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Foto: FSP Posters / Flickr

Cuba: alvo central da asfixia operada por Washington na América Latina

É vital redobrar a solidariedade com Cuba e denunciar as ações extremamente perversas dos EUA, pela ilha e pelo mundo
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul Global

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Aqueles que creem que a política norte-americana é decidida pelos que exercem a primeira magistratura da Nação, estão equivocados. Não, não são Joe Biden ou Donald Trump, como tampouco foram Bill Clinton ou George Bush.

Cada um deles põe o que poderíamos chamar de seu próprio “estilo” de gestão. Uns são agressivos e outros, serenos; uns, rápidos e outros, pausados: mas todos respondem ao que ditam as grandes corporações, o denominado Complexo Militar Industrial, que é quem realmente dirige a política da Casa Branca. 

Em outras palavras, as multinacionais em ação. Elas personificam o papel do imperialismo em nosso tempo e ditam suas políticas por uma simples razão: têm em suas mãos o Poder do Dinheiro. 

Muitos sabem, por exemplo, que a senhora Kamala Harris logrou reunir, antes que fosse anunciada sua postulação presidencial e que resultasse confirmada pela Convenção do Partido Democrata, a bagatela de dois bilhões de dólares para financiar sua campanha eleitoral.

Essa fabulosa soma caiu do céu? Foi um gesto de simpatia de alguns empresários Made In USA? Sem dúvida, não. Foi simplesmente um “to make a large investment” — um Grande Investimento — como se conhece nos mercados financeiros aos “negócios de altura”.

O que ocorre é que os Integrantes do Pentágono, que somam uns e outros, estão convencidos de que já começou a 3ª Guerra Mundial. Não se põem de acordo quando se trata de definir a data de seu início, mas sim quando se requer encadear os principais episódios de sua política futura no plano mundial. Eles aludem a três objetivos muito precisos:

O primeiro passa por definir o inimigo principal: a China, temível por sua capacidade econômica, seu poderio humano e seu perfil ideológico. Isolá-la, e debilitar seus potenciais aliados, é seu propósito mais imediato. Isso explica o prolongamento insensato do conflito da Ucrânia – a guerra entre a Otan e a Rússia – que busca dessangrar econômica e militarmente a antiga Pátria de Lenin, contra a qual aplicam hoje mais de 16 mil “sanções”.

O segundo círculo, é a Europa. Ali requerem “fechar” o anel da União Europeia, bloqueando qualquer sinal de dissidência. Por isso miram com desconfiança a Grécia, com pessimismo Portugal, com reticência a Espanha, com suspeita a Turquia e com desconcerto a França, depois das recentes eleições parlamentares nas quais ganhou a Nova Frente Popular. Aterra a eles a possibilidade de que assome por ali algum nível de dissidência que não saberiam como esmagar.

O terceiro círculo é mais complexo. Em todo caso, nos implica diretamente. Refere-se à América Latina. 

No país das listas e estrelas, são conscientes de uma coisa: a Revolução Cubana mudou o rosto da América Latina. Antes de 1959, era o silo das Grandes Corporações. A partir de então, é um campo de batalha no qual os povos lutam por seus recursos e sua soberania. 

Para deter o ascenso dos povos nos anos 1970, coroado pelo “triângulo vermelho”, integrado por Allende, Velasco e Juan José Torres, os estadunidenses impuseram o fascismo: Pinochet, Videla e Hugo Banzer  

Mas isso não durou muito. Com o novo século assomou o Processo Emancipador Bolivariano que pôde ser contido em um primeiro momento com as vitórias eleitorais de Macri, Piñera, Uribe, García e alguns outros, mas que renasceu e se recompôs em nosso tempo consolidando processos imbatíveis: Cuba, Venezuela e Nicarágua. Contra eles, então, fogo graneado.

Prontamente, buscaram desagregar as forças avançadas do continente, pressionando por dentro e por fora Lula e Petro, o que lhes permitiu recarregar baterias contra a Venezuela. E lograram apoiar-se em Boric, ao qual deram a tarefa adicional de limpar a cara de Javier Milei e Dina Boluarte, em nome da “democracia”. E agora renovam sua ofensiva com a ideia de “fechar” a América após a política guerreira de Washington. Hoje, necessitam “fechar” o continente que julga seu “quintal”. 

Por isso, lhes urge derrubar Maduro na Venezuela e gerar um golpe contra Ortega, na Nicarágua. Mas, sobretudo, e em primeiro lugar, asfixiar Cuba, porque, apesar de tudo, é o Balão de Oxigênio Moral que têm os povos do nosso continente. Contra Cuba, usam tudo o que podem. 

Não descartam a agressão exterior, embora saibam que para executá-la necessitam um “fator interno” que lhe estimulem. Por isso, promovem a sedição gerando migalhas de “descontentamento” derivadas da própria político ianque contra a ilha.

Mas a Peça Mestra – o bloqueio que há mais de 60 anos – é alimentada hoje com a inclusão de Cuba na lista dos países “Patrocinadores do Terrorismo”. Isto, não é qualquer coisa, é muito grave. Porque gera contra a ilha sanções adicionais e novos prejuízos. 

É orientada a debilitar ainda mais a economia cubana para impedir que o governo atenda aos requisitos do seu povo. É uma medida ditada com perfídia, inspirada no ódio e elaborada pelo cálculo mais avesso. Projeta asfixiar a Cuba.

Redobrar, neste marco, a solidariedade com Cuba, e denunciar esta ação extremamente perversa, é vital na circunstância atual. Por Cuba e pelo mundo. 

Quanto a nós, sigamos a lição de Martí: “Faça cada um sua parte do dever, e ninguém poderá nos vencer”.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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