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Fernando Holliday colombiano, Miguel Polo Polo quer “tirar discurso de raça da esquerda”

“Me entristece que Polo Polo tenha tirado a cadeira afrodescendente de pessoas que representam de verdade a luta negra na Colômbia”, diz internauta
Vanessa Martina-Silva
Diálogos do Sul Global
Jundiaí (SP)

Tradução:

Eleito representante no Congresso das comunidades afrodescendentes na votação deste domingo (13) na Colômbia, Marco Polo Polo chegou a ser tratado como piada nas redes sociais, porém conseguiu provar, nas urnas, a força do conservadorismo na comunidade negra colombiana.

Influencer, de direita e gay, Polo Polo usou as redes sociais para destacar suas posições “politicamente incorretas” durante a campanha eleitoral. Assim como aconteceu com Jair Bolsonaro, as atitudes polêmicas do jovem o fizeram ganhar espaço na mídia e se tornar mais conhecido. 

“Parabéns a todos os tuiteiros, a Alejandro Riaño, a Don Izquierdo, a Físico Impuro e a todos eles. Deram um lugar a Polo Polo, deram a ele uma plataforma, fizeram seu nome ressonar, pensaram que estavam zombando dele e agora nossos impostos estão pagando seu salário”, escreveu @ShellWinger.

Em entrevista ao site Kienyke, Polo Polo disse que seu papel como congressista será se opôr a seus colegas que representam “crimes de lesa humanidade”, em nítida referência aos partidários da esquerda e que apoiam a reintegração de ex-guerrilheiros das ex-FARC à vida política no país.

Polo Polo, inclusive, é contra o processo de paz assinado entre o governo colombiano e a ex-guerrilha, em 2016, e que culminou em uma série de acordos que estão sendo descumpridos pelo governo de Iván Duque.

Lembrando que desde que o acordo foi assinado, 306 ex-guerrilheiros foram assassinados no país, segundo dados do Instituto para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz). Somente em 2022, sete ex-farianos morreram.

“Me entristece que Polo Polo tenha tirado a cadeira afrodescendente de pessoas que representam de verdade a luta negra na Colômbia. É desastroso”, escreveu @aguitaelulo.

Sobre o candidato presidencial de esquerda Gustavo Petro, favorito nas eleições que serão realizadas em maio, Polo Polo destaca abertamente sua oposição:

“Hoje o setor financeiro é o que manda aqui na Colômbia. Temos que quebrar este oligopólio financeiro, mas não da maneira como diz Gustavo Petro, que está certo quando dá seu diagnóstico. Mas o que diz Gustavo Petro? Que temos que criar um grande banco público que forneça crédito barato às custas da impressão de cédulas, o que gera inflação e destrói a economia”.

“Me entristece que Polo Polo tenha tirado a cadeira afrodescendente de pessoas que representam de verdade a luta negra na Colômbia”, diz internauta

Montagem Diálogos do Sul
Entre suas propostas de Polo Polo estão privatizar a educação, impedir “censura nas redes sociais” e mais “liberdade de mercado”

Assim como seu correlato brasileiro, Fernando Holliday, que é contra políticas afirmativas para negros, Polo Polo destaca que para ele é importante “tirar este discurso de raça da esquerda, porque a esquerda quer manipular as pessoas para que elas acreditem que todas as minorias são obrigadas a apoiá-las, o que não é o caso (…) Não estou nada interessado em me reconciliar com a esquerda, porque meus princípios, minhas ideias e minhas filosofias sempre chocarão com eles”.

Entre suas propostas estão: privatizar a educação; impedir projetos que “censurem as redes sociais”, lutar pelos interesses da raça negra (diz, genericamente); defender um país onde o protesto não seja violento e uma Colômbia com mais “liberdade de mercado”.

De acordo com a Constituição colombiana, duas vagas na Câmara dos Deputados devem ser destinadas a representantes de comunidades negras. A outra cadeira foi preenchida por Ana Rogelia Monsalve.

*Com informações do site Kienyke


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Vanessa Martina-Silva Trabalha há mais de dez anos com produção diária de conteúdo, sendo sete para portais na internet e um em comunicação corporativa, além de frilas para revistas. Vem construindo carreira em veículos independentes, por acreditar na função social do jornalismo e no seu papel transformador, em contraposição à notícia-mercadoria. Fez coberturas internacionais, incluindo: Primárias na Argentina (2011), pós-golpe no Paraguai (2012), Eleições na Venezuela (com Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013)); implementação da Lei de Meios na Argentina (2012); eleições argentinas no primeiro e segundo turnos (2015).

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