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Cannabrava | Os EUA ou se reinventam ou irão para o lixo da história, sem a menor glória

Nossos problemas terão que ser resolvidos aqui e por nós. Não será nenhum país, muito menos os Estados Unidos que os resolverão problemas
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Não tem outro jeito… tenho que falar da eleição nos Estados Unidos…. Tem gente que nem dormiu esta noite, torcendo e sofrendo como se fosse um jogo terminal da Copa do Mundo para a nossa seleção.

Então vamos lá.

Primeiro recado. Nossos problemas terão que ser resolvidos aqui e por nós. Não será nenhum país, nenhuma solução de fora, muito menos dos Estados Unidos que resolverão nossos problemas. Nossos problemas só serão resolvidos quando houver entendimento de que a nossa luta é de libertação nacional.

Para o New York Times e para a CNN, Biden já ganhou essa parada. Para o vetusto jornal de Nova York, o que está em disputa é o Presidente (Trump) vs a Democracia, asseverando que foi um período sombrio e perigoso para a democracia. Até o fechamento desta matéria, ambos estimavam Biden com 253 e Trump com 214 delegados. A CNN diz que a Vitória de Biden será 49,6 contra 48,9 de Trump.

Gente, é o mesmo que um empate técnico. Ademais, Trump, de fato, assusta. A indefinição que se prolonga na lentidão da contagem dos votos deixa todo mundo nervoso e afeta o mercado.

Quantos serão os delegados? Como reagirá a Justiça. Se recorrer à Justiça passam por duas instâncias na justiça estadual e uma terceira instância federal. Pode ir direto para a federal, isto é, a corte suprema? pode. Aí seria mais rápido o resultado. Trump alega fraude diz que não aceita, e Biden diz o mesmo, que só aceita a vitória.

Finalizando, Biden diz que governará para todos, sejam trumpistas ou democratas.

Nossos problemas terão que ser resolvidos aqui e por nós. Não será nenhum país, muito menos os Estados Unidos que os resolverão problemas

Casa Branca
Não será nenhum país, nenhuma solução de fora, muito menos dos Estados Unidos que resolverão nossos problemas.

Tem mais. Lembram de Al Capone? O grande capo mafioso,  das primeiras décadas do século passado, matou, roubou, trambicou o quanto quis, impunemente. Foi preso por burlar o fisco. Se há uma coisa que eles levam a sério lá, é o dinheiro. Tem gente apostando que Trump assim que perca o mandato poderá ser preso, julgado e condenado por fraude fiscal, lavagem de dinheiro e outras trambicagens.

Essa é a situação deles.

Na Europa, é visível a preferência por Biden. A França, segundo as autoridades, continuará fiel, até que surja um governo que decida libertar o país das tropas estadunidense e do dólar.

A China sabe que não fará muita diferença a troca de partido na Casa Branca. Conhece a índole dos falcões. O que preocupa o PCC é a possibilidade de conflito. 

Por causa disso tem que se armar e promete que, em pouco tempo, terá, de novo, a maior marinha do mundo. Rússia e China juntos já formam um poder de dissuasão invencível. Agressões certamente causarão danos, mas haverá um único derrotado. Imagine? 

Os EUA perderam a guerra para o Vietnã, aquela pequena península. Um povo armado com a ideologia da libertação nacional é invencível e infringiu vergonhosa derrota à maior potência bélica.

Hoje essa potencia bélica serve só pra assustar ou domesticar os países periféricos..

A Síria aproveita o momento para exigir a retirada das tropas estadunidense e o apoio que o Pentágono dá a bandos terroristas que mantêm o país em interminável guerra civil.

Assim mesmo, nem tanto. Veja o caso do Irã, que resiste ao bloqueio e à guerra cibernética. Tem uma chance de aliviar a tensão. Foi de Barack Obama, do partido democrata,  o acordo nuclear com o Irã firmado pelos pelos países europeus seus aliados. Trump unilateralmente rompeu com o acordo. A pergunta que fazem todos os iranianos: Biden, que era vice de Obama, se eleito, voltará às boas respeitando o acordo?

Uma coisa é certa. A correlação de forças no mundo mudou. O mundo será outro no pós-pandemia. Disso ninguém duvida. As relações com o mundo precisam ser reinventadas. Os Estados Unidos terão de se reinventar ou irão para o lixo da história sem a menor glória. 

E a situação aqui entre nós?

Tem jornalista dizendo que generais do estado maior estão torcendo por Biden, com esperança de que o capitão que ocupa a presidência troque o radicalismo terraplanista por uma posição mais pragmática nas relações exteriores e questões climáticas. Insinua-se que o general Mourão, o vice, estaria nesse lado.

Sintomático. Querem dar uma de “João sem braço”…. foi ele não fomos nós….

Nesta quarta-feira (4), como anunciado, o Senado aprovou o projeto de lei que livra o Banco Central da tutela do Estado. Vai atuar para o outro Estado, o paralelo, aquele que realmente manda, a ditadura do capital financeiro. Agora o decreto foi para a Câmara Federal. Será que ainda haverá alguns parlamentares com sentido de pátria pra derrubar esse projeto?

A Câmara dos deputados é mais sensível à pressão popular. Há precedentes. Poderia haver uma grande pressão da sociedade para mudar isso, mas, parece que a sociedade não está preocupada com a pátria. Nada acontece.

Nós provamos, insistentemente, que por mais de dez motivos a eleição de 2018 deveria ser anulada. Vários partidos entraram com impugnação. Mas a Justiça brasileira estava mais preocupada em afastar e condenar o Lula do que fazer valer a Constituição e o Código Eleitoral.

Somente agora, segundo a Revista Fórum, o ministro Luís Felipe Salomão liberou uma dessas ações que corre no tribunal para julgamento. Trata-se da ação movida pelo PDT, já que a candidatura de Ciro Gomes foi prejudicada. A denúncia se referia ao envio de mensagens em massa pelo whatsapp, utilizando inteligência artificial e pagando por esse serviço, o que foi confirmado pela empresa.

Veja o dano que esse governo tem proporcionado ao país que poderia ter sido evitado com a simples anulação do pleito antes mesmo da posse, ou no primeiro ano. A história cobrará e é implacável. Ficaram na lista dos traidores da pátria, responsáveis pela falta de segurança jurídica, desmontagem da máquina pública, desfazer dos ativos nacionais e desnacionalizar a economia.

Já é tarde. Eles avançaram muito na destruição do país e estão prontos para implantar o caos. Mas nunca é tarde demais no tempo histórico. 

* Paulo Cannabrava Filho é jornalista, editor chefe da Diálogos do Sul e autor de vários livros, dentre os quais: “Resistência e Anistia“.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1967. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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