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Foto: René Lescornez / Câmara de Deputadas e Deputados do Chile

Execução de policiais no Chile fortalece comandante investigado por abusos e repressão em 2019

Ricardo Yáñez tinha renúncia como certa, mas ministra do Interior argumenta que não é momento para "mudança no comando dos Carabineiros"
Aldo Anfossi
La Jornada
Santiago del Chile

Tradução:

Beatriz Cannabrava

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O assassinato de três policiais em 27 de abril no Chile, cuja patrulha foi emboscada, alvejada e incendiada com os agentes dentro, poderia antecipar um agravamento da violência com que operam grupos organizados e/ou criminosos em áreas rurais do país, disse o subsecretário do Interior, Manuel Monsalve.

O funcionário, responsável pelos assuntos de segurança pública, afirmou que o crime dos carabineiros em uma estrada rural no município de Cañete, na região de Bio-Bío, “é um fato cujo modus operandi não corresponde ao que conhecemos nos últimos anos e a investigação terá que determinar com o que estamos lidando”.

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Monsalve também se referia às ações de sabotagem incendiária principalmente contra a indústria agrícola e florestal que há mais de 20 anos são realizadas por meia dúzia de organizações insurgentes indígenas na “macrozona” sul – que inclui, além de Bio-Bío, as regiões de Araucanía e Los Rios, cerca de 74 mil quilômetros quadrados -, para expulsar os conglomerados madeireiros, recuperar seus territórios históricos e obter autonomia.

Fato inédito

Estes grupos clandestinos, que reivindicam a luta armada, nunca cometeram um ataque com as características do ocorrido em 27/04, onde as vítimas foram despojadas das armas e munições antes de serem queimadas dentro do veículo policial. Até agora, ninguém reivindicou o ataque, algo que as organizações subversivas mapuche costumam fazer quando operam, deixando pichações e/ou faixas.

“Pode ser que estejamos diante de um fato específico, pontual; ou também podemos estar diante de uma mudança no cenário e na estratégia de atos de violência rural. Isso é algo que deve ser esclarecido no âmbito da investigação”, acrescentou Monsalve, embora tenha ressaltado que grupos do crime organizado, como os venezuelanos “Tren de Aragua” e “Los Gallegos“, não estariam operando lá.

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“Nós tipificamos os crimes de violência na Macrozona Sul como violência de crime organizado, mas fizemos isso vinculado a crimes relacionados a armas, roubo de veículos, até mesmo com drogas. Mas até agora não identificamos o vínculo (com grupos internacionais)”, explicou.

Efeito imediato

O triplo homicídio teve o efeito imediato de fortalecer o diretor-geral Ricardo Yáñez, que está sendo investigado judicialmente por sua suposta responsabilidade de comando em centenas de crimes omissivos de abusos ilegais, cometidos por Carabineros durante a repressão do surto social de 2019, que deixou dezenas de mortos e milhares de feridos. Yáñez será formalmente acusado pela promotoria em 7 de maio e sua renúncia iminente era dada como certa.

No entanto, a ministra do Interior, Carolina Tohá, descartou em 28/04 que isso vá acontecer, e o uniformizado continuará no comando mesmo depois de ser notificado pelos promotores. “Neste momento, não pode haver mudança no comando dos Carabineiros, seria (outro) golpe a uma instituição muito abalada”, disse ela.

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Ainda na tarde de 28/04, foi relatado que três pessoas haviam sido “retidas” pela polícia na área do ataque para “um controle de identidade investigativo”, porque “há elementos que poderiam eventualmente fazer presumir que poderiam ter relação com os fatos”, disse Monsalve.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Aldo Anfossi

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