O Sindicato dos Jornalistas Palestinos registrou o ataque do exército de ocupação israelense às casas de jornalistas palestinos na Faixa de Gaza, bombardeadas com o objetivo de matar e destruir. No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que passou há alguns dias e é uma data esperançosa mundialmente para sinalizar uma expansão das liberdades de imprensa, no entanto, na realidade da ocupação israelense, tornou-se um dia muito triste na Palestina, devido aos crimes e genocídio perpetrados pelo exército de ocupação israelense contra o povo palestino em geral e contra os profissionais de imprensa em particular.
Nem os escudos nem os edifícios das instituições e das casas foram capazes de proteger os jornalistas.
De acordo com nossa observação, documentação e acompanhamento no Comitê de Liberdades Jornalísticas do Sindicato dos Jornalistas Palestinos, até o momento, em 02/05/2024, 135 trabalhadores da mídia palestina foram martirizados na Palestina, 134 em Gaza e um colega na Cisjordânia.
Por que as casas?
O exército de ocupação israelense visou 77 casas de jornalistas na Faixa de Gaza com mísseis de aviões e bombas de artilharia em uma perseguição mortal para interromper e silenciar a verdade.
Leia também | Rafeef Ziadah, poeta palestina: é evidente o papel da Europa na destruição do povo palestino
Todos deixaram os escritórios e instituições jornalísticas em edifícios na Faixa de Gaza, dos quais cerca de 86 foram destruídos por mísseis, e não há mais segurança ou logística para trabalhar após o bombardeio, e até mesmo os vizinhos dos escritórios de imprensa fugiram.
Muitos colegas morreram em seus locais de trabalho.
Vítimas: Hisham al-Nawajeh, Saeed Radwan al-Taweel e Mohammed Sabah Abu Rizq.
No campo e durante o trabalho e cobertura, dezenas de colegas foram mortos pelos tiros do exército de ocupação.
Vítimas: Mohammed al-Reefi, Asem al-Barsh, Yasser Mamdouh, Akram al-Shafei, Mohammed al-Salehi, Ibrahim Lafi, Mohammed Jaroun.
E aqueles que não foram mortos por mísseis convencionais foram assassinados por aeronaves tecnológicas conhecidas como “drones”, onde esses drones, carregados de materiais altamente explosivos, visaram muitos jornalistas, matando alguns e ferindo outros gravemente.
Vítimas: Mustafa al-Tharia, Hamza al-Dahduh, Ahmad al-Barsh, Amer Abu Omar, Abdullah al-Hajj, Ahmed Matar, Samer Abu Daka.
E o que mencionamos foi uma das principais razões que levaram os jornalistas a trabalharem em casa, pois não há mais segurança, nem nos escritórios de imprensa, nem em campo, nem mesmo nas proximidades dos hospitais.
Trinta e três membros de famílias de jornalistas pagaram o preço pelo trabalho de seus filhos nesta profissão e foram mortas por mísseis dentro de suas casas.
The devastation continues in this endless tragedy
More images of destruction, this time Deir Al-Balah, as this senseless war continues to take & shatter lives in #Gaza
Incomprehensible & entirely avoidable. Nothing can justify the collective punishment of the Palestinian people pic.twitter.com/6CKsQZG0G4
— UNRWA (@UNRWA) April 15, 2024
Vítimas: O mais recente foi há alguns dias, Mohammed Bassem al-Jamal, com mais quatro membros de sua família; Muayyin Ayash, com 20 membros de sua família; Mustafa al-Sawaf, com 30 membros de sua família; Mohammed Abu Hattab, com 11 membros de sua família; Adel Zaraab, com 16 membros de sua família; a família Salam Meemeh, Abdullah Breesheh, Ayad Nasrallah, Abdullah Darwish e Duaa Sharaf.
E um dos exemplos mais chocantes e dolorosos desses crimes foi o assassinato da jornalista Heba al-Abbadleh em sua casa em Khan Younis, com um grande número de membros de sua família, sendo infrutíferos todos os esforços em retirar seus corpos dos destroços desde 10/12 do ano passado.
Leia também | Islâmico, muçulmano, árabe, palestino: entenda a diferença e a relação entre esses termos
Dezenas de jornalistas vivem com um sentimento aterrorizante enquanto veem suas famílias sendo mortas sem motivo, além do fato de eles estarem trabalhando na profissão jornalística, pois a ocupação visou suas casas e matou suas famílias enquanto estavam fora de casa.
Vítimas: Assassinato da família do jornalista Hamza al-Muqaid, Duaa al-Baz, Abdel Qader Sabah, Anas al-Sharif, Mahmoud al-Louh, Wael al-Dahdouh e Mu’ath al-Azza.
E muitos jornalistas tiveram suas famílias gravemente feridas, alguns foram mutilados, como a família do jornalista Mohammed Hamouda, cuja casa foi bombardeada, e sua esposa perdeu um olho e seu filho teve a perna amputada.
* * *
Nota do Tradutor:
No dia 1º de maio de 2024, investigações preliminares realizadas pelo Committee to Protect Journalists (CPJ) revelaram que pelo menos 97 jornalistas e profissionais da mídia estavam entre as mais de 35 mil mortos desde o início da guerra, em 7 de outubro. O banco de dados não inclui todas as vítimas até que sejam concluídas investigações adicionais sobre as circunstâncias que as cercam. O banco de dados do CPJ continuará a ser atualizado à medida que investigações adicionais forem concluídas para esclarecer as circunstâncias dessas mortes. Vale ressaltar que o CPJ contabiliza apenas os jornalistas mortos enquanto estavam em serviço em campo. No entanto, o Sindicato dos Jornalistas também registra os jornalistas palestinos mortos em suas residências, já que muitos foram alvo de ataques diretos que resultaram na destruição de redações, escritórios e equipamentos de mídia, levando-os a trabalhar de casa. É importante mencionar que as restrições impostas por Israel dificultam a presença de investigadores internacionais independentes, o que pode explicar a discrepância entre os números divulgados, que variam de 100 a 150 jornalistas mortos.