Pesquisar
Pesquisar

Equador: sem vitória, Revolução Cidadã agora tem missão de frear neoliberalismo de Noboa

Luisa colocou a força do partido à disposição do novo presidente para aprovar as propostas de campanha dele que coincidem com o RC
Caio Teixeira
ComunicaSul
Quito

Tradução:

Contrariando a expectativa, o bilionário Daniel Noboa, candidato da direita, foi eleito presidente do Equador neste domingo (15) para um mandato tampão de um ano e meio. No início de 2025 haverá nova eleição presidencial. O trabalho do Revolução Cidadã (RC) até lá será cobrar de Noboa suas promessas de campanha que atendam os interesses do povo e impedir reformas neoliberais defendidas por ele.

Esse foi o tom do pronunciamento de Luisa González quando passava das 20 horas e a apuração apontava resultado irreversível. Daniel Noboa fez 52,11% dos votos e Luisa ficou com 47,89%, que totalizaram 5.032.527 votos a 4.625.349. Pouco mais de 407 mil votos de diferença.

Continua após o banner

Luisa venceu nas maiores províncias (Estados): Guayas, Manabí e Esmeraldas, mas perdeu na de Pichincha, que abriga Quito, a capital do país, reduto da direita há anos, onde Noboa tirou a maior parte da diferença, cerca de 357.862 votos a mais.

Em seu pronunciamento Luisa González admitiu a derrota e reafirmou o projeto do RC, que elegeu a maior bancada da Assembleia Nacional unicameral, com mais de 50 parlamentares podendo sozinho impedir reformas constitucionais, que exigem 2/3 dos votos totais, como no Brasil.

Acompanhada das principais lideranças do Revolução Cidadã, governadores e prefeitos, a agora ex-candidata colocou a força do partido à disposição do novo presidente para aprovar as propostas de campanha dele que coincidem com o RC, como garantir que 100% dos diplomados do ensino secundário tenham vaga garantida na universidade já para o próximo período letivo, assim como renda mínima de 450 dólares para os aposentados de imediato, mas “desde que isso não signifique privatizar os nossos recursos e a nossa saúde”. Nós fomos claros, afirmou Luisa: “a saúde e a educação devem ser públicas, de qualidade e gratuitas. O direito ao trabalho, o salário mínimo, a filiação ao Instituto Equatoriano de Seguridade Social (IESS), o respeito pelas terras ancestrais, tudo isso é fundamental para fazer avançar este país”.

Continua após a imagem

Luisa colocou a força do partido à disposição do novo presidente para aprovar as propostas de campanha dele que coincidem com o RC

Foto: Luisa González/Twitter
“É a primeira vez que uma mulher chega ao segundo turno e tem a oportunidade de ser presidente da República", lembrou Luisa

Luisa se comprometeu a trabalhar em unidade para “pacificar o Equador, controlar as prisões, a violência e a delinquência que tomam praças e ruas”. “Pode contar com o nosso apoio para construir essa Pátria digna, essa Pátria de oportunidades e que os nossos irmãos deixem de migrar”, salientou.

A líder oposicionista agradeceu a todas as mulheres que a acompanharam: “É a primeira vez que uma mulher chega ao segundo turno e tem a oportunidade de ser presidente da República. Em todos os lugares muitas meninas disseram: Quero ser presidente da República como tu”. Enfática, ela conclamou:  “nunca deixem que um ataque, uma calúnia ou uma difamação nos baixe a moral ou nos faça olhar para baixo, ou por sermos mães solteiras, ou por termos uma tatuagem. Não podemos nunca permitir que nos julguem”. A partir de agora, na sua avaliação, haverá muito mais companheiras “assumindo a liderança neste país, lutando pela justiça, para pôr fim a tantos feminicídios e a tanta violência contra as mulheres”.

Continua após o banner

Antes de encerrar, Luisa fez questão de lembrar que Rafael Correa “o líder da Revolução Cidadã, ficará na história como o melhor presidente que já tivemos”. Ele comandou o país de 2007 a 2017.

ComunicaSul encerra caminhada

Após mais de dois meses em que procuramos trazer ao conjunto dos nossos leitores informações sobre o Equador sem a  contaminação da mídia patrocinada por banqueiros e transnacionais, toda ela alinhada à oligarquia, a Agência ComunicaSul encerra a cobertura eleitoral no país, já com a responsabilidade de acompanhar o pleito na Argentina.

Por aqui, temos a convicção de que se o campo progressista tivesse unificado em torno da candidatura oposicionista, o resultado seria outro. A poderosa Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) não se posicionou a favor de nenhuma das candidaturas no segundo turno, repetindo a postura adotada em 2021, que resultou na eleição do banqueiro Guillermo Lasso.

Os equatorianos terão um ano e meio para refletir sobre o ódio injetado pela desinformação e consolidar sua união na mobilização contra as mazelas do neoliberalismo, bem como construir instrumentos de comunicação mais ágeis e potentes, que consigam dar respostas políticas e ideológicas à máquina de guerra das novas tecnologias da informação.

Caio Teixeira e Leonardo Wexell Severo | ComunicaSul


CONTRIBUA VIA PIX 10.511.324/0001-48

A Agência ComunicaSul está cobrindo as eleições presidenciais e à Assembleia Nacional do Equador graças ao apoio das seguintes entidades: jornal Hora do Povo, Diálogos do Sul, Barão de Itararé, Portal Vermelho, Correio da Cidadania, Agência Saiba Mais, Agência Sindical, Federação dos Trabalhadores em Instituições Financeiras do RS (Fetrafi-RS); Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe-RS); Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos; Federação dos Comerciários de Santa Catarina; Confederação Equatoriana de Organizações Sindicais Livres (CEOSL); Sindicato dos Comerciários do Espírito Santo; Sindicato dos Hoteleiros do Amazonas; Sindicato dos Trabalhadores das Áreas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisa, e de Fundações Públicas do Rio Grande do Sul (Semapi-RS); Federação dos Empregados e Empregadas no Comércio e Serviços do Estado do Ceará (Fetrace); Federação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT Rio Grande do Sul (Fetracs-RS); Intersindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT-PR); Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (AASPTJ-SP), Federação dos/as Trabalhadores/as em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-PR), Sindicato dos Trabalhadores em Água, Resíduos e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema-SP); Sindicato dos Trabalhadores em Água, Resíduos e Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina  (Sintaema-SC), Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no Estado do Paraná (Sintrapav-PR), Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp Sudeste-Centro), Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo, Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal de Santa Catarina (Sintrajusc-SC); Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina (Sinjusc-SC), Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal em Pernambuco (Sintrajuf-PE), mandato popular do vereador Werner Rempel (Santa Maria-RS) e dezenas de contribuições individuais.

É permitida a reprodução do artigo desde que citada a fonte e os apoiadores.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Caio Teixeira

LEIA tAMBÉM

Genocídio e genocidas um tema do presente, passado e futuro
Genocídio e genocidas: um tema do presente, passado e futuro
Dina Boluarte - desqualificada para governar, expert em obstruir a justiça
Dina Boluarte: desqualificada para governar, expert em obstruir a justiça
Chile processa general que “facilitou” crimes de policiais durante protestos de 2019
Chile processa general que “facilitou” crimes de policiais durante protestos de 2019
Espanha deve pedir perdão ao México e abandonar desmemoria, afirma historiador
“Espanha deve pedir perdão ao México e abandonar desmemória”, afirma historiador