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TogglePelo menos 60 mil palestinos deslocaram-se em áreas do norte e do sul da Faixa de Gaza, seguindo ordens de despejo do exército de Israel e para tratar de fugir dos combates e bombardeios que continuam nesse território, como comprovaram agências humanitárias da Organização das Nações Unidas (ONU).
O Departamento de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha) indicou que as zonas evacuadas na semana passada abrangem aproximadamente 43 km² e incluem cerca de 230 locais para deslocados, mais de 30 instalações de água, saneamento e higiene e cinco centros de saúde em funcionamento, inclusive o Hospital Indonésio.
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Calcula-se que mais de 80% da Faixa de Gaza recebeu ordens de evacuação desde 7 de outubro do ano passado, quando estourou o atual conflito após a ofensiva do Hamas no sul israelense.
Milhares de palestinos mortos em 9 meses
Israel respondeu com uma ofensiva militar em grande escala que já dura nove meses e deixou mais de 39.670 mortos e 90.720 feridos, boa parte deles mulheres e crianças, segundo fontes palestinas.
Tens of thousands of people face new displacement in the #GazaStrip as the war intensifies and Israeli authorities issue more evacuation orders.
Between 22 and 27 July alone, over 200,000 people were displaced, says @UNOCHA. #Gaza needs a #CeasefireNow pic.twitter.com/MS00arT0S8
— UNRWA (@UNRWA) July 30, 2024
A população de Gaza, 2,3 milhões de pessoas em um território de 365 km², padece devido à destruição em toda a Faixa, por escassez de água potável, alimentos, serviços de eletricidade, comunicações e atenção sanitária.
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A maioria dos habitantes teve que ir para longe de suas casas para fugir de combates e bombardeios, muitos deles várias vezes, e buscaram refúgio em hospitais e escolas, ou tiveram que acampar em barracas precárias a céu aberto.
O Centro de Satélites da ONU estima que 63% de todas as estruturas da Faixa estão destruídas ou com danos de diferente nível devido aos bombardeios israelenses sobre o enclave palestino. O organismo identificou 46.223 estruturas destruídas, 18.478 gravemente danificadas, 55.954 moderadamente afetadas e 35.754 possivelmente estropeadas, para um total de 156.409, que compreendem 215.137 moradias.
Auxílios a Gaza limitados
O acesso de auxílios do exterior está seriamente limitado devido às medidas tomadas por Israel, às hostilidades ativas e aos altos níveis de insegurança, entre outros fatores indicados pelas agências da ONU.
Em meio a estes obstáculos, o volume de ajuda que se pode levar a Gaza a partir das passagens fronteiriças operativas reduziu-se a mais da metade desde o princípio de maio, quando foi fechada a passagem de Rafah, limítrofe com o Egito.
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Missões de assistência humanitária que requerem coordenação com as autoridades israelenses continuam sendo negadas e obstaculizadas. A Ocha informou que só 24 das 67 missões de ajuda previstas para o norte de Gaza foram autorizadas.
Por outro lado, o alto comissionado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, mostrou “estupor e horror” diante do comentário de um ministro israelense sobre matar de fome os habitantes de Gaza, e condenou “nos termos mais enérgicos estas palavras, que incitam ao ódio contra civis inocentes”.
Israel incita crimes
O ministro israelense de Finanças, Bezalel Smotrich, sugeriu que deixar morrer de fome dois milhões de palestinos em Gaza “poderia ser justificado e moral” para libertar os reféns que ainda estão em poder da milícia Hamas.
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“Esta declaração direta e pública corre o risco de incitar outros crimes atrozes. Tais declarações, especialmente por parte de funcionários públicos, devem cessar imediatamente, ser investigadas e, se se descobre que constituem delito, perseguidas e castigadas”, afirmou Jeremy Laurence, porta-voz do escritório de Türk.
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