Pesquisar
Pesquisar

Cristina volta ao cenário eleitoral e pede mobilização para garantir vitória de Massa

Breve mensagem de áudio de Cristina ganhou destaque devido à sua quase ausência no primeiro turno da campanha presidencial
Vanessa Martina-Silva
Diálogos do Sul
Buenos Aires

Tradução:

“De hoje até o dia 19, coloquemos todo, mas todo o nosso esforço pessoal na militância social para a vitória [da coalizão] União pela Pátria”, ou seja, para a vitória de Sergio Massa. Este foi o pedido feito pela vice-presidenta e senadora Cristina Fernández de Kirchner em mensagem enviada às pessoas que participaram, neste domingo (29), do congresso nacional da Frente Pátria Grande, liderado por Juan Grabois.

A mensagem em áudio foi transmitida por Grabois que, em disputa interna dentro do peronismo de esquerda durante as prévias eleitorais (chamadas Paso), perdeu para o atual ministro da Economia, Massa, o candidato oficial dessa força política.

A breve mensagem de áudio de Cristina, com apenas 1 minuto e 20 segundos de duração, ganhou destaque devido à sua quase ausência no primeiro turno da campanha presidencial, no qual Massa venceu – apesar de quase todas as previsões contrárias – com 36,7% dos votos, contra 30% de Javier Milei, que havia vencido as Paso, com 29.86% dos votos.

Para a momentânea vitória de Massa foi fundamental a ação da militância peronista e kirchnerista – como são chamados os apoiadores da ex-mandatária, que governou o país entre 2007 e 2015.

Na mensagem transmitida a Grabois, Cristina destacou a importância da mobilização: “tenho certeza que vocês farão isso, pois estou absolutamente convencida de que vocês amam profundamente a pátria, o povo e a nação, que, juntos, são a mesma coisa”.

Continua após a imagem

Breve mensagem de áudio de Cristina ganhou destaque devido à sua quase ausência no primeiro turno da campanha presidencial

Foto: Reprodução/Twitter
CK: "A verdade é que há uma crença de que só se pode fazer política se você tem seu nome na urna e a verdade é que não é assim"




Futuro de Cristina

Após 10 de dezembro, Cristina ficará novamente sem um mandato eletivo, já que não concorre a nenhum cargo nesta eleição. Por isso, surgiram rumores na Argentina de que ela se retiraria da política. Quando questionada por uma jornalista a esse respeito, porém, Cristina foi categórica:

“A verdade é que há uma crença de que só se pode fazer política se você tem seu nome na urna e a verdade é que não é assim”, disse.

“Terminei meu mandato como presidenta em 2015 e depois não quis concorrer à eleição, assim como não quero agora (…) é preciso parar de pensar que só com um cargo é possível fazer política”, afirmou, para logo em seguida completar que, como peronista, vai fazer o que sempre fez: “viver, trabalhar e militar”.

Continua após o vídeo


Militância nas ruas

Em conversa com a Agência ComunicaSul, Juan Tripaldi, o Yani, confirmou o papel da militância no resultado eleitoral do último dia 22 de outubro. Ele contou que todos os dias ele e outros companheiros peronistas colocavam uma mesinha na rua para conversar com as pessoas.

Juan Tripaldi, o Yani (Foto: ComunicaSul)

“Todos os militantes nos juntamos para virar a eleição, que foi o que nos pediu Cristina. Conversávamos com os moradores da região, com os amigos. Foi isso que nos fez virar [o primeiro turno da] eleição”, explicou Yani, presidente do clube de futebol de várzea Chicago, cuja sede fica no bairro de Mataderos.

Questionada sobre como pensa ser possível garantir a dianteira eleitoral no segundo turno, que será realizado no dia 19 de novembro, Florencia Mazzola destacou à ComunicaSul a importância de destacar o conteúdo político do debate:

“O que temos que fazer é sair falar com as pessoas e explicar que temos duas visões opostas de Estado. O Estado nos afeta em praticamente tudo, da hora que nos levantamos até a hora em que vamos dormir. Desde o boleto de luz até os auxílios que temos na saúde, na educação, em absolutamente tudo. Por isso, temos que explicar para as pessoas que o papel do Estado em nossas vidas é fundamental e ao fazer isso, vamos conseguir o voto dos que mais precisam”.

Florencia Mazzola (Foto: ComunicaSul)

Para saber mais sobre a disputa eleitoral no país, confira nossa editoria especial: Eleições na Argentina.

Vanessa Martina-Silva | Especial para ComunicaSul, diretamente de Buenos Aires, Argentina.


* A reprodução deste conteúdo é livre e gratuita, desde que citadas a fonte, a publicação original no Opera Mundi e a lista de entidades apoiadoras da cobertura

A Agência ComunicaSul está cobrindo as eleições de 2023 na Argentina graças ao apoio das seguintes entidades: jornal Hora do Povo, Diálogos do Sul, Barão de Itararé, Portal Vermelho, Correio da Cidadania, Agência Saiba Mais, Agência Sindical, Viomundo, Asociación Judicial Bonaerense, Unión de Personal Superior y Profesional de Empresas Aerocomerciales (UPSA), Federação dos Trabalhadores em Instituições Financeiras do RS (Fetrafi-RS); Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe-RS); Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos; Federação dos Comerciários de Santa Catarina; Confederação Equatoriana de Organizações Sindicais Livres (CEOSL); Sindicato dos Comerciários do Espírito Santo; Sindicato dos Hoteleiros do Amazonas; Sindicato dos Trabalhadores das Áreas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisa, e de Fundações Públicas do Rio Grande do Sul (Semapi-RS); Federação dos Empregados e Empregadas no Comércio e Serviços do Estado do Ceará (Fetrace); Federação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT Rio Grande do Sul (Fetracs-RS); Intersindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT-PR); Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (AASPTJ-SP), Federação dos/as Trabalhadores/as em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-PR), Sindicato dos Trabalhadores em Água, Resíduos e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema-SP); Sindicato dos Trabalhadores em Água, Resíduos e Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina  (Sintaema-SC), Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no Estado do Paraná (Sintrapav-PR), Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp Sudeste-Centro), Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo, Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal de Santa Catarina (Sintrajusc-SC); Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina (Sinjusc-SC), Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal em Pernambuco (Sintrajuf-PE), mandato popular do vereador Werner Rempel (Santa Maria-RS) e dezenas de contribuições individuais.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul



As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Vanessa Martina-Silva Trabalha há mais de dez anos com produção diária de conteúdo, sendo sete para portais na internet e um em comunicação corporativa, além de frilas para revistas. Vem construindo carreira em veículos independentes, por acreditar na função social do jornalismo e no seu papel transformador, em contraposição à notícia-mercadoria. Fez coberturas internacionais, incluindo: Primárias na Argentina (2011), pós-golpe no Paraguai (2012), Eleições na Venezuela (com Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013)); implementação da Lei de Meios na Argentina (2012); eleições argentinas no primeiro e segundo turnos (2015).

LEIA tAMBÉM

Haiti
Haiti: há pelo menos 20 anos comunidade internacional insiste no caminho errado. Qual o papel do Brasil?
Betty Mutesi
“Mulheres foram protagonistas na reconstrução da paz em Ruanda”, afirma ativista Betty Mutesi
Colombia-paz
Possível retomada de sequestros pelo ELN arrisca diálogos de paz na Colômbia
Hector Llaitul
Chile condena Hector Llaitul, principal líder da luta mapuche, a 23 anos de prisão