é de “sair da defensiva. Vamos atacar o inimigo onde ele nos ataca”.

Para Nicolelis, “a criação da Brigada emergencial de saúde é uma decisão histórica. É uma decisão que pode servir de exemplo para o resto do Brasil, porque nós vamos levar a briga para o campo do inimigo”.

Como cientista, Nicolelis tem dito em entrevistas ter posição diametralmente oposta ao atual ministro da Saúde, porque não acha possível falar em ciência, saúde e educação quando se coloca um limite financeiro pra estes temas.

Para ele, a pandemia fez o mundo descobrir a fragilidade do modelo civilizatório que se foi criado.

“O vírus colocou o mundo de joelhos porque os sistemas públicos de saúde foram sabotados por visões econômicas, que colocam no centro do modelo de civilização abstrações mentais, como capital e mercado”, avalia.

Monitora Covid-19

Sem capacidade de aplicar testes em massa no país para o diagnóstico da Covid-19, o que dificulta o processo de tomada de decisão dos gestores, o Comitê Científico do Consórcio Nordeste desenvolveu o aplicativo Monitora Covid-19 como forma de conseguir dados em toda a região dos pacientes que começam a sentir os sintomas do coronavírus.

“Sem dados a gente não consegue fazer estimativas dos cenários que sejam úteis. A nossa chance é pedir aos nossos irmãos espalhados por todas as cidades, municípios, vizinhanças, metrópoles, bairros do Nordeste, que nos ajudem baixando o aplicativo do monitora Covid-19 e nos informando pelo telefone quais são os sintomas que vocês estão sentindo e qual é a gravidade de sintomas”, avalia Nicolelis.

Com isso, os estados da Bahia e do Piauí já estão oferecendo serviços de telemedicina acoplados. Dessa forma, os pacientes podem ser direcionados com esse sistema para basicamente um posto de saúde ou uma UPA, ou mesmo hospital que seja próximo. Sergipe e Maranhão já assinaram acordo e segue protocolo de ação monitória.

Nicolelis esclarece que os “dados são anonimizados, não vai haver identificação, a não ser pelo médico responsável pelo atendimento. Esses dados não vão ter qualquer outra finalidade, só vão ser usados no monitoramento da pandemia”.

Jana Sá é jornalista


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Jana Sá

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