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Algo além da hegemonia dos EUA está em jogo na Guerra na Ucrânia: a ideia de democracia

Para o economista Michael Hudson, Washington representa o império global hostil às sociedades que não se abrem para que sejam saqueadas
Alfredo Jalife-Rahme
La Jornada
Cidade do México

Tradução:

Enquanto lia o livro seminal O Destino da Civilização: Capitalismo Financeiro, Capitalismo Industrial ou Socialismo, o investigador econômico da Universidade do Missouri e associado do Instituto Levy, Michael Hudson, epitomiza um dos mais lúcidos economistas  – na minha opinião, com o francês Thomas Piketty – com uma abordagem geopolítica no Ocidente, que deixou muito para trás os vencedores artificiais do Prêmio Nobel norte-americano Paul Krugman e Joseph Stiglitz, ligados aos interesses financeiros de Wall Street e dos Clintons.

A partir do fractal da sua lucidez atípica, no meio do desastre ocidental, Michael Hudson toma o tempo sereno para meditar sobre o inelutável epílogo do Ocidente (seja lá o que isso significa). Ele não está sozinho: o notável judeu gaulês progressista Thierry Meyssan também aborda impecavelmente “A Agonia do Ocidente”.

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Nos antípodas da respeitável cosmogonia judaica, o czar neoliberal globalista, o mega-especulador com a máscara de um filantropo, George Soros, no Fórum de Davos, proclamou o perigo de extinção da civilização ocidental face à Rússia e à China (bit.ly/3O2dQ0V). Depois advertiu no portal Die Welt que num futuro próximo a UE poderia tornar-se um “regime repressivo”. Como se já não fosse!

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Para o economista Michael Hudson, Washington representa o império global hostil às sociedades que não se abrem para que sejam saqueadas

Capa do livro “Desintegração: indicadores do próximo colapso do império americano” (Reprodução)
Michael Hudson recomenda restaurar um Estado forte que possua os bens e serviços públicos e que não os entregue aos interesses privados




Dívida dos impérios

MH aborda o impublicável tema da dívida desde os impérios grego e romano, passando pelas aristocracias medievais, até a hegemonia da dupla Wall Street/ City (Londres), que fraturou as sociedades entre uma classe rentista e as plebes endividadas. 

Comenta que seu país, EUA, representam o império global que ameaçam, pela via hostil, a todas as sociedades que não se abrem aos seus mercados financeiros para serem saqueadas pelos oligarcas estadunidenses.

Bem: até na Suíça se preocupam pelo atraco das reservas da Rússia por mais de 350 bilhões de dólares, como parte das sanções catastróficas de Biden.

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Na opinião de Hudson, tal cleptocracia financista global constitui o núcleo do conflito conforme a China, a Rússia, o Irã e a Venezuela, que se desenvolveram a partir de diferentes tradições. Essas nações se recusam sucumbir às demandas dos EUA, os quais “costumam resolver tais ‘problemas’ pela força, mas que, agora, sejam provavelmente demasiado débeis para consegui-lo”. Os “EUA, com sua nova guerra fria, tem o objetivo de assegurar justamente tal tributo econômico de outros países”. O conflito seguinte pode durar talvez 20 anos e determinará que gênero de sistema econômico e político terá o mundo. 

Para Hudson, está em jogo mais que a hegemonia dos EUA e seu controle dolarizado das finanças internacionais e da criação de dinheiro já que, do ponto de vista político, o tema nodal é a ideia de democracia que se tornou um eufemismo para uma oligarquia financeira agressiva que busca impor-se globalmente mediante seu controle econômico e político respaldado pela força militar. Nada mais que agora, no meu entender, a economia da China é mais poderosa e o poder militar da Rússia ultrapassou os EUA com seus miríficos mísseis hipersónicos nucleares.

Ao declarar fim da era unipolar, Tony Blair admite os erros do Ocidente

Michael Hudson aconselha que é mais necessário que nunca acabar com a classe rentista – no meu entender, disfarçados de filantropos que hoje com seu 0,2% controlam a Ucrânia, com o oligarca gangster Ihor Kolomoisky, imerso com o comediante Zelensky nos Pandora Papers.

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Finalmente, Michael Hudson recomenda restaurar um Estado forte que possua os bens e serviços públicos e que não os entregue aos interesses privados.

Vaticina que o mal-estar iminente pode ajudar a consegui-lo. 

Alfredo Jalife-Rahme | Especial La Jornada
Tradução de Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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