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ONU alerta para aumento da fome devido ao conflito na Ucrânia e pede ajuda para o Iêmen

Maior crise mundial humanitária ameaça 17 milhões de ienemitas; situação mundial deve se agravar com menor produção de alimentos em Rússia e Ucrânia
Guilherme Ribeiro
Diálogos do Sul
Bauru (SP)

Tradução:

Entre oito e 13 milhões de pessoas em todo o mundo podem chegar à desnutrição ainda em 2022 e 2023 devido ao conflito no Leste Europeu, entre Rússia e a Ucrânia. As regiões mais atingidas, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) devem ser Ásia-Pacífico, África Subsaariana e Oriente Médio, além do Leste e Norte da África e as economias emergentes.

Tanto a Rússia quanto a Ucrânia são países importantes e estratégicos na produção e distribuição de commodities agrícolas e matérias-primas para todo o mundo. O trigo, por exemplo, é elemento básico para mais de 35% da população mundial e, entre 2016/17 e 2020/21, 14% da produção global veio dos dois países. Provém deles ainda 19% da cevada e 4% do milho gerado globalmente.

Os fertilizantes são outro item de impacto crucial no valor dos alimentos. A diminuição da oferta — o governo russo recomendou, no início do mês, que produtores suspendam as exportações — vai fazer subir o valor do insumo. Em um primeiro momento, isso influenciará os custos da produção dos alimentos, resultando posteriormente em alta no valor final aos consumidores. Outra possibilidade é que, com menor uso de fertilizantes, diminuam os rendimentos no cultivo de 2022/23, com também consequente aumento nos preços finais.

Interrupções na cadeia de comércio de elementos como metais, minerais — incluindo os utilizados na fabricação de semicondutores — gás e petróleo também devem induzir à insegurança alimentar,de acordo com o estudo A Importância da Ucrânia e da Federação Russa para os Mercados Agrícolas Mundiais e os Riscos Associados ao Conflito Atual, da FAO.

Capitalismo é espinha dorsal do conflito na Ucrânia, estratégica para mercado energético

O documento aponta que a combinação de fatores “vai minar ainda mais o poder de compra das populações”, algo que já vem acontecendo nos últimos anos devido à pandemia da covid-19 e, mais recentemente, no último mês de fevereiro, por conta de custos de entrada e transporte, alta demanda e interrupções nos portos. Ainda, segundo a agência especializada da ONU, “a intensidade e a duração do conflito armado permanecem incertas”.

Maior crise mundial humanitária ameaça 17 milhões de ienemitas; situação mundial deve se agravar com menor produção de alimentos em Rússia e Ucrânia

EU Civil Protection and Humanitarian Aid – Flickr
De acordo com a Organização das Nações Unidas, o Iêmen passa pela maior crise humanitária do mundo

Crise humanitária no Iêmen

Na última terça-feira (15), a Organização das Nações Unidas se manifestou também sobre a grave crise humanitária que atinge o Iêmen, levando a população a profunda fome e vulnerabilidade. O enviado especial da ONU para o país, Hans Grundberg, e o chefe humanitário das Nações Unidas, Martin Griffiths, declararam aos 15 Estados-membros que 23,4 milhões de pessoas precisam de assistência no país, três em cada quatro habitantes.

Guerra invisível: dois terços das famílias deslocadas no Iêmen não têm renda, diz Unicef

Os conflitos têm se intensificado no Iêmen, com bombardeios em áreas civis e a perda de milhares de vidas. Segundo Hans Grundberg, estima-se que ao menos 10 mil crianças morreram ou ficaram feridas nos últimos anos. Somam-se as restrições de liberdade — sobretudo contra mulheres — e as 4,3 milhões de pessoas que se deslocaram para fugir do conflito desde 2015.

Os representantes da ONU afirmaram ainda que a situação pode se agravar devido ao declínio da economia iemenita, queda de abastecimento de fontes de energia e piora no acesso aos serviços básicos. 

A organização pediu para que o mundo não abandone o Iêmen e mantenha doações para ajudar cerca de 17 milhões de cidadãos ameaçados pela maior crise humanitária do mundo. Ainda de acordo com Grundberg e Griffiths, há em curso tentativas de negociações e diálogos com líderes para buscar um fim aos confrontos.

*Com informações de La Jornada e Organização das Nações Unidas.

Guilherme Ribeiro é redator na Revista Diálogos do Sul.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Guilherme Ribeiro Jornalista graduado pela Unesp, estudante de Banco de Dados pela Fatec e colaborador na Revista Diálogos do Sul.

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