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Foto: UNRWA / X

Israel bombardeou 77 casas de jornalistas palestinos; algumas famílias seguem sob escombros

Levantamento é do Sindicato dos Jornalistas Palestinos, que denuncia perseguição mortal a profissionais de imprensa para silenciar a verdade
Associação de Jornalistas Palestinos
Diálogos do Sul Global
Ramallah

Tradução:

Alexandre Rocha

O Sindicato dos Jornalistas Palestinos registrou o ataque do exército de ocupação israelense às casas de jornalistas palestinos na Faixa de Gaza, bombardeadas com o objetivo de matar e destruir. No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que passou há alguns dias e é uma data esperançosa mundialmente para sinalizar uma expansão das liberdades de imprensa, no entanto, na realidade da ocupação israelense, tornou-se um dia muito triste na Palestina, devido aos crimes e genocídio perpetrados pelo exército de ocupação israelense contra o povo palestino em geral e contra os profissionais de imprensa em particular.

Nem os escudos nem os edifícios das instituições e das casas foram capazes de proteger os jornalistas.

De acordo com nossa observação, documentação e acompanhamento no Comitê de Liberdades Jornalísticas do Sindicato dos Jornalistas Palestinos, até o momento, em 02/05/2024, 135 trabalhadores da mídia palestina foram martirizados na Palestina, 134 em Gaza e um colega na Cisjordânia.

Por que as casas?

O exército de ocupação israelense visou 77 casas de jornalistas na Faixa de Gaza com mísseis de aviões e bombas de artilharia em uma perseguição mortal para interromper e silenciar a verdade.

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Todos deixaram os escritórios e instituições jornalísticas em edifícios na Faixa de Gaza, dos quais cerca de 86 foram destruídos por mísseis, e não há mais segurança ou logística para trabalhar após o bombardeio, e até mesmo os vizinhos dos escritórios de imprensa fugiram.

Muitos colegas morreram em seus locais de trabalho.

Vítimas: Hisham al-Nawajeh, Saeed Radwan al-Taweel e Mohammed Sabah Abu Rizq.

No campo e durante o trabalho e cobertura, dezenas de colegas foram mortos pelos tiros do exército de ocupação.

Vítimas: Mohammed al-Reefi, Asem al-Barsh, Yasser Mamdouh, Akram al-Shafei, Mohammed al-Salehi, Ibrahim Lafi, Mohammed Jaroun.

E aqueles que não foram mortos por mísseis convencionais foram assassinados por aeronaves tecnológicas conhecidas como “drones”, onde esses drones, carregados de materiais altamente explosivos, visaram muitos jornalistas, matando alguns e ferindo outros gravemente.

Vítimas: Mustafa al-Tharia, Hamza al-Dahduh, Ahmad al-Barsh, Amer Abu Omar, Abdullah al-Hajj, Ahmed Matar, Samer Abu Daka.

E o que mencionamos foi uma das principais razões que levaram os jornalistas a trabalharem em casa, pois não há mais segurança, nem nos escritórios de imprensa, nem em campo, nem mesmo nas proximidades dos hospitais.

Trinta e três membros de famílias de jornalistas pagaram o preço pelo trabalho de seus filhos nesta profissão e foram mortas por mísseis dentro de suas casas.

Vítimas: O mais recente foi há alguns dias, Mohammed Bassem al-Jamal, com mais quatro membros de sua família; Muayyin Ayash, com 20 membros de sua família; Mustafa al-Sawaf, com 30 membros de sua família; Mohammed Abu Hattab, com 11 membros de sua família; Adel Zaraab, com 16 membros de sua família; a família Salam Meemeh, Abdullah Breesheh, Ayad Nasrallah, Abdullah Darwish e Duaa Sharaf.

E um dos exemplos mais chocantes e dolorosos desses crimes foi o assassinato da jornalista Heba al-Abbadleh em sua casa em Khan Younis, com um grande número de membros de sua família, sendo infrutíferos todos os esforços em retirar seus corpos dos destroços desde 10/12 do ano passado.

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Dezenas de jornalistas vivem com um sentimento aterrorizante enquanto veem suas famílias sendo mortas sem motivo, além do fato de eles estarem trabalhando na profissão jornalística, pois a ocupação visou suas casas e matou suas famílias enquanto estavam fora de casa.

Vítimas: Assassinato da família do jornalista Hamza al-Muqaid, Duaa al-Baz, Abdel Qader Sabah, Anas al-Sharif, Mahmoud al-Louh, Wael al-Dahdouh e Mu’ath al-Azza.

E muitos jornalistas tiveram suas famílias gravemente feridas, alguns foram mutilados, como a família do jornalista Mohammed Hamouda, cuja casa foi bombardeada, e sua esposa perdeu um olho e seu filho teve a perna amputada.

*   *   *

Nota do Tradutor:

No dia 1º de maio de 2024, investigações preliminares realizadas pelo Committee to Protect Journalists (CPJ) revelaram que pelo menos 97 jornalistas e profissionais da mídia estavam entre as mais de 35 mil mortos desde o início da guerra, em 7 de outubro. O banco de dados não inclui todas as vítimas até que sejam concluídas investigações adicionais sobre as circunstâncias que as cercam. O banco de dados do CPJ continuará a ser atualizado à medida que investigações adicionais forem concluídas para esclarecer as circunstâncias dessas mortes. Vale ressaltar que o CPJ contabiliza apenas os jornalistas mortos enquanto estavam em serviço em campo. No entanto, o Sindicato dos Jornalistas também registra os jornalistas palestinos mortos em suas residências, já que muitos foram alvo de ataques diretos que resultaram na destruição de redações, escritórios e equipamentos de mídia, levando-os a trabalhar de casa. É importante mencionar que as restrições impostas por Israel dificultam a presença de investigadores internacionais independentes, o que pode explicar a discrepância entre os números divulgados, que variam de 100 a 150 jornalistas mortos.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Associação de Jornalistas Palestinos

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