Depois de várias tentativas falidas e meses de aproximações, o governo colombiano e as dissidências das Farc, conhecidas como Estado Maior Central (EMC), instalaram nesta segunda-feira (16) uma mesa formal de diálogos de paz na cidade de Tibú, no norte-oriente do país.
O começo das esperadas conversações esteve acompanhado da publicação, por parte do Ministério da Defesa, de um decreto de cessar-fogo bilateral, que começou à 00h00 de 17 de outubro e se estenderá até as 23h59 do 15 de janeiro do próximo ano, com possibilidades de prorrogações sucessivas se tudo andar bem.
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Buscando que isto suceda, as partes criaram um comitê técnico que, com o apoio de delegados das forças militares e de polícia, elaborarão um protocolo para determinar as áreas onde poderão e não poderão estar as forças guerrilheiras.
Sobre este ponto, o EMC se opõe à proposta governamental de que a guerrilha não esteja presente em áreas consideradas como de “segurança nacional”, entre elas as zonas de fronteira, onde é mais forte a insurgência.
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Ao instalar oficialmente os diálogos, o Comissionado de Paz, Danilo Rueda, disse que o governo e sua delegação de paz, composta por uma diversa gama de forças políticas, sociais e econômicas, “assumimos o compromisso de levar essas negociações adiante”.
Andrey Avendaño, comandante da Frente 33 do EMC e chefe da delegação rebelde, agradeceu às comunidades campesinas e indígenas que apoiaram o esforço de iniciar conversações e disse que “chegamos a esta mesa com a alegria que nos outorga o impulso de uma grande torrente popular que sonha com a paz definitiva para nosso país”.
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Foto: Misión de Apoyo al Proceso de Paz en Colombia
Com a instalação desta mesa, somam dois os processos de paz abertos pelo governo do presidente Petro
Diante de delegações internacionais e porta-vozes das Nações Unidas e da OEA que acompanharam este processo, Camilo González Posso, chefe da delegação do governo, explicou que a metodologia escolhida para avançar exclui a exigência de esperar que tudo esteja acordado: “Chega-se à paz final construindo a paz no caminho”, disse González Posso.
Com a instalação desta mesa, somam dois os processos de paz abertos pelo governo do presidente Petro, que cumpre um ano de diálogos com o Exército de Liberação Nacional (ELN), a mais numerosa e antiga guerrilha que operava no país.
Em 2016, o governo de Juan Manuel Santos e as Farc assinaram um acordo de paz cuja deficiente implementação deu origem ao surgimento de grupos dissidentes que, como o EMC, tentam agora pôr fim a um conflito armado de mais de 60 anos.
Segundo estimativas das forças militares, o EMC tem cerca de 3.500 combatentes e opera em 17 dos 32 departamentos do país.
Jorge Enrique Botero | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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